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A agenda dos CIOs na era da AI-nomia

A agenda dos CIOs na era da AI-nomia

Relatório “CIO Playbook 2025”, da Lenovo, aponta que a IA já gera valor, mas exige estratégia, governança de dados e foco em resultados para escalar a tecnologia.

A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um recurso futurista para se tornar uma necessidade estratégica no presente. Para os Chief Information Officers (CIOs), a urgência agora é clara: maximizar o valor da IA generativa vai além de adotar algoritmos ou automatizar processos; trata-se de liderar uma verdadeira transformação organizacional. É essa a principal mensagem do novo “CIO Playbook 2025”, da Lenovo, que apresenta a ascensão do que a empresa chama de “AI-nomia”, a nova economia centrada em IA.

O relatório, fruto de uma pesquisa com mais de 900 CIOs de grandes empresas em 15 países, revela que 9 em cada 10 líderes de TI já têm experimentado um retorno tangível sobre seus investimentos em IA, com benefícios diretos para produtividade, inovação e eficiência. No entanto, a complexidade em escalar essas soluções e integrá-las à estratégia de negócio segue como um dos grandes desafios.

“As empresas brasileiras estão percebendo que a IA garante muitos benefícios competitivos para o negócio, indo desde capacitação de funcionários até a garantia de conformidade dos dados”, afirma João Bortone, presidente e gerente geral de Lenovo ISG para América Latina. “O desafio agora é transformar toda essa percepção em resultados concretos, garantindo que a infraestrutura e a governança acompanhem essa evolução.”

O estudo aponta que 50% das organizações já adotaram IA, mas a maioria ainda está em fases iniciais. Nesse cenário, ainda enfrentam desafios como ROI (Retorno Sobre o Investimento) indefinido, dados insuficientes e falta de expertise interna. Além disso, 41% dos investimentos em IA serão destinados à IA generativa, um salto significativo em relação a 2024. As iniciativas se concentrarão na criação de um portfólio de casos de uso em ITOps (Operações de TI), desenvolvimento de software, cibersegurança e cadeia de suprimentos.

Da eficiência à inovação

Historicamente, o papel do CIO estava associado à gestão de infraestrutura, segurança e suporte tecnológico. Agora, segundo o estudo da Lenovo, esses executivos têm se posicionado como agentes de inovação e transformação digital, com poder decisório estratégico. O relatório mostra que as organizações que priorizam a IA estão mais preparadas para crescer, se adaptar e competir.

Entre os principais ganhos relatados pelos CIOs estão: redução de custos operacionais; aceleração no lançamento de produtos e serviços; melhoria na experiência do cliente; e otimização de processos internos com IA generativa e automação.

No entanto, para colher esses frutos, é necessário superar barreiras que vão desde a escassez de talentos até a resistência cultural dentro das próprias empresas. Há uma necessidade de abordagem estruturada para GRC (Governança, Riscos e Conformidade) que assegure estruturas éticas de IA, responsabilidade e confiabilidade desde o início, em vez de tratar a governança como algo secundário.

Para os CIOs, é necessário desenvolver e implementar um framework robusto de GRC e políticas para identificar e mitigar riscos. É importante ainda garantir conformidade regulatória, cultivando uma cultura de conscientização sobre riscos e responsabilidade individual em toda a organização.

IA-nomia e o novo valor da transformação

O termo “AI-nomics” – ou IA-nomia – usado pela Lenovo para batizar o estudo, representa mais do que um jogo de palavras. Ele indica uma nova lógica econômica impulsionada pela Inteligência Artificial, na qual o valor está cada vez menos na posse de ativos e mais na capacidade de processar dados, gerar insights e tomar decisões automatizadas e preditivas.

Neste contexto, o relatório sugere que os CIOs devem atuar como “arquitetos da IA-nomia”, com cinco prioridades estratégicas para 2025:

  • Escalar a IA com propósito: adotar IA não apenas como tecnologia, mas como parte da cultura de negócios;
  • Integrar TI e negócios: eliminar silos entre tecnologia e outras áreas para alinhar objetivos e métricas;
  • Conduzir com dados: garantir governança e qualidade dos dados, base para qualquer sistema de IA eficaz;
  • Capacitar talentos: investir em treinamento, atração de profissionais qualificados e formação contínua;
  • Governança ética: desenvolver políticas claras sobre uso responsável da IA, privacidade e transparência.

