Muito tem se especulado sobre o destino do país, das empresas e dos empregos, especialmente se sobreviveremos a essa crise institucional e financeira que se instalou a partir da metade do ano de 2015. É notório que a crise existe, e que medidas enérgicas precisam ser tomadas para que o mercado possa retomar a confiança e os investimentos de longo prazo comecem a aportar na economia.
Porém, enquanto isso não acontece, um movimento até pouco tempo silencioso, ganha força no mercado e nas redes sociais brasileiras, indicando principalmente que, para sair da crise, precisamos abrir mão dos nossos preconceitos e apostar nas novas tecnologias e nas novas formas de financiar o mercado. Afinal, não é porque existe crise que as empresas e empreendedores deixaram de criar, ou que as famílias deixaram de consumir.
Para que isso seja realidade, o financiamento de projetos diversos (que vão desde uma ajuda humanitária até a criação de uma nova empresa) está revolucionando e democratizando a forma como todos nós, brasileiros comuns, podemos impactar as mudanças que queremos em nossa comunidade, em nossa cidade ou mesmo em nosso país.
Causas sociais, produtos inovadores, startups e investimento imobiliário são algumas das frentes em que o uso do financiamento coletivo (crowdfunding) consegue reunir milhares de doadores/financiadores, que de forma simples e rápida, conseguem financiar uma ideia, uma causa ou uma obra, sem a burocracia dos grandes conglomerados financeiros.
O Financiamento Coletivo não é um modismo, e veio para ficar. De fato, mais e mais pessoas, a cada dia, decidem utilizar esse formato de exposição de seus projetos para angariar fundos. De outro lado, milhares de financiadores já estão se habituando a buscar pela internet, opções de investimento e doação usando esse formato, muito mais pela sua praticidade e agilidade do que pelos métodos convencionais de doação que existem no Brasil.
Já para os investidores/doadores os benefícios são diversos, e eu gostaria de elencar alguns:
a) campanhas de recompensas – o conceito de “early adopter” está começando a fazer sentido para uma camada cada vez maior de brasileiros, os quais apreciam serem os primeiros a terem produtos ou serviços (especialmente os ligados a tecnologia) divulgados em plataformas. O conceito de inovação nunca esteva tão próximo das mãos de milhares de financiadores ao mesmo tempo;
b) campanhas de causas sociais – muitas pessoas sempre se justificaram que não ajudavam causas sociais porque não sabiam como ou onde ajudar. O uso do financiamento coletivo nas plataformas que aceitam projetos ligados a causas sociais socializou e trouxe para dentro das telas dos computadores a capacidade de ajudar a muitos, ao mesmo tempo e sem sair de casa;
c) lançamento de startups (investimento) – quando você imaginou que poderia se tornar sócio de uma empresa sem nunca ser empresário? OU, por menos de 1.000 reais você ter uma fatia de uma empresa da nova economia, com uma plataforma que acompanha tudo pra você? Esse empoderamento é único e tem total relação com a ideia de empreendedorismo vigente nesse novo século;
d) investimento imobiliário – em um mercado estagnado como o nosso, as incorporadoras começam a perceber que, uma forma de destravar seu estoque de imóveis é torna-los mais acessíveis a múltiplos investidores através de plataformas de crowdfunding. Em um mercado antes restrito aos clubes de investimento dos endinheirados, com menos de 1.000 reais hoje qualquer pessoa pode comprar uma cota de investimento imobiliário e tornar-se beneficiário de renda produzida pelos imóveis.
Independente dos setores e áreas onde o crowdfunding pode impactar, é inegável que tantas inovações, projetos e investimentos viabilizados através desse tipo de campanha ganham força em um momento em que o mercado financeiro está bastante restritivo na concessão de credito, mas onde empreendedores precisam manter suas atividades criativas em movimento.
Quanto mais empresas, negócios e ideias são tirados do papel, mais emprego e renda são criados, transformando o ciclo do financiamento coletivo em um motor de mercado poucas vezes valorizado pelos meios “tradicionais” de análise. Em um país com mais de 11 milhões de desempregados, qualquer novo negócio ou empresa que gere emprego, causa impacto na economia, especialmente de pequenas cidades.
Outro foco que o governo tem prestado pouca atenção quanto aos impactos positivos do financiamento coletivo, é na geração de impostos! Negócios viabilizados e empresas sendo criadas, significam mais arrecadação, mais venda de produto, mais educação, saúde, alimentos e movimentação bancaria.
Finalmente, o financiamento coletivo mudou completamente o modo de fazer negócios como conhecemos – deixamos de depender unicamente do sistema financeiro, e passamos a alavancar ideias com a forca dos contatos, do networking e da influência. Em um mundo como o nosso, o impacto do crowdfunding na economia deveria receber muito mais atenção dos agentes econômicos que estão enfrentando tantas dificuldades para colocar o país nos trilhos, ao invés de relegar essa fantástica inovação ao status de apenas mais um modimo tecnológico!
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* Vinicius Maximiliano Carneiro é advogado e escritor, com MBA em Direito Empresarial pela FGV e especialista em Direito Eletrônico pela PUC/MG. Seu livro “Dinheiro na Multidão” –Oportunidades x Burocracia no Crowdfunding Nacional está disponível neste site.