Esta segunda-feira, 5 de maio, é o dia de número 125 do ano. Nessa data, os gastos públicos totalizaram 1 trilhão, 779 bilhões, 429 milhões, 702 mil, quatrocentos e quarenta e quatro reais e oito centavos. Os dados são da plataforma Ga$to Brasil, que demonstra como o governo gasta o dinheiro dos impostos arrecadados.
Provavelmente, quando você chegar no fim desse conteúdo, o valor que aqui mencionamos terá subido. É como uma torneira aberta, onde os gastos com pessoal, as despesas previdenciárias e os investimentos do governo são contabilizados em tempo real pelo Ga$to Brasil.
A ferramenta é fruto da colaboração entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O objetivo? Elevar a transparência na gestão dos recursos públicos e despertar a conscientização da sociedade sobre como esses números impactam, de maneira concreta, o cotidiano dos brasileiros. Cláudio Queiroz, coordenador-geral do projeto, destaca que essa iniciativa visa não apenas informar, mas também engajar a população na discussão sobre o uso do dinheiro público.
“O orçamento precisa equilibrar. Nos últimos 12 meses, nossa dívida alcançou R$ 1 trilhão. Com isso, conseguimos observar a evolução dos gastos dos governos e a qualidade com que estão sendo realizados”, afirma.
Veja, abaixo, os gastos públicos por entes federativos:
Transparência e controle
Cláudio Queiroz destaca que atualmente o governo não possui, em nenhuma plataforma, informações em tempo real sobre os gastos ou arrecadações. As despesas, por sua vez, são publicadas obrigatoriamente a cada dois meses pelo Tesouro Nacional. “Então, criamos uma metodologia de projeção para o exercício de 2025. Cada vez que o governo divulga uma atualização de gastos, a plataforma revisa essa metodologia. Gastos fora do padrão podem ocorrer sem aviso prévio. Sempre que há uma atualização do Tesouro Nacional, a metodologia é reavaliada para evitar erros.” Assim, segundo Cláudio, é possível prever os gastos públicos com base nas informações oficiais.
Com essa análise contínua, é possível oferecer uma visão mais clara e objetiva sobre como os recursos públicos estão sendo utilizados. A ferramenta não apenas torna os dados acessíveis, mas também facilita a compreensão por parte dos cidadãos, permitindo que eles se tornem mais engajados e informados sobre as finanças governamentais.
Essa metodologia não se limita apenas à coleta de informações, mas também propõe uma estrutura para a interpretação dos dados, ajustando as projeções conforme as atualizações são divulgadas. Dessa forma, é possível identificar tendências e anomalias que podem impactar a economia do país. Essa iniciativa é um passo importante em direção à transparência e responsabilidade fiscal, essenciais para o fortalecimento da democracia.
Acessos
Até agora, a plataforma já teve mais de 5.400 acessos em apenas uma semana no ar. Com filtros, é possível consultar os gastos de um município ou estado em um período específico. De acordo com o coordenador do projeto, o objetivo não é fiscalizar, mas sim monitorar os gastos públicos e demandar um maior controle das autoridades.
Uma plataforma semelhante, criada há 20 anos, contabiliza a arrecadação de impostos no país. O Impostômetro é a ferramenta de transparência que inspirou o Ga$to Brasil. Ao comparar dados de arrecadação com gastos, é possível compreender o panorama econômico atual do país, o que preocupa o presidente da CACB, Alfredo Cotait.
Desequilíbrio das contas
“Estamos diante de um desequilíbrio. Se gastássemos somente o que arrecadamos, a inflação não existiria e a taxa de juros seria de 2,33%. Assim como o Impostômetro foi um processo educativo, o Gasto Brasil também se propõe a educar a sociedade, mostrando a importância da participação cidadã. Estamos deixando uma conta bem pesada para o futuro”, afirmou Cotait.
Por meio da análise de dados oficiais, tanto empreendedores quanto o público geral conseguem visualizar o volume de despesas por região. Para Alfredo Cotait, essa iniciativa facilita a compreensão da situação econômica nacional e oferece ferramentas para incentivar a participação social.
Relação dos Gastos Públicos e consumo
A situação financeira do país, marcada por altos índices de dívida pública e gastos descontrolados, reflete diretamente na capacidade de consumo das famílias. A inflação, quando elevada, diminui o poder de compra, fazendo com que os cidadãos sintam o impacto nos preços dos bens e serviços. Com a elevação da taxa de juros, o crédito se torna mais caro, resultando em um efeito cascata que pode frear investimentos e o consumo das famílias.
Além disso, a incerteza econômica leva os consumidores a adotarem uma postura mais cautelosa, priorizando a poupança em detrimento do consumo. Este comportamento pode gerar um ciclo vicioso onde a redução do consumo impacta negativamente as empresas, afetando sua produção e, consequentemente, o emprego. Um ambiente de consumo estagnado pode resultar em recessão, prejudicando ainda mais as finanças públicas através da diminuição da arrecadação tributária.