O CIO como protagonista da mudança

O papel do CIO nunca foi tão estratégico. Segundo a pesquisa, 85% dos executivos entrevistados afirmam que as decisões sobre IA passam diretamente por suas mãos, e 78% disseram que seu sucesso profissional está diretamente ligado à capacidade de demonstrar retorno sobre os investimentos em IA.

Além disso, 71% dos CIOs relataram que suas empresas já estão reestruturando processos de negócios para priorizar a IA, e 66% estão adotando plataformas de IA generativa como ferramenta principal de produtividade, superando até mesmo as tradicionais planilhas e e-mails.

Apesar disso, o desafio de escalar a IA de maneira sustentável e ética é citado por 74% dos CIOs como um ponto crítico. Muitos relatam dificuldades em integrar diferentes sistemas, criar modelos de IA personalizados, proteger os dados e estabelecer uma governança clara.

À medida que a Inteligência Artificial deixa de ser uma aposta experimental e passa a ocupar o centro da estratégia corporativa, as organizações enfrentam um desafio estrutural: a baixa qualidade dos dados. Essa limitação dificulta a obtenção de resultados consistentes com a tecnologia, o que leva cada vez mais empresas a investirem em serviços profissionais especializados para aprimorar a governança de dados e garantir a eficácia das soluções de IA.

Segundo levantamento recente, 33% das companhias priorizam o fortalecimento de suas capacidades de gestão de dados, e colocam a análise de dados no topo da lista de investimentos tecnológicos para 2025. Esse movimento reforça a compreensão de que, sem uma base sólida de dados confiáveis e bem estruturados, as promessas da IA dificilmente se concretizarão.

Visão estratégica com IA

Para os CIOs, o momento exige uma visão estratégica que vá além da tecnologia. Avaliar cuidadosamente os requisitos para serviços profissionais, como integração de sistemas, capacitação dos usuários e suporte contínuo, é essencial para garantir o sucesso dos projetos. Também é necessário estabelecer métricas claras de desempenho, como prazos, custos e retorno sobre investimento, e revisar periodicamente os avanços.

Outro destaque do estudo está na infraestrutura escolhida para as cargas de trabalho em IA. A preferência majoritária (63%) é por ambientes locais (on-premise) ou nuvens híbridas. Essa decisão é influenciada por fatores como segurança dos dados, exigências regulatórias e compatibilidade com sistemas legados.

Além disso, a adoção de dispositivos com IA, como PCs inteligentes, tende a crescer: 42% das empresas acreditam que essas máquinas elevam a produtividade e a experiência dos colaboradores. Para os líderes de tecnologia, isso implica alinhar esses investimentos com os ciclos de atualização de hardware e promover treinamentos para maximizar o uso das novas ferramentas.

Foco em produtividade e conformidade

O avanço da IA ainda altera o ranking de prioridades das empresas em 2025. Melhorar a produtividade dos funcionários saltou da 7ª posição em 2024 para o topo da lista, enquanto a conformidade regulatória ganhou ainda mais relevância, subindo 11 posições (da 13ª para a 2ª). Já o uso de tecnologias emergentes de IA, como a IA generativa, caiu da 1ª para a 9ª colocação. Isso indica uma transição do encantamento inicial para uma adoção mais estratégica e orientada a resultados concretos.

A IA é vista como uma aliada não apenas para a automação e a personalização de experiências, mas também para o avanço em áreas como sustentabilidade. Aplicada com inteligência, a tecnologia pode otimizar o uso de recursos, reduzir desperdícios e ampliar a eficiência energética, por exemplo, com o uso de manutenção preditiva.

CIOs devem pensar além da TI

Para extrair valor da IA, os CIOs precisam conectar as iniciativas tecnológicas às metas de negócio. Isso significa adotar KPIs que vão além da performance técnica. Indicadores como impacto na eficiência operacional, qualidade da experiência do cliente e desempenho financeiro devem compor o painel de avaliação do sucesso dos projetos de IA.

O recado é claro: a IA só entregará seu potencial transformador se estiver amparada por uma base sólida de dados, apoiada por infraestrutura adequada e integrada às prioridades estratégicas do negócio. Em 2025, a diferenciação virá não apenas de quem adotar a tecnologia, mas de quem souber usá-la com propósito.

Ganho de espaço vs. Desafios de infraestrutura

O entusiasmo com a IA continua em alta nas organizações, mas a realidade mostra um caminho mais complexo do que o previsto. Apesar do otimismo, o nível de maturidade na adoção da tecnologia ainda varia bastante entre as empresas, segundo levantamento recente. A falta de habilidades especializadas, preocupações com segurança e privacidade e limitações na gestão de dados ainda são os principais entraves à sua consolidação.

