As carreiras na área de tecnologia estão passando por mudanças significativas em 2025, impulsionadas por inovações tecnológicas e novas demandas do mercado. A Inteligência Artificial (IA) e IA generativa (GenAI), experiências imersivas e avanços na biotecnologia são alguns dos principais catalisadores dessa transformação.
Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o setor tecnológico movimentou R$707,7 bilhões em 2023, mostrando que a necessidade de profissionais para atuar nessa área já estava ascendente.
Rodolpho Henrique, líder de design digital focado em apps e serviços interativos, que atua no Google e é ex-diretor de design na McKinsey & Company, aponta que as habilidades para atuar com IA têm se tornado importantes dentro desse mercado. “Estamos vivendo um momento único na história da tecnologia, em que a IA não é mais apenas uma ferramenta auxiliar, mas sim uma força transformadora que está criando novas profissões”, afirma ele.
Novas carreiras e oportunidades no mercado
A IA já está presente no dia a dia das pessoas e empresas, ferramentas que auxiliam na criação de textos, imagens, vídeos e códigos de forma automatizada e personalizada já são uma realidade utilizada em grande escala. O próximo passo, segundo Rodolpho, será o surgimento de carreiras no mercado para operar todas essas novas tecnologias.
“Especialistas em prompt engineering, curadoria de conteúdo gerado por IA e ética em IA serão cada vez mais requisitados por empresas de tecnologia. Além disso, a popularização do metaverso e da Web3, por conta das experiências imersivas, criará novas oportunidades para desenvolvedores, designers e criadores de conteúdo, que poderão construir mundos virtuais, NFTs, jogos e experiências imersivas”, explica Rodolpho Henrique.
Nesse cenário, o executivo reforça que designers digitais terão papel fundamental no processo de criação e validação dessas experiências, pois são responsáveis pelo pilar chave de definição dessas experiências: a experiência do usuário.
“Por fim, a biotecnologia permitirá integrar dispositivos eletrônicos ao corpo humano, abrindo portas para interfaces cérebro-computador, próteses inteligentes e outras inovações. Profissionais de áreas como neurociência, engenharia biomédica, design digital e ciência da computação trabalharão em conjunto para desenvolver novas interfaces e aplicações”, comenta o especialista.
3 dicas para quem está começando no mercado
A flexibilização do trabalho continua sendo uma tendência forte para 2025. “O modelo híbrido não é mais uma opção, mas uma necessidade. As empresas que não se adaptarem perderão talentos para competidores mais flexíveis. Porém, é preciso o colaborador desenvolver habilidades de comunicação e cooperação online, além de estabelecer limites claros entre vida profissional e pessoal para evitar o burnout”, observa o designer.
Para quem está entrando no setor de tecnologia, Rodolpho Henrique reforça que algumas atitudes podem fazer toda a diferença no desenvolvimento de uma carreira de sucesso:
- Domine ferramentas, mas não se esqueça da importância da comunicação: ferramentas são essenciais para desenvolver o trabalho e atingir resultados, mas a comunicação é um fator chave para te posicionar dentro do mercado. Aprenda a dar feedback, apresentar ideias e trabalhar em equipe.
- Seja versátil e conecte-se com a comunidade: networking é fundamental! Participe de grupos online, eventos e converse com outros designers, desenvolvedores e profissionais da área de tecnologia. Troque ideias, peça feedback e faça contatos.
- Tenha paciência: construir uma carreira sólida leva tempo. Não se frustre com os desafios, persista, continue aprendendo e buscando novas oportunidades.
Com a evolução do setor tech, certas competências ganharão relevância no mercado. Entre elas, a capacidade de analisar grandes volumes de dados e compreender o comportamento do usuário será crucial, especialmente para designers e desenvolvedores que precisam colocar o cliente no centro do processo criativo.
“Nas chamadas soft skills, comunicação, trabalho em equipe, pensamento crítico, criatividade e adaptabilidade estão entre as características mais valorizadas. Essas habilidades não apenas auxiliam na resolução de problemas, mas também ajudam a enfrentar as constantes mudanças do setor”, finaliza ele.
O desafio da capacitação na visão da AWS
Quando pensamos no futuro do Brasil em carreiras tech tendo a IA como ponto central de inovação, um desafio (e que já enfrentamos) é a escassez de talentos em tecnologias emergentes. Essa é a principal barreira apontada pelos executivos ouvidos pelo Fórum Econômico Mundial (FEM) em seu relatório anual sobre o futuro dos empregos.
Um estudo da AWS e da empresa de pesquisa Access Partnership segue na mesma direção, mostrando que três em cada quatro empresas não conseguem suprir a necessidade de talentos de IA. “Não é tarefa fácil. Nossos clientes compartilham que, quando tentam aprimorar e recapacitar seus funcionários, encontram uma curva de aprendizado mais íngreme associada a esse assunto em particular”, conta Cleber Morais, diretor-geral da AWS no Brasil.
Mas não estamos falando somente de habilidades técnicas. No lado humano, o relatório do FEM aponta a necessidade de desenvolver a criatividade, resiliência, flexibilidade e agilidade. No Brasil, os entrevistados destacaram também a empatia, a escuta ativa e o aprendizado constante. Segundo Cleber Morais, de maneira geral, a chave para o sucesso será “uma combinação eficiente entre habilidades tecnológicas e humanas que nos capacitem a navegar em um mundo instável e em rápida transformação”.
Para ele, historicamente, a aceleração e o crescimento da tecnologia e automação levaram a mais empregos em várias indústrias e isso continua sendo verdade hoje, porém, o executivo da AWS alerta: “Temos a responsabilidade de ajudar a formar essa força de trabalho digital”.