Nem todo mundo sabe, mas a maior fábrica de automóveis do mundo está em Wolfsburg, na Alemanha, e pertence a Volkswagen. Foi dali que saíram os primeiros fuscas, por exemplo. Mas tudo isso mudou com a pandemia do Covid-19. A fábrica, onde está localizada a sede do grupo, fechou no dia 19 de março – algo inédito para esse parque fabril de 82 anos de vida.
A boa notícia é que a gigantesca fábrica reabriu as portas nesta segunda, dia 27. Segundo a agência Reuters, a abertura foi tímida e deve funcionar com apenas 20% de sua capacidade total.
No ano passado, enquanto esteve a todo vapor, a fábrica chegou a montar quase 700 mil veículos. Apenas para efeito de comparação, 2,944 milhões de carros, motos, ônibus e caminhões foram produzidos no Brasil em 2019, de acordo com a Anfavea. Ou seja, a fábrica da Volkswagen na Alemanha, sozinha, produziu o equivalente a 23% de toda a produção nacional de veículos de todo o tipo.
100 medidas
Em outra reportagem, desta vez produzida pela CNN, mostra que a retomada das atividades em Wolfsburg não será nada simples. A fábrica depende de uma cadeia de suprimentos que inclui 2,6 mil empresas de 71 países. Ou seja, é muito contato humano na rotina da companhia.
Por conta disso, a Volkswagen implementou 100 medidas diferentes de saúde e segurança, acordadas com seus funcionários, com informações exibidas em mais de 8.000 pôsteres na fábrica e explicadas em folhetos.
“A Volkswagen está estabelecendo um padrão para a indústria alemã com este contrato”, disse Bernd Osterloh, porta voz da companhia, entre os trabalhadores da montadora alemã.
Uma das primeiras medidas é retomar a produção de maneira lenta. A expectativa é fabricar 1.400 carros em Wolfsburg nesta semana, aumentando para 6.000 na próxima semana.
Além disso, a fábrica recomeçará suas atividades com um turno de 8 mil trabalhadores da linha de produção, em vez dos 20 mil. Em um primeiro momento, as horas serão reduzidas para alguns funcionários. A ideia é evitar encontros de trabalhadores nas trocas de turnos.
A produção na fábrica/Crédito:Volkswagen
Temperatura e trocas de roupas em casa
Os trabalhadores também deverão verificar sua própria temperatura e trocar seus uniformes em casa todas as manhãs, e não mais no local. Eles deverão utilizar os cotovelos para abrir portas e andar em fila única uma vez dentro, seguindo marcadores no chão para manter espaço entre as pessoas.
O distanciamento social será imposto durante as reuniões da equipe e durante os intervalos para almoço, com redução de assentos nas áreas comuns e nas salas de conferência convertidas em escritórios. As cantinas permanecerão fechadas e os trabalhadores serão convidados a trazer seu próprio almoço.
Os dispensadores de água foram removidos temporariamente para reduzir a probabilidade de infecção e os condicionadores de ar devem circular o máximo de ar fresco possível.
As ferramentas serão desinfetadas após cada turno e os trabalhadores não as passarão mais umas com as outras à mão, colocando os materiais em recipientes para que outros possam buscá-las a uma distância segura. Várias centenas de lavatórios adicionais estão sendo instalados em toda a fábrica.
No Brasil
As montadoras instaladas no Brasil devem demorar um pouco para reabrirem suas portas. Muitas delas prometem retomar a produção no fim de junho, como Motors do Brasil, Toyota, Renault, entre outras.
Segundo dados da Anfavea, a produção de carros teve um recuo de 21% no mês de março na comparação com o mês anterior. A expectativa (até meio óbvia) é que essa redução seja ainda maior em abril e maio.
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