Atualmente, apenas 5% das empresas afirmam ter implementado IA de forma sistemática em toda a organização, enquanto 46% ainda estão nos estágios iniciais de desenvolvimento ou operando projetos-piloto. Por outro lado, 49% estão planejando iniciar o uso de IA nos próximos 12 meses, sinalizando que, embora a maioria ainda esteja em fase de preparação, o interesse pela tecnologia segue em crescimento.

Esse movimento, no entanto, revela um paradoxo. As organizações testam intensamente a IA (33 provas de conceito foram mapeadas), mas poucos desses testes efetivamente chegam à produção. Apenas quatro lançamentos foram registrados, o que expõe a falta de preparo em áreas-chave como infraestrutura, governança de dados e integração com sistemas legados.

Outro ponto mostrado diz que a baixa qualidade dos dados tem sido uma barreira importante para o sucesso da IA. Como resposta, 33% das empresas estão priorizando o fortalecimento da gestão de dados, com a análise avançada no topo das prioridades de investimento para 2025. Além disso, a implementação da IA depende fortemente de parcerias com serviços profissionais confiáveis, que possam ajudar na integração de sistemas, no treinamento de usuários e no suporte contínuo das soluções.

Ao mesmo tempo, conforme a IA se torna mais central, cresce também a exigência por infraestrutura robusta e flexível. A maior parte das organizações (63%) prefere executar suas cargas de trabalho de IA em ambientes on-premise ou nuvens híbridas, por razões que vão desde a segurança até a integração com sistemas antigos. Em paralelo, dispositivos com IA, como PCs inteligentes, estão ganhando tração: 90% das empresas estão testando ou planejando sua adoção no médio e longo prazo, com a promessa de elevar a produtividade e melhorar a experiência dos colaboradores.

Orçamento para IA deve triplicar em 2025

Esse movimento de transformação se refletirá diretamente nos orçamentos. A expectativa é que os investimentos em IA cresçam 2,8 vezes em 2025. Os maiores aportes estão direcionados a ciência de dados, consultoria, infraestrutura na borda, segurança e aplicações embarcadas.

Em relação às aplicações, a IA interpretativa (baseada na explicabilidade) será a mais adotada no próximo ano, passando de 38% para 65% das empresas. Já a IA generativa deve quadruplicar, saltando de 11% para 42%, impulsionada pelo desejo de melhorar a produtividade, a experiência do cliente e a criação de novas oportunidades de negócio.

As áreas que mais concentram casos de uso incluem operações de TI, cibersegurança, desenvolvimento de software, marketing e cadeia de suprimentos. Enquanto isso, a IA preditiva se mantém como tecnologia essencial para áreas onde a antecipação de comportamentos e eventos é crítica.

Ceticismo com IA persiste

A boa notícia é que a maioria das empresas que já implementaram IA está satisfeita com os resultados. 68% afirmam que os projetos atenderam às expectativas, e 26% relatam que superaram o esperado, especialmente em áreas como operações de TI, FinOps, marketing e desenvolvimento de software.

Ainda assim, 37% da alta gestão permanece cética ou neutra quanto à adoção da IA. Esse ceticismo, segundo especialistas, pode estar ligado à complexidade da tecnologia, à dificuldade em demonstrar ROI tangível e à necessidade de mudanças culturais significativas dentro das empresas.

Estratégia e negócios no centro da IA

Mais do que uma corrida tecnológica, a IA tem sido moldada como uma ferramenta estratégica para transformar os negócios. Para 2025, as principais prioridades globais das empresas refletem esse alinhamento: melhorar a produtividade dos funcionários e a conformidade regulatória lideram a lista, com destaque para a queda da IA generativa no ranking de prioridades (do 1º para o 9º lugar). Isso indica uma maior ênfase em resultados práticos.

Segundo a análise, o sucesso da IA dependerá cada vez mais de uma visão estratégica centrada no valor de negócio, com planos estruturados, métricas claras e colaboração entre áreas como TI, RH, compliance e operações. É hora de ir além da tecnologia e focar em como ela pode, de fato, gerar impacto real e sustentável.

“O avanço da IA na América Latina mostra que estamos em uma região com bastante potencial tecnológico, capaz de entregar soluções e serviços estratégicos para diversos segmentos. Acreditamos que, por meio desse nosso levantamento, as companhias terão um norte sobre o segmento e poderão dedicar seus esforços de forma mais assertiva”, finaliza Valério Mateus, gerente geral de serviços e soluções para Lenovo na América Latina.

*Foto: Shutterstock.com

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