Segundo levantamento feito pela Morning Consult em parceria com o Canva, 98% dos 4.050 gestores ouvidos em nove países – incluindo o Brasil – afirmam se sentir confortáveis com as aplicações de IA generativa nas áreas de criação e marketing. Não só isso, mas 75% deles já consideram a tecnologia como parte essencial de sua caixa de ferramentas criativas. Já 69% acreditam que a IA contribui para a criatividade dos times.
O fato é que a tecnologia já é uma realidade nas companhias globais, e o Brasil não fica de fora. Levantamento da Deloitte com 501 empresas nacionais aponta que 70% delas investirão em IA em 2023, enquanto 20% já utilizam seus recursos. No entanto, quando o assunto é criação de conteúdo, os autores humanos entregam mais qualidade do que a ferramenta.
Leia mais: A tecnologia é uma ameaça aos artistas?
O estudo “The Man vs. Machine Content Challenge”, realizado pela comunidade CMO Huddles, com a agência Marketing Insider Group e o hub de conteúdo Renegade.com, colocou as competências à prova. Em um teste com duração de dez semanas, pessoas e o ChatGPT-3.5 escreveram 20 publicações cada. As criações da ferramenta foram editadas e revisadas por um time de pessoas para eliminar evidências que sugerissem que foram criadas por uma IA. Outras 20 publicações foram criadas de forma híbrida, ou seja, geradas pelo ChatGPT e reescritas por profissionais.
As publicações foram monitoradas para avaliar o ranqueamento em pesquisas, visibilidade e tráfego gerados por cada autoria. O resultado é que os conteúdos gerados totalmente por pessoas ficaram na liderança. O ranqueamento e o tráfego gerado por essas publicações foras três vez maiores do que aquelas criadas por IA. Na média, o conteúdo gerado por IA teve uma maior visibilidade, mas essa vantagem foi gerada por um único post.
Por outro lado, a IA generativa é mais rápida na criação de conteúdo, o que gera uma vantagem na aceleração da escrita. Mas o levantamento conclui que a tecnologia ainda não é capaz de substituir autores humanos. Por exemplo, erros e inconsistências foram frequentes durante o teste, e títulos precisaram ser substituídos.
Assine nossa newsletter! Fique atualizado sobre as principais novidades em experiência do cliente
Quanto mais humano, melhor
Os conteúdos gerados por pessoas geraram mais tráfego dos que as criações de IA ou híbridas. Por outro lado, o estudo identificou que a combinação de pessoas com a tecnologia gerou bons resultados. Além disso, escrever um conteúdo do zero leva mais tempo do que escrever com a ajuda da IA – o que, segundo o levantamento, gera espaço para mais discussões sobre a aplicação da ferramenta.
Por mais que as criações humanas geraram mais resultados de busca e tráfego, as publicações feitas pelo teste – incluindo humanas, escritas por IA e híbridas – tiveram um bom desempenho. O estudo ainda aponta que, no momento, a única desvantagem para autorias de pessoas está no tempo gasto para escrever as publicações, que chegam a levar três vezes mais tempo que as publicações criadas pela tecnologia. Por isso, os ganhos obtidos com a IA generativa são financeiros, e não qualitativos.
Por mais que a IA generativa ainda tem muito a avançar e desenvolver, o estudo questiona se, mesmo que a tecnologia possa superar o conteúdo humano, quão únicas essas criações poderão ser. Afinal, profissionais de conteúdo sempre estarão atentos para inovar e superar a ferramenta e, assim, a IA teria mais um formato para tentar emular.
Leia mais: Regras para uso de IA mudam futuro próximo de Hollywood
IA como ferramenta de criação de conteúdo
O teste provou que os conteúdos gerados por pessoas tiveram um melhor desempenho em dois dos três critérios de avaliação. Em relação à geração de tráfego para o site onde as publicações foram postadas, o conteúdo humano venceu disparado. Além disso, no ranqueamento de palavras-chave dos mecanismos de busca, as publicações criadas por pessoas foram melhor avaliadas.
No entanto, o conteúdo híbrido – ou seja, gerado por pessoas com o auxílio de IA generativa – mostrou potencial. Além de ter obtido uma melhor performance do que o conteúdo gerado unicamente por IA, teve superou o desempenho dos conteúdos humanos por algumas semanas do teste em certas categorias – por exemplo, apresentou um resultado melhor na visibilidade de buscas. Mas não gerou mais tráfego para o site, ou seja, por mais que mais pessoas tenham visto as publicações, não tomaram ações para ler os conteúdos.
A vantagem da abordagem híbrida está, portanto, no trabalho investido para reescrever os posts gerados primeiramente pela IA generativa, que levou uma média de uma hora e meia, que foi bem menor do que o tempo gasto para pessoas escreverem conteúdos do zero, cerca de três horas e meia em média.
IA generativa na prática
Entre os gestores de áreas de marketing e criação entrevistados pela Morning Consult, 69% perceberam a economia de tempo gerada pelo uso da IA generativa. Segundo eles, houve uma redução entre duas e três horas por semana nas tarefas realizadas. Já para 36%, essa redução foi de quatro a cinco horas semanais.
O resultado do teste que colocou à prova as competências humanas e tecnológicas na criação de conteúdo, no entanto, é percebido de forma um pouco diferente pelos profissionais. Entre as lideranças brasileiras, 45% acreditam que em cinco anos, a IA generativa terá uma melhor performance na criação de imagens do que os profissionais humanos.
No entanto, entre todos os entrevistados globalmente, ainda há dúvidas. 22% acreditam que a ferramenta está limitando a criatividade das equipes e, dentre esses, 54% afirmam que o uso da IA generativa é um impedimento para ideias originais.
+ NOTÍCIAS
Inteligência Artificial na educação: oportunidade ou desafio?
Deepfakes são os novos “cavalos de Troia” da desinformação