O salto tecnológico da humanidade deve-se quase que exclusivamente a internet e os seus desdobramentos. No entanto, como toda forma de comunicação, há sempre um ruído. E o ruído na internet recebeu o nome de fake news.
Em um mundo cheio de informações desencontradas e até mentirosas, como acreditar em tudo o que buscamos no Google ou lemos no Facebook? A internet abriu e ampliou as fronteiras da comunicação, mas, ao mesmo tempo, criou distorções como o próprio fenômeno das fake news. Nesse mundo, todos escrevem o que querem, mas quantos têm o verdadeiro compromisso com a verdade?
Confira a edição online da revista Consumidor Moderno!
Em paralelo ao fenômeno da fake news, temos a ascensão das criptomoedas, dentre elas o Bitcoin. Trata-se de uma moeda digital, de origem misteriosa e que alcançou o incrível valor de US$ 19 mil, a unidade – muito embora esse valor já tenha despencado para menos de US$ 11 mil.
Mas o que o fake news e o bitcoin teriam em comum? O blockchain é a resposta.
Mas o que é blockchain?
Um erro comum é dizer que o Bitcoin é um blockchain. “Bitcoin não é blockchain, mas um ativo que surge a partir dessa tecnologia”, resume Carl Amorim, country executive da Blockchain Research Institute Brasil, um dos mais respeitados centros de pesquisa sobre o assunto. A Blockchain Research Institute foi fundada por Don Tapscott, uma das maiores autoridades no assunto e a segunda pessoa mais influente em tecnologia no mundo, segundo o ranking da Thinkers50.
Tapscott não chegou a essa posição por acaso. Isso se deve a imersão sobre o universo do blockchain, que, em linhas gerais, é conhecido como um protocolo da confiança ou a internet da confiança. Trata-se de uma tecnologia que visa a descentralização como medida de segurança. Em suma, são bases de registros e dados distribuídos e compartilhados que têm a função de criar um índice global para todas as transações que ocorrem em um determinado mercado.
Difícil, né? No fim, é mais simples do que parece: as informações são armazenadas em uma espécie de bloco. Cada bloco (de dado) contém uma espécie de assinatura digital, a chamada “hash” — o hash funciona basicamente como uma impressão biométrica. Em suma, o hash é a garantia criptográfica de que as informações desse bloco de dados não serão violadas.
Corrente de bloco
Quando um novo bloco é criado, além de ter uma hash própria, carrega a hash do bloco anterior. Tem-se então o motivo do nome blockchain: a corrente de blocos. Essa é uma forma que, além de tornar as transações seguras, dificulta muito um ataque hacker. Para conseguir invadir o sistema de blockchain é preciso quebrar a criptografia de um bloco e do anterior, de forma sucessiva.
Além disso, o blockchain garante que um produto não será editado ou alterado, o que garante não apenas a fidelidade da origem, mas outras informações como o autor, data, entre outros dados. E mais: esse tipo de informação não poderá ser editada.
O detalhe importante (e o que difere da internet convencional) é o envio não de uma cópia de um documento ou arquivo. Na verdade, o dado enviado nada mais é do que o próprio original. De novo: não há cópias, mas a transmissão do arquivo original.
Bitcoins e o futuro
Agora, pense um pouco: se eu crio um arquivo inviolável e que me permite enviar (apenas) o dado original, logo podemos criar um caminho para o envio de algo de valor. Poderíamos, por exemplo, enviar o documento original de uma casa ou outra forma de valor. É o caso do Bitcoin.
A tal mineração nada mais é do que adicionar um registro de transação ao livro razão público (outro blockchain). Em outras palavras, trata-se do armazenamento de transações passadas – no caso, a criptomoeda. A moeda é obtida após uma pessoa auxiliar na construção da corrente de blocos com a finalidade da circulação de uma criptomoeda. Ou seja, a corrente da confiança.
Notícias poderiam seguir o mesmo princípio. Uma pessoa poderia escrever o que quisesse, assim como acontece hoje. No entanto, em uma corrente de bloco o autor seria facilmente identificado, o que ajudaria a entender se a informação é fidedigna ou não. Nesse universo, cópias seriam facilmente identificadas.
O interessante é que a boa notícia, seja por artigo ou texto jornalístico, teria o DNA digital do autor que lançou o conteúdo na corrente. Se o texto for bom, a pessoa poderia ser remunerada por cada acesso ou download. Se a informação for ruim, o autor poderia ser identificado e responsabilizado pela má notícia.
No entanto, essas são apenas duas gotas do oceano de possibilidades dentro do universo da blockchain. Não à toa, ela vem sendo chamada de nova internet. A internet da verdade ou da confiança.