A pesquisa de mercado tem passado por uma mudança impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) e pelo uso de dados sintéticos. A adoção dessas tecnologias está remodelando a forma como as empresas obtêm insights e tomam decisões estratégicas. O Relatório de Tendências de Pesquisa de Mercado 2025, da Qualtrics, mostra que estamos na “Era da Inteligência”. Nesse cenário, a capacidade de prever tendências, otimizar experiências do usuário e aumentar a eficiência se torna um diferencial competitivo essencial.
A IA deixou de ser uma promessa para se tornar um membro fixo das equipes de pesquisa. Segundo o relatório, 83% dos pesquisadores indicaram que suas organizações planejam aumentar substancialmente o investimento em IA em 2025. Esse aumento tem o objetivo de aumentar também o suporte aos esforços de pesquisa. Essa tecnologia tem desempenhado um papel crucial na automatização de tarefas como análise de dados, resumo de informações e criação de relatórios.
As inovações impulsionadas pela IA estão ajudando os pesquisadores a preencher a lacuna entre métodos tradicionais e modernos, fornecendo insights mais rápidos e profundos. No entanto, ainda há desafios a serem superados. Quase metade dos pesquisadores (49%) considera que a identificação de respostas geradas por IA é um dos principais problemas de qualidade na coleta de dados.
Além disso, ainda segundo o estudo, a IA transformou a forma de fazer pesquisa. Os dados mostram que uma quantidade esmagadora de pesquisadores (89%) já usam ferramentas de IA regularmente ou em fases experimentais. Outro ponto exposto é que 69% dos ouvidos pelo estudo concordam que a Inteligência Artificial reduzirá a necessidade da maioria das análises de dados humanos dentro de três anos. Outros 72% acreditam que essa ferramenta irá prever tendências de mercado com mais precisão do que analistas humanos dentro do mesmo prazo, enquanto 71% concordam que ela explicará os resultados da pesquisa tão bem quanto uma pessoa.
Dados sintéticos na era da IA
Outro destaque do estudo é o crescimento do uso de dados sintéticos, que estão revolucionando as estratégias de pesquisa. Esses dados são gerados artificialmente para imitar informações do mundo real. Com isso, eles permitem uma maior diversidade de amostras e preservam a privacidade dos participantes. O levantamento aponta que 71% dos entrevistados acreditam que, dentro de três anos, os dados sintéticos representarão mais da metade das coletas de informações.
O uso desse tipo de dado tem crescido rapidamente, especialmente entre agências de mercado, que estão adotando essa metodologia mais rapidamente do que equipes internas. Entre os principais benefícios observados estão a possibilidade de experimentação sem riscos, maior precisão dos insights e a capacidade de obter respostas mais rápidas e detalhadas. Os entrevistados sintéticos dão aos pesquisadores uma maneira de atingir populações mais diversas simulando uma ampla gama de perfis demográficos
Orçamentos maiores
O estudo também revela que equipes de pesquisa que adotam inovação têm conseguido maior influência dentro das organizações. Assim, esses times têm garantido orçamentos mais robustos. Empresas que utilizam IA, aprendizado de máquina e análise preditiva conseguem acompanhar melhor as mudanças no comportamento do consumidor e tomar decisões estratégicas mais eficazes.
Entre as vantagens destacadas, está a possibilidade de vincular diretamente os resultados das pesquisas a impactos comerciais concretos, o que se torna um argumento essencial para manter investimentos mesmo em tempos de orçamentos apertados.
O futuro da pesquisa qualitativa
Apesar da ascensão dos dados sintéticos e da IA, a pesquisa qualitativa continua a ter papel fundamental. No entanto, passa por uma transformação. Ferramentas digitais são cada vez mais utilizadas para ampliar o alcance e a eficiência desse tipo de pesquisa. Dessa forma, tornam possível a captação de insights humanos mais profundos.
O uso da tecnologia na pesquisa qualitativa tem ampliado o alcance das equipes, otimizando a coleta de dados, fornecendo insights em tempo real, aumentando a eficiência e a redução de custos em comparação aos métodos tradicionais presenciais. Além disso, há uma distinção entre os pesquisadores que adotam a IA e aqueles que não a utilizam.
74% dos pesquisadores que fazem o uso da IA dizem que houve um aumento na demanda por pesquisa qualitativa. Os três principais fatores apontados para esse crescimento são a maior flexibilidade para explorar novos temas e questões durante o estudo (49%), os avanços da Inteligência Artificial que tornam os métodos qualitativos mais atraentes (45%) e o aumento da presença de bots e fraudes na pesquisa quantitativa (45%).
*Foto: Unsplash.