O ano de 2020 foi cheio de mudanças para todo o mundo e a vida profissional ganhou um novo elemento: o trabalho à distância. Com isso, as formas de comunicação também precisaram mudar e as videochamadas ganharam cada vez mais espaço. Na verdade, espaço até demais. É o que mostra um estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que aponta a “fadiga de Zoom” como uma questão séria para o bem-estar e a saúde mental das pessoas.
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Os principais dados do trabalho são claros: as pessoas estão cada vez mais cansadas e estressadas por conta das reuniões online. Mas como resolver isso em tempos de home office?
O fenômeno da “fadiga de Zoom”
O aplicativo de videoconferências Zoom foi um dos mais utilizados desde o início da pandemia de Covid-19 para a realização de reuniões online – no período, a empresa cresceu cerca de 163% e ganhou milhões de usuários e acessos em todo planeta.
Apesar de estar “pagando o pato” e ter seu nome estampado como um problema, o aplicativo é apenas uma representação. Afinal, o problema não é o Zoom, em si, mas as reuniões online cada vez mais longas e menos eficientes, independentemente da plataforma utilizada.
O estudo refere-se exatamente a isso: ao cansaço e estresse excessivos das pessoas ao terem que lidar com muitas horas de reuniões. Existem diversas pesquisas que mostram como a relação entre as pessoas e os dispositivos pode ser prejudicial se feita em exagero, mas esse é o primeiro que relaciona essa questão especificamente com esse novo formato de trabalho, que exige a presença digital. O artigo foi publicado na revista Techology, Mind and Behaviour, da Associação Americana de Psicologia.
Dessa maneira, a fadiga de Zoom nada mais é do que um cansaço extremo e desmotivante causado por passarem muito tempo se comunicando com as pessoas pela internet.
O fator estresse
Se no começo da pandemia de coronavírus muitos líderes e gestores pensaram que as reuniões online teriam a mesma eficácia que as presenciais, hoje as pesquisas mostram que elas, na verdade, são muito mais estressantes.
Mas como uma reunião feita em casa, em ambiente mais confortável, pode ser mais estressante? Por inúmeros motivos: a conexão, a conversa que parece instantânea, mas não é, a preocupação com o ambiente, com a própria imagem e com o que acontece ao redor… esses são apenas alguns dos pontos trazidos pelo estudo. Entenda-os:
- Preocupação com a própria imagem: não é sobre vaidade. Olhar para a própria imagem significa estar sempre atento aos movimentos, pensando, mesmo que inconscientemente, no que os outros estão pensando sobre aquilo.
- Casa agora é ambiente de trabalho: isso também vale para as preocupações com o ambiente ao redor, os barulhos ao fundo e outras questões de casa. Se antes era possível separar o ambiente pessoal do profissional, agora todos podem ver como é e o que acontece naquele espaço íntimo.
- Conversando online: outras informações trazidas pela pesquisa também são colocadas como relevantes para os estudiosos. O volume da fala aumenta em até 15% em uma reunião online se em comparação com uma reunião presencial. As conexões falhas e o travamento de tela também exigem mais atenção do cérebro.
- Cérebro sempre atento: até a conversa instantânea (slogan de muitas plataformas de conversa, inclusive), não é tão instantânea assim. A pesquisa mostrou que atraso de milissegundos na fala de uma pessoa (normal para uma reunião online) já faz com que o cérebro “se perca” no raciocínio, forçando que volte a concentração o tempo todo, coisa que não acontece em contatos presenciais.
- Leitura da linguagem corporal: o estudo também aponta que a falta de referências da linguagem corporal das outras pessoas também faz com que o cérebro trabalhe dobrado, sempre procurando por sinais para entender o que de fato a outra pessoa quer dizer, algo que também acontece naturalmente em uma reunião presencial. Além disso, as pessoas estão estáticas, paradas, algo que não é natural em uma conversa e, por isso, também acaba trazendo mais tensão para o momento.
Como lidar com a situação
De acordo com os pesquisadores de Stanford, para acabar com a fadiga do Zoom não exige grandes esforços, mas é preciso entender a gravidade da situação para de fato mudar a realidade. Para começar, nem todos os causadores do estresse podem ser alterados, como é o caso da conexão e do pequeno atraso, assim como o ambiente estático.
Mas é possível não ficar olhando para si mesmo durante a reunião ao desabilitar sua imagem. Isso já é um começo. Para driblar os outros problemas causadores da fadiga de Zoom, fica clara a necessidade de um pensamento conjunto da equipe. Ou seja, colegas de trabalho (e lideranças) que entendam a situação e desejem mudar formatos.
Algumas empresas já estão implementando regras para reuniões online, como tempo máximo da reunião e horários completamente livres, para que as pessoas consigam produzir. Regras como horário mínimo para começar (como 11h, depois de um tempo do início do expediente) também podem contribuir com isso.
3 dicas práticas para ter eficiência e diminuir o tempo de Zoom
Enquanto não é possível reunir a equipe presencialmente, algumas medidas podem se tornar eficientes para evitar a fadiga de Zoom sem perder a produtividade da equipe. De acordo com empresas especializadas em home office, como a Officeless, existem algumas dicas que podem ajudar a realizar reuniões mais eficazes – e saber quando são, de fato, necessárias.
1. Faça reuniões rápidas e objetivas
Marque reuniões com antecedência e já deixe pautado o que será discutido, assim todos podem se preparar, o que já diminui o estresse. A partir dessa organização, os encontros online também passam a ser mais ágeis e eficazes.
2. Envie e-mails
A frase “isso podia ter sido um e-mail” não existe à toa. Muitas vezes aquela reunião longa e cansativa poderia muito bem ser um e-mail ou uma mensagem. Quando o assunto é informar sobre algo da empresa, alguma nova regra ou informação importante, o conteúdo por escrito pode ser melhor para o entendimento, por exemplo.
3. Não faça reuniões desnecessárias
Os encontros online são uma das poucas maneiras que as pessoas encontram de se relacionar com colegas de trabalho, o que é ótimo para o entrosamento da equipe. O problema mesmo é quando a quantidade ou o tempo dessas reuniões passa a atrapalhar o tempo de produção da equipe. Por isso, é indicado pensar bem sobre a real necessidade da reunião antes de marcá-la.
A fadiga de Zoom é o resultado dos novos formatos de trabalho surgidos com a pandemia – e que prometem ficar, mesmo que de forma híbrida, ainda por um tempo. É preciso se atentar ao tema.
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