Em 2020, o mundo será conectado a ponto de mais pessoas terem dispositivos móveis do que acesso à água encanada ou à eletricidade. Isso significa que metade das vendas do e-commerce nos EUA acontecerão pelo canal móvel e mais de 85% das interações entre empresas e clientes será feita sem agentes humanos. São dados que ajudam a desenhar o contexto do painel “O QI do Facebook revela as 5 tendências que vão modelar os consumidores de 2020”, que reuniu Tomá Beczak, estrategista global de conteúdo e Ann Mack, diretora de Marketing Insights, ambos do Facebook.
Esse futuro próximo está muito próximo, facilmente encontrado quando vemos pessoas usando aplicativos de mensagem ou fazendo pagamentos por meio de celulares nos lugares mais escondidos do planeta. A Unidade de Inteligência do Facebook estudou essa realidade em diversas dimensões e projetou tendências que podem direcionar empresas a tornarem-se relevantes e bem-sucedidas no futuro próximo.
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A unidade de inteligência do Facebook, denominada “QI” é dedicada a produzir estudos que melhorem a performance das campanhas na rede e permitam qualificar as interações e intersecções entre marcas e pessoas. Apesar de estarmos a apenas dois anos de 2020, a unidade QI prevê mudanças sensíveis e aceleradas.
Um mundo novo nasce a cada ano. Então, a ideia do estudo apresentado no SXSW é arriscar uma previsão para daqui a 22 meses. À massa de dados do Facebook, os palestrantes somaram estudos específicos e pesquisas oriundas de outras fontes de dados, para detectar mudanças na cultura, no comércio, na comunicação, na conectividade, nas comunidades.
Cultura
Do ponto de vista cultural, a questão de gêneros deixará de ser significativa. Para as novas gerações, a igualdade é um fato da vida e haverá reações poderosas contra preconceitos. Isso porque o espírito das novas gerações é colaborativo, flexível e libertário. Haverá impacto imenso nos ambientes de trabalho, que deverão priorizar a igualdade de oportunidades.
Millennials e Zs não se motivam mais por dinheiro, ao contrário, apenas por propósitos. Esse fenômeno propõe uma visão omnicultural, combinando expressões e interações cada vez mais sensoriais. Um dado que sinaliza essa premissa mostra que a audiência de vídeos na internet cresce mais de 80% ao ano. A previsão indica que o smartphone será cada vez mais utilizado para assistir a vídeos em 2020. Cada vez mais pessoas irão publicar vídeos ao vivo – hoje 20% dos vídeos publicados no Facebook são ao vivo.
Comunicação
Na comunicação, há a formação de um movimento para criação de uma linguagem comum, baseada na rede. Porque a mobilidade nos faz mais rápidos e, ao mesmo tempo, mais impacientes. Como consequência, a aceleração nos ambientes de trabalho é inevitável. A cultura do vídeo, como vimos acima, condiciona as pessoas a buscarem estímulos mais intensos, inclusive no ambiente de trabalho.
A comunicação também se alimentará das possibilidades das Realidades Virtual e Aumentada, que permitam conectar e interagir com as pessoas de uma forma mais imersiva e próxima. A RV será largamente utilizada no turismo, no varejo, misturada e combinada a Realidade Aumentada.
Comércio
O comércio também registrará vetores de mudança. Hoje, 1/3 dos consumidores americanos que comprar pelo smartphone. E há busca frequente por melhores interfaces, ao menos em mercados maduros – onde o inibidor da compra é justamente a experiência desagradável. Não por acaso, a busca por esses assuntos explode no Facebook.
Consumidores, por outro lado, estão totalmente convencidos de que precisam de conveniência e preço combinados e procuram avidamente por empresas que ofereçam esse combo. O comércio conversacional, por conta dessa busca, será dominante, principalmente quando já sabemos que mais de 2 bilhões de mensagens são trocadas diariamente. Outro desdobramento relevante é a convergência do comércio, a partir da conectividade entre dispositivos móveis e outros dispositivos, particularmente os assistentes pessoais.
Conectividade
Conectividade é tudo. A Internet das Coisas invadirá os lares com crescimento exponencial de 800 vezes ao ano, por meio dos assistentes virtuais. E os assistentes combinarão todos os aplicativos em um só. Atualmente, mais de 80% do uso de aplicativos pelos clientes concentra-se em apenas 3 deles. E é importante considerar esses dados na perspectiva de que mais 3 bilhões de pessoas terão acesso a smartphones até 2020. Na África, por exemplo, isso significa ver mais de 40% dos cidadãos, receberem renda adicional por meio de seus celulares, com segurança.
Comunidades
As pessoas estão testando novas formas de organização, buscando novas afinidades e projetando a criação de comunidades globais e, nesse ponto, o Facebook faz uma aposta idílica na virtude humana. Comunidades podem ser criadas para o bem e para o mal. Em defesa de causas ou em defesa de preconceitos. Ainda que 1 de cada 2 membros da rede considere-se cidadão global, há outro tanto que reage a esse conceito. A força das comunidades pode unir físico e digital e também engendrar malfeitos nos dois ambientes.
Talvez a questão das comunidades seja o mais sensível desafio da imensa rede sociai em seu futuro próximo. Se ela estimula a tolerância, também recepciona a intolerância e o preconceito. Se ela redefine o pertencimento, também reafirma o isolamento.
3 conclusões
A partir da apresentação, baseada em mudanças pertencentes aos 5 direcionadores – cultura, comunicação, convergência, comércio e comunidades-, os executivos do Facebook recomendaram 3 linhas de ação, como segue:
– Repense os frameworks familiares, redefina as estratégias usuais, amplie apelos e procure olhar para as comunidades de forma mais abrangente. Há poder de comunicação para fazer o cliente ser atendido como quer, na hora que quiser.
– Crie mensagens para contextos mais amplos, não apenas para momentos de compulsão. Pense nas Realidades Virtual e Aumentada, pense em como sua mensagem de marca pode ser inserida em contextos únicos e fortemente engajados.
-Faça a mobilidade ser o elemento central da sua estratégia. O mundo está imerso na força do mobile.
Ou então, veja tudo isso com olhar mais crítico e leia o texto “Qual é a próxima tecnologia que vai impactar a sua vida”. Talvez as previsões do Facebook sejam menos consistentes do que parecem, ainda que contenham elementos importantes.