A Geração Z, conhecida como a primeira nativa digital, tem demonstrado uma relação com as finanças diferente das gerações anteriores. Segundo estudo do BTG Pactual, essa geração está começando a se preocupar com dinheiro e investimentos mais cedo, em média, aos 22 anos, enquanto os Millennials iniciaram esse processo por volta dos 27. Para o GenZ, poupar é uma forma de se planejar para o futuro e tentar garantir uma emancipação financeira mais rápida.
O estudo revela que 84% dos jovens da GeraçãoZ pensam constantemente sobre sua vida financeira, e 68% acreditam que o dinheiro traz felicidade. Muitos definem sua relação com o dinheiro como “equilibrada e saudável” ou “organizada, mas com altos e baixos”. Contudo, 67% deles também sentem ansiedade devido à instabilidade econômica do país.
No entanto, ao atingir a vida adulta, esses jovens enfrentam crises econômicas, sociais e políticas que moldam seu comportamento. Esse contexto faz com que eles se tornem mais objetivos, individualistas e pragmáticos. Essa preocupação se reflete nas escolhas da carteira de investimentos da Geração Z, que demonstra preferência por aplicações de perfil moderado. Os principais investimentos escolhidos são renda fixa (48%), poupança (47%), ações (37%), fundos (36%) e criptoativos (35%), diz o estudo.
Marcelo Flora, sócio e responsável pelas Plataformas Digitais do BTG Pactual, analisa que a GenZ está cada vez mais consciente e engajada em relação às finanças pessoais “Eles crescem em um ambiente dinâmico e trazem mudanças que atraem a atenção do mercado: são estratégicos e valorizam a diversificação. Isso reflete no crescimento da participação deles no mercado financeiro e influencia o desenvolvimento de produtos mais personalizados por parte das instituições financeiras”, ressalta.
Trabalho e compromissos financeiros
É importante ressaltar que essa geração já está inserida no mercado de trabalho, com 69% dos jovens Z trabalhando ou conciliando trabalho e estudo, o que trouxe junto com essa fase grandes compromissos financeiros. Mas como lidam com os gastos?
- 47% pagam gastos e contas exclusivamente com o próprio dinheiro;
- 36% dividem despesas com pais ou parceiros;
- 17% ainda são totalmente dependentes de pais ou responsáveis.
A instabilidade econômica brasileira gera apreensão em 67% desses jovens, reforçando a importância de poupar desde cedo. Apesar disso, ainda há dilemas entre economizar e viver o presente, onde mais da metade acredita que economizar é mais importante do que gastar, enquanto apenas 42% preferem aproveitar o presente a investir no futuro.
Educação financeira e consumo de conteúdo
Com amplo acesso à informação, a Geração Z consome intensamente conteúdos financeiros: 81% demonstram interesse pelo tema. Esses jovens valorizam influenciadores e materiais educativos para aprenderem a gerenciar suas finanças. As principais plataformas utilizadas são:
- YouTube: 55%;
- Instagram: 35%;
- Cursos: 34%;
- TikTok: 30%.
Investimentos
Além disso, a Geração Z investe mais cedo que os Millennials, com 55% já fazendo algum tipo de investimento, enquanto 31% dos Millennials não investem, mas têm interesse em começar. Os principais motivos para quem ainda não investe incluem falta de conhecimento, prioridade a outros gastos e ausência de dinheiro sobrando.
Dentre os principais objetivos de investimento, estão: alcançar a independência financeira (49%), criar uma reserva de emergência para imprevistos (48%), alcançar um objetivo a longo prazo, como carro e casa (47%), e alcançar um objetivo a curto prazo, como viagens, compras, lazer e outros (42%).
“Esses jovens investem não apenas em seu futuro, mas também em um mercado mais ágil e adaptado às suas necessidades”, destaca Marcelo Flora.
Relação com bancos
A digitalização dos bancos atraiu a GenZ que, no entanto, distribuem suas contas entre bancos tradicionais e digitais: 48% têm contas em ambos, 37% utilizam bancos digitais e apenas 15% mantêm-se nos tradicionais.
Enquanto os bancos digitais atraem pela praticidade, rendimento e usabilidade dos aplicativos, os tradicionais se destacam pela percepção de segurança e solidez. Mas ao escolher um banco, os jovens consideram benefícios e programas de fidelidade, plataforma em que recebem salário, atendimento 24 horas e identificação com a marca.
O estudo foi conduzido pelo BTG Pactual por meio da plataforma de consumer insights da MindMiners. A pesquisa ouviu 750 jovens da geração Z, da classe AB, em todo o país, por meio do painel de respondentes proprietário também da MindMiners, o MeSeems.