Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, concluiu que a inteligência artificial (IA) pode ser mais convincente que seres humanos em discussões na internet — especialmente quando a ferramenta tem acesso a informações pessoais dos debatedores.
O experimento, publicado nesta segunda-feira (19) na revista Nature Human Behaviour, usou o ChatGPT-4 em debates com 900 adultos dos Estados Unidos. Cada pessoa foi colocada para discutir por texto com outro participante ou com o chatbot da OpenAI. Os participantes não sabiam quem era o oponente, se humanos ou robôs. O desafio: defender um ponto de vista sobre temas polêmicos da sociedade americana e tentar convencer a outra parte.
Os debates duravam 10 minutos. Cada dupla recebia um tema aleatório entre 30 opções, como pena de morte, direitos de pessoas trans e o impacto das redes sociais. Depois da conversa, cada participante respondia um questionário dizendo se havia mudado de opinião.
IA + contexto
O detalhe curioso: em algumas duplas, um dos lados recebia dados prévios sobre o oponente, como idade, gênero, etnia, escolaridade, emprego e posição política. Com isso, era possível adaptar melhor os argumentos para atingir o outro lado — e aí a IA brilhou.
Quando não tinha acesso a essas informações sobre o oponente, o desempenho do GPT-4 foi praticamente igual ao dos humanos. Mas, com os dados de perfil em mãos, a IA se destacou: foi 64,4% mais persuasiva nas discussões virtuais.
Segundo Francesco Salvi, líder da pesquisa, o estudo mostra como a IA pode ser usada para influenciar opiniões. Isso é algo que já acontece em redes sociais e sites de compras, por exemplo, com a personalização de conteúdo. A diferença agora é que a IA mostra habilidade para adaptar os argumentos de forma estratégica, o que levanta discussões importantes sobre o uso ético dessa tecnologia.