O uso da Inteligência Artificial na prevenção de fraudes no setor de crédito tem se tornado não só cada vez mais necessário, mas também popular.
Segundo um estudo recente realizado pela Forrester Consulting, a pedido da Serasa Experian Global, datatech que trabalha com soluções inteligentes para análise de risco com foco nas jornadas de crédito, autenticação e prevenção à fraude, 55% dos tomadores de decisão do segmento de bancos relataram já usar processos de prevenção impulsionados por IA generativa no ciclo de crédito.
A mesma pesquisa revelou que 51% dos varejistas e 47% das cooperativas de crédito entendem que mitigar perdas relacionadas a fraudes é uma premissa dos negócios. Nesse sentido, 78% das empresas entrevistadas afirmaram que investirão especificamente em IA nos próximos 12 meses com esse objetivo.
“São basicamente quatro pontos de aplicação da IA nessa área: prevenção de fraudes, oferecimento de produtos e serviços, interação com usuário e processos internos”, afirma o head de direito e GovTech da ITS Rio, Christian Perrone, que detalha a utilização da tecnologia para a Consumidor Moderno. “Há uma série de desafios a serem levados em consideração, mas há enormes benefícios também, por isso vemos esses grandes investimentos sendo feitos”.
Identificação de padrões na concessão de crédito
Para Christian Perrone, um ponto inicial extremamente relevante do uso da IA na prevenção de fraudes é no encontro de padrões.
“A Inteligência Artificial tem uma super capacidade de identificar padrões relevantes. Na prevenção de fraudes, isso pode facilitar na compreensão se determinada pessoa é quem ela indica ser e na análise de dados se ela será, de fato, uma boa pagadora”, diz.
A lógica vale principalmente em cenários de open banking, com o compartilhando de grandes volumes de dados bancários pessoais, e em situações em que as financeiras e operadoras não necessariamente contam com os mesmos elementos tradicionais que utilizariam para fazer uma análise de crédito.
Além disso, a mesma capacidade de identificar padrões da IA, que é essencial na prevenção de fraudes, também ajuda no oferecimento de produtos e serviços mais certeiros para consumidores.
“É possível melhorar a oferta de produtos e serviços para as necessidades específicas das pessoas. Por exemplo, se a IA identifica que o cliente faz muitas viagens internacionais, é interessante oferecer um produto com limite flexível, porque os valores do câmbio são variáveis. Ou alguém que, em determinado momento do mês, faz uma compra grande de supermercado. Por que não conceder um crédito maior nesse período se essa pessoa já é costumeiramente uma boa pagadora?”, sugere.
Os dois lados da IA generativa
Um terceiro uso da IA no processo de concessão de crédito, e aqui a IA generativa se destaca, é na interação com o usuário, por meio desde sistemas de bots que falam com os consumidores a mecanismos de verificação de identidade e de pagamento facilitado.
Nesse caso, a Serasa Experian, por exemplo, ao pensar soluções para autenticar quem é real e quem é fraudador no processo de concessão de crédito, utiliza a Inteligência Artificial em quatro camadas: na análise de dados para confirmar a veracidade das informações cadastrais e para identificar comportamentos suspeitos; na validação da identidade da pessoa por meio de biometria facial; na autenticação do dispositivo que está sendo utilizado – se está nas mãos do cliente verdadeiro ou se está nas mãos de um fraudador; e na verificação de documentos, conferindo se há possíveis adulterações.
O outro lado da história é que a IA generativa, tão essencial na prevenção de fraudes, pode ser também uma aliada dos fraudadores.
“A IA generativa pode ser utilizada para fraudar sistemas biométricos, ou seja, gerar digitais, íris, rostos, etc., ludibriando os sistemas atuais antifraude que existem no setor bancário. Sem contar os golpes em si, já que a IA generativa pode se passar por instituições financeiras. Isso torna relativamente comum as mensagens falsas que recebemos no celular”, alerta Perrone.
Ele completa que, por isso, é cada vez mais importante investir em mecanismos de proteção que façam análises mais completas e diferenciadas, tanto de dados quanto comportamental.
Para se ter uma ideia da importância destes mecanismos, segundo o Fraudômetro, contador em tempo real de tentativas de fraude criado pela Serasa Experian, mais de 3,8 milhões de tentativas de fraude de identidade foram registradas em 2024. Além disso, a ferramenta fez um levantamento que estimou que, nos primeiros nove meses de 2023, mais de R$ 41 bilhões em perdas foram evitadas pelas empresas e consumidores devido ao uso de estratégias de prevenção.
Tendências de uso da IA pelo setor financeiro
“Há muita competição no cenário de utilização de IA por fintechs e sistemas financeiros, e toda a indústria está procurando mecanismos de torná-la mais robusta. Então, muitas vezes os sistemas de Inteligência Artificial têm sido desenvolvidos in house. Há muitas soluções que partem de dentro das próprias instituições”, comenta Perrone.
Para ele, apesar desses sistemas até serem pensados de maneira conjunta, o desenvolvimento interno ou que considera as necessidades específicas de cada empresa é uma das principais tendências em relação ao uso da IA para prevenção de fraudes, que tem se tornado inclusive parte do modelo de negócio do setor.
Olhar para necessidades específicas ainda abre espaço para o avanço de um ecossistema de inovação no Brasil, que envolva serviços de consultoria e prestação de serviços na área de IA. Afinal, o investimento em sistemas antifraude deve ser diversificado e dificilmente uma única solução dará conta de prevenir as diversas possibilidades de fraude que existem e ainda podem vir a existir.
A Serasa Experian sugere, entre outras coisas, o uso de soluções tecnológicas antifraude ao longo de toda a jornada do cliente e de sistemas que aliem rapidez e segurança nas transações online, a análise minuciosa na concessão de crédito, que realize não só análise de dados, mas comportamental, e a verificação atualizada dos dados cadastrais fornecidos pelos consumidores e clientes, que possibilita identificar facilmente divergências, situações suspeitas ou tentativas de fraude.
CCX
No dia 6 de agosto, o Credit and Collection Experience (CCX) reunirá especialistas, lideranças e empresários para debater e propor soluções para os desafios da jornada dos consumidores brasileiros no acesso ao crédito e na resolução de dívidas.
Diante de transformações no setor, motivadas por tecnologias recentes como a Inteligência Artificial generativa, Big Data e Machine Learning, chega o momento de aprofundar conhecimentos para construir a sustentabilidade financeira e econômica do país.
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