O presidente da JP Morgan, Jamie Dimon alertou que o Vale do Silício estava de olho no setor financeiro – em especial, o negócio dos bancos. O que parecia um setor “protegido” do avanço das startups mudou rapidamente nos últimos anos. E o nome da revolução no setor leva o nome de Fintech.
Fintech faz exatamente o que um banco faz, mas utiliza alta tecnologia e gasta uma quantia infinitamente inferior a uma instituição financeira. Elas dominaram a plenária “Fintechs e a revolução do crédito no Brasil”, no Recover Money.
O mediador do painel Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, um conhecedor do assunto e que recentemente publicou um artigo sobre as fintechs. “Há um mês, nós tínhamos que falar a definição de fintech. Hoje, a mídia especializada já discute os efeitos dessas empresas disruptivas no setor financeiro”, afirma.
Hoje, há um respeito dos bancos em relação às fintechs – e vice-versa. Svante Westerberg, co-founder da maxiPAGO! (sistema de pagamento adquirido pelo Itaú), afirma que há “mentes brilhantes não apenas dentro das startups, mas também dentro dos bancos”. E onde instituições financeiras e as empresas de tecnologia se diferenciam? “Existem mentes brilhantes nos bancos também, mas tradicionalmente há a área de compliance de risco e tem por hábito dizer ‘não’. Eles precisam de equilíbrio para inovar”, afirma Westerberg.
Outra desvantagem dos bancos em relação as fintechs é o baixo custo. Igor Marchesini, managing director da Brazil Sumup (facilitadora de pagamento), citou um exemplo no painel. “Penso que a folha de cheque está em extinção. Hoje, as pessoas usam esse meio de pagamento por causa de um prestador de serviço. Nós pegamos esse processo e jogamos fora. Não posso mais gastar R$ 300 com o back office com papel e outros materiais. Hoje, eu uso digital e dados do Serasa”, afirma.
Por outro lado, as fintechs têm alguns desafios, normalmente ligados à “velha economia”. “As Fintechs buscam digitalizar tudo, o que é outra vantagem a nosso favor. Nascemos digital sem ter sistema legado, o que provoca algumas discussões”, afirma Augusto Lins, sócio-diretor da Stone. Um exemplo é o Uber, que confrontou o taxista. E como se comportou a empresa que surgiu no Vale do Silício? “É melhor pedir desculpas do que pedir permissão. O Uber fez isso. É o caminho”, afirma Westerberg.
Cobrança
No caso de um evento de recuperação, o Recover Money, a tecnologia pode ajudar a aprimorar a cobrança da dívida por meio de uma gestão digital de crédito. É o que acredita Michele Labriola, CEP da SACapp (empresa que visa tirar a dependência de discadores preditivos no atendimento por meio da digitalização do processo).
“Precisamos olhar com carinho a tecnologia e sermos mais ousados para, assim, fazer algo diferente. Uma das saídas para a recuperação de crédito é simplificá-la e torná-la mais barata”, afirma.
A simplificação foi justamente a saída desenvolvida pela F(X), empresa que conecta quem oferta e quem busca dinheiro emprestado. “Um consultor leva dois meses. Usamos 50 variáveis e fazemos isso em 10 segundos. É como o Tinder, que faz o match de quem quer dinheiro e quem precisa”, afirma Dan Cohen, CEO e fundador da startup.