Hoje, desenvolver a capacidade de interpretar dados e extrair insights relevantes, sem perder a sensibilidade de entender pessoas e narrativas, tem se desenhado como uma das grandes habilidades para conduzir equipes e estratégias de negócios de sucesso.
No setor do entretenimento esse conjunto de competências também está redefinindo as lideranças, que precisam estar preparadas para um futuro de uso intenso de Inteligência Artificial (IA).
Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, umas das maiores produtoras audiovisuais do Brasil, tem em mente que a boa liderança, aliada ao uso da IA, levará o setor do entretenimento a novos patamares. Para ele, a sinergia humana com a IA é importante, mas também é cheia de desafios. Adaptação à realidade econômica e cultural de cada mercado, de cada país, são alguns.
O futuro da personalização
Nos próximos anos, Paulo entende que, mesmo com todos os desafios, a popularização de ferramentas analíticas e a democratização dos dados permitirá que produtores e criadores compreendam muito melhor as preferências do público. Possibilitando o desenvolvimento de conteúdos ainda mais segmentados e elevando a qualidade e a competitividade das produções brasileiras no cenário global. “Mesmo diante dos desafios de infraestrutura e do poder aquisitivo, a IA se consolidará como uma ferramenta prática para criação e personalização, contribuindo para a redução de custos e a viabilidade de mais projetos locais”, diz.
Além disso, Paulo aponta que é provável que os serviços de streaming se firmem por meio de planos híbridos, combinando anúncios e pacotes de telecomunicações. Enquanto isso, experiências imersivas ganham espaço em eventos patrocinados por marcas que buscam se diferenciar (veja o exemplo da Apple com a banda Metallica anunciado recentemente no SXSW 2025).
“A personalização, tanto nas plataformas digitais quanto em eventos físicos ou híbridos, deverá crescer gradativamente, oferecendo ao público experiências inovadoras sem a necessidade de investimentos elevados em hardware”, pontua Paulo.
IA: Sensibilidade e criatividade humana
Quanto ao futuro mais distante, embora ainda haja debates sobre o que realmente significa desenvolver um modelo de IA com um intelecto superior ao humano, como a AGI (Inteligência Artificial Geral), Paulo entende que é difícil não imaginar uma explosão de descobertas científicas em diversas áreas, impulsionada por bilhões de “cérebros artificiais” trabalhando para resolver problemas globais.
“Essa revolução poderá trazer avanços significativos em sustentabilidade, cura de doenças e até na ampliação da longevidade. Imagine um mundo onde a própria IA se aprimora, onde códigos de software se tornam tão complexos que escapam à compreensão humana e onde a análise conjunta de todos os artigos científicos, em diversos idiomas, permite identificar conexões que desencadeiem novas pesquisas e soluções inovadoras”, comenta o executivo.
Contudo, Paulo salienta que, mesmo que a IA consiga lidar com enormes quantidades de dados e apontar tendências ou ampliar ideias iniciais, “a sensibilidade e a criatividade humanas são insubstituíveis”. “Além disso, o senso ético e a responsabilidade social são pilares imprescindíveis para guiar o uso da IA de forma transparente em qualquer setor”, conclui.