O Brasil superou, no dia 20 de maio, a casa de R$ 2 trilhões em despesas públicas. De 1º de janeiro até 20 de maio, são 139 dias, 19 semanas e quatro meses.
A informação da despesa pública vem da plataforma Ga$to Brasil, recentemente lançada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Esta ferramenta reúne dados oficiais do Tesouro Nacional e possibilita o monitoramento, em tempo real, de todos os gastos da União, estados e municípios – abrangendo desde salários até investimentos.
Para se ter uma ideia da gastança, no dia 5 de maio, (dia de número 125 do ano), os gastos públicos totalizavam 1 trilhão, 779 bilhões, 429 milhões, 702 mil, quatrocentos e quarenta e quatro reais e oito centavos. Em outras palavras, o Brasil gastou aproximadamente R$ 220,57 bilhões em 15 dias (de 5 a 20 de maio).
A rapidez com que esse valor cresce é impressionante. Assim como uma torneira aberta, os gastos fluem incessantemente e, a cada segundo, o número exibido na plataforma aumenta. Salários, aposentadorias, obras e programas públicos: tudo é registrado. De acordo com os idealizadores do Ga$to Brasil, o objetivo é evidenciar a magnitude e a velocidade desse consumo de recursos.
“O orçamento precisa ser equilibrado. Nossa dívida, nos últimos 12 meses, alcançou R$ 1 trilhão. Com isso, conseguimos observar a evolução dos gastos governamentais e a qualidade com que estão sendo realizados”, explica Cláudio Queiroz, coordenador-geral do projeto.
Já Alfredo Cotait, presidente da CACB, garante: existe um desequilíbrio. “Se gastássemos apenas o que arrecadamos, não haveria inflação e a taxa de juros seria de 2,33%.”
Gastos e transparência
Essa transparência é crucial para a sociedade, pois permite uma maior compreensão sobre o uso do dinheiro público e incentiva a participação cidadã no controle social. Ao disponibilizar essas informações de forma acessível, o Ga$to Brasil promove um ambiente de responsabilidade e prestação de contas por parte dos gestores públicos.
Com essa ferramenta, cidadãos, empreendedores e pesquisadores conseguem analisar como os recursos estão sendo alocados e quais áreas recebem maior atenção financeira. A expectativa é que, ao conhecer melhor os gastos governamentais, a população possa exigir maior eficiência e eficácia nas políticas públicas. Além disso, a plataforma pode servir como um alerta para o impacto das despesas no caixa da União e sua eventual relação com o aumento da carga tributária.
Controle na palma da mão
Com o Ga$to Brasil, as pessoas podem escolher informações sobre gastos de acordo com o tempo, o lugar ou o tipo de despesa. Assim, por exemplo, uma pessoa pode descobrir os gastos na sua cidade em um mês específico.
Cláudio explica que o Ga$to Brasil tem o objetivo de resolver um problema: a falta de informações atualizadas sobre as contas do governo. “Hoje em dia, o governo não tem em nenhum lugar os dados atualizados sobre o que está sendo gasto ou arrecadado. O Tesouro Nacional divulga as despesas a cada dois meses”, enfatiza
Os cidadãos, portanto, enfrentam dificuldades para obter uma compreensão clara e rápida sobre a gestão financeira pública. Com a proposta do Ga$to Brasil, a iniciativa busca democratizar o acesso à informação, permitindo que qualquer pessoa, a qualquer momento, tenha à disposição uma visão abrangente das finanças públicas, de qualquer lugar.
Para funcionar, o Ga$to Brasil utiliza uma metodologia de projeção para o exercício de 2025, com revisões constantes baseadas nas atualizações oficiais. “Sempre que o Tesouro libera uma atualização, a metodologia é revista para evitar erros”, afirma Cláudio.
Educação fiscal
Inspirado no Impostômetro – painel que há 20 anos exibe em tempo real o total de impostos pagos pelos brasileiros –, o Ga$to Brasil visa criar consciência sobre as despesas públicas e fomentar um debate mais ativo na sociedade sobre a eficácia do Estado.
Enquanto o Ga$to Brasil marca os R$ 2 trilhões em despesas, o Impostômetro, no mesmo instante, contabiliza uma arrecadação de pouco mais de R$ 1,55 trilhão – evidenciando um desequilíbrio entre o que se gasta e o que se arrecada. Para Alfredo Cotait, presidente da CACB, isso assume um papel educativo. “Assim como o Impostômetro teve um caráter educativo, o Ga$to Brasil também servirá para mostrar à sociedade a importância de sua participação e manifestação. Estamos deixando uma conta muito pesada para o futuro”, alerta Alfredo.