A Inteligência Artificial já está transformando a educação, seja como ferramenta para otimizar tarefas dos professores ou como suporte para a aprendizagem dos alunos. Mas quais são os desafios e oportunidades dessa tecnologia no ensino superior? Durante a conferência NVIDIA GTC, grandes universidades compartilharam suas experiências e perspectivas sobre o tema no painel “Pioneering AI in Higher Education: Accessible Learning and Future-Proofing Universities”.
Katherine Yelick, vice-reitora de Pesquisa da Universidade da Califórnia, Berkeley, destacou um dos maiores desafios da adoção da IA no ensino superior é a escalabilidade. Com cerca de 35 mil alunos de graduação, a instituição tem um grande volume de estudantes interessados nos cursos de ciência da computação e ciência de dados. “Brincar com IA pode parecer divertido até o momento em que você decide treinar uma rede neural dentro do curso. De repente, percebe que não há recursos computacionais suficientes para isso”, afirma Katherine. “Então, descobrir como provisionar essa parte educacional dentro da universidade é um desafio”.
Além disso, Katherine pontua sobre o desafio associados ao uso não intencional da IA nos programas educacionais. “Precisamos encontrar formas de monitorar e evitar usos inadequados dessa tecnologia”, complementa.
Arijit Raychowdhury, presidente da Escola Steve W. Chaddick na Georgia Tech, compartilha da mesma preocupação. Ele observa que o interesse por IA vai além das engenharias e ciências exatas, abrangendo também áreas como humanidades, políticas públicas e ética. “Precisamos oferecer infraestrutura computacional para todos esses alunos, o que é um grande desafio”, diz.
Outro ponto de atenção é como garantir que a IA seja utilizada de forma ética e não comprometa o rigor acadêmico. “Precisamos garantir que os alunos usem as ferramentas de IA, mas também construam seu conhecimento fundamental”, explica Raychowdhury. “A IA não pode ser usada apenas para resolver os deveres de casa automaticamente”.
IA como ferramenta de personalização
Na Universidade de Ciência e Tecnologia de KAUST, especializada em tecnologias sustentáveis, a IA se tornou prioridade. David Chaves, reitor e diretor fundador do Centro de Pesquisa em Computação da KAUST, aponta que a maior transformação enfrentada pela instituição foi a transição da criação para a curadoria do conhecimento. “Cocriamos com a IA, mas somos responsáveis pelo que transmitimos a partir dela. Isso exige um trabalho cuidadoso de curadoria”, explica.
Ele também enfatiza a importância do uso ético da tecnologia: “Gerar conteúdo praticamente sem custo exige responsabilidade. É essencial garantir a devida atribuição de fontes e a verificação de fatos”.
Satoshi Matsuoka, diretor do RIKEN Center for Computational Science, destacou como a IA está sendo assimilada rapidamente pelos jovens desde o ensino fundamental. Ele também pontuou o desafio da atualização profissional: “Como capacitamos cientistas experientes para se adaptarem à IA?”.
Além disso, Matsuoka trouxe um exemplo prático de como a IA pode ajudar na personalização do ensino. Em sua instituição, está sendo testado um sistema de aconselhamento automatizado, que analisa notas do ensino médio e cursos universitários iniciais para recomendar disciplinas adequadas a cada aluno. “Estudantes que utilizam esse sistema têm um desempenho melhor do que aqueles que não utilizam”, afirma.
No mais, o que vemos é que a IA no ensino superior está apenas começando, e as universidades seguem buscando soluções para equilibrar inovação e rigor acadêmico.