A importância de criar conexões entre mundos diferentes, mais do que pensar nos confrontos existentes entre as empresas tradicionais e startups, é o desafio mais complexo a ser enfrentado pelos gestores e líderes. Isso porque o cenário corporativo está ainda assimilando novos padrões de competição baseados na agilidade, no fracionamento disruptivo de mercados tradicionais, e na transformação digital (e cultural) de suas próprias estruturas para se adaptar a um mundo regido pela mudança de matriz e de formato transacional e relacional.
O Consumidor Moderno Experience Summit levou seus participantes para um dia de imersão em cultura inovadora no Google Campus em Madri, para que pudessem estabelecer conexões e reflexões com esse mundo que se forma sobre o legado corporativo do último século.
Sofía Benjumea, Head do Google Campus em Madri, fez uma apresentação sobre o objetivo dessa iniciativa em Madri, por acreditar no poder das startups. “Não é sobre ter uma ideia, mas sobre criar um ecossistema, que possa rever gerar e acelerar negócios que mudem o mundo”, defendeu Sofia. Segundo a executiva, a ideia central é realmente ter um local para fazer conexões, um ambiente para iniciar negócios e fazê-los crescer, criando acessos globais e compartilhando metodologias e melhores práticas e gerando valor a partir desse trabalho conjunto.
“Nós precisamos trabalhar com startups, ser receptivos à elas, para que nossas culturas possam ganhar agilidade, velocidade e inovação, e possamos resolver problemas aparentemente insolúveis em nossas organizações”, afirmou Sofía.
Mais do que startups
É evidente que se deixar influenciar por startups é essencial. Mas como vencer as barreiras mentais e culturais que impedem empresas tradicionais de assimilarem os valores naturais desse gênero de novos negócios?
A conexão possível parte justamente da premissa mais essencial: estar aberto às experiências e energias das startups.
Pegando o exemplo da Zapiens, apresentada por Aurélio Jimenez, uma Plataforma de Gestão de conhecimento e Analytics de pessoas. O conceito do negócio é um híbrido humano e máquina que faz as pessoas aprenderem de modo acelerado em empresas. Partindo conhecimento tácito das pessoas, a plataforma alimenta a base de conhecimento da empresa e permite desenvolvimento crescente de competências, economia de tempo e com os colaboradores no centro do fluxo.
Como sempre, a inspiração inicial foi resolver os problemas. No caso, o problema é inato a todas as empresas, como disseminar o conhecimento da empresa espalhado nas pessoas em um sistema organizado e que possa ser utilizado e alimentado permanentemente. Esse mesmo sistema “ranqueia” a qualidade das respostas e competências demonstradas pelas pessoas das empresas. Cada pergunta lançada no sistema, demanda respostas que são dadas pelos próprios colaboradores. Quanto melhores as respostas, mais consistente torna-se o conhecimento disponível.
O caso da Valeet, uma startup investida pela Rocket, um serviço de estacionamento para aeroportos, voltado para viajantes frequentes. A ideia central é permitir que os executivos possam ir com seus próprios carros para os terminais e deixá-los com motoristas da Valeet que tomam conta dos veículos durante a viagem. Os motoristas podem lavar o carro, abastecer. A empresa está em diversos aeroportos do mundo, incluindo Madri, Barcelona, NYC, Los Angeles e já estacionaram mais de 10 mil veículos em poucos meses de atividades. A empresa tem flexibilidade ara se acomodar com as diferentes regulações sobre as vias de acesso aos terminais existentes em diversos países.
É curioso verificar com as startups enxergam ineficiências em processos correntes que fazem parte das nossas diferentes transações e costumes. Elas resolvem um problema central e aplicam serviços adjacentes para gerar valor contínuo em pontos da jornada do cliente que normalmente passam despercebidos pelas empresas incumbentes.
Startups tiram empresas e negócios da zona de conforto e lançam inquietações que forçam empresas e executivos a confrontarem seu mindset e seu jeito de fazer. São tecnologias disruptivas em si, por trazerem novas formas de encarar o que normalmente incomoda o cliente, mas que nunca mereceram atenção das empresas que atuam no segmento enfocado.