Aitana Lopez é uma influenciadora digital de sucesso. Seu estilo e beleza atraem milhares de seguidores no Instagram e marcas de diversos segmentos trabalham com a modelo para impulsionar seus produtos e criar engajamento com seu público.
Até aí nada de anormal para o mundo das redes sociais, do marketing e da internet. Mas, no caso de Aitana, essa modelo foi criada por uma inteligência artificial (IA). Aitana é fruto do trabalho da agência The Clueless, radicada em Barcelona (ES), especializada na criação de AInfluencers, como são conhecidos os influencers criados por IA. Além da espanhola, Aitana Lopez, a agência tem outra AInfluencer, a argentina Maia Lima. Ambas possuem traços perfeitos e evocam uma personalidade moderna, independente e sofisticada.
Recentemente Aitana ganhou ainda mais destaque na internet quando sites europeus apontaram os valores arrecadados pela modelo baseada em IA, o que dividiu opiniões. Para muitos uma sacada genial da agência devido a sua incrível semelhança com modelos reais. Para outros uma hipersexualização e uma forma de tirar empregos.
O fato é que a tecnologia evolui e cria oportunidades. E assim como foi na história humana, tal evolução carrega aspectos dicotômicos. Hoje, com a inteligência artificial tendo um papel mais presente dentro de diversas empresas e no nosso dia a dia, ela traz consigo o peso de ser mais uma ferramenta revolucionária da nossa história.
Foi sobre esses aspectos e sobre o trabalho com modelos criados por inteligência artificial, que conversamos com, Diana Núñez, Cofundadora da The Clueless.
Novas oportunidades geradas por meio da IA
Consumidor Moderno – Como surgiu a ideia de criar a The Clueless, uma agência de modelos de IA?
Diana Núñez – Começamos a pensar e estruturar este projeto em maio de 2023. No início focamos em estudos de mercado e testes de inteligência artificial (IA). Eu e Rubén Cruz somos sócios no Benana Creative Studo, um estúdio de comunicação que há quatro anos trabalha com diversas marcas. A ideia de modelos baseadas em IA surgiu como uma forma de reduzir custos para o estúdio trabalhando com esses influenciadores criados por IA para anúncios e campanhas.
CM – Quem são os clientes? Quanto a agência ganha com um contrato com seus modelos de IA?
Diana Núñez – Temos clientes em diversas áreas, beleza, moda, produtos de suplementação, ramo imobiliário, cabeleireiro, joalharia…etc. Sobre os valores, depende do modelo de contrato. Mas, por exemplo, um post de Aitana López endossando uma marca é por volta de 1.000 euros (aproximadamente 5.500 reais).
– Aitana López e Maia Lima são modelos criadas por IA com características que transmitem perfeição, beleza e juventude. Este ainda é um conceito e um modelo de beleza para o mundo dos influenciadores?
Diana Núñez – Desde o início nosso discurso sempre foi pautado pela diversidade e inclusão, para que todos se sintam identificados com nossos modelos e influenciadores. É verdade que os dois primeiros que fizemos, são idílicos. Nos arriscamos, mas queríamos que fossem assim para ver como o público os recebia, e tem sido positivo. Entretanto, há um mês, estamos trabalhando no nosso próximo modelo, uma pessoa mais normal e comum. E já planejamos também incluir o lado LGTBQIA+. Dessa forma iremos aos poucos criando diferentes perfis com os quais todos os públicos possam se identificar.
CM – Como você vê as discussões sobre aspectos negativos, como a possibilidade desses modelos de IA tirarem empregos de pessoas reais, ou mesmo a hipersexualização do personagem?
Diana Núñez – A questão da hipersexualização do personagem existe há um século, em todos os campos profissionais, cinema, televisão, influência, moda, arte…etc. Portanto, não criamos nada de novo. Sobre os aspectos negativos relacionados com o fato de a IA ir suprimir empregos, eu discordo. Como qualquer revolução que aconteceu ao longo da história, como a industrial, a chegada da internet a IA nos mostra que alguns empregos já não são tão necessários, pois novos estão sendo gerados por meio dessa inovação.
CM – Quais são os próximos passos da agência com criações baseadas em IA?
Diana Núñez – Conseguir criar mais AInfluencers e torná-los capazes de falar e se comunicar com seu público. Fazer vídeos com eles conversando, dançando e se movimentando. E conseguir fazer tudo isso tão bem com todos os gêneros, não só com mulheres. E quem sabe no futuro, você poderá ter uma Aitana em casa, com quem poderá interagir e acompanhá-lo no seu dia.