Consumo geracional é um aspecto determinante na compreensão da agenda ESG. Seu entendimento e percepção revela como as novas gerações de consumidores estão encarando o consumo sustentável mundo afora e a importância dessa relação com as marcas.
Mais do que um rótulo midiático, o tema ESG deve ser encarado com seriedade por todos nós. Em aspectos sociais, inserir o consumidor e seus diferentes públicos nessa agenda é mandatório hoje para as empresas.
Para entender os avanços significativos dessa agenda no Brasil e para que possamos ampliar esse olhar sobre as diferentes gerações e o consumo, ouvimos três grandes executivos de três segmentos essenciais na sociedade, Saúde, Alimentos e Bancos.
Sérgio Ricardo, vice-presidente de estratégia, jurídico e ESG da Dasa, Bárbara Sapunar, diretora de Sustentabilidade, Comunicação e Branding na Nestlé no Brasil e Carolina Learth, líder de sustentabilidade do Santander Brasil.
Duas questões básicas sobre consumo geracional
e futuro da agenda ESG no Brasil
CM – Qual sua visão de ESG e a nova geração de consumidores?
Sérgio Ricardo (Dasa) – “É uma geração que está mais “educada” para o ESG e que faz escolhas mais criteriosas, o que favorece o engajamento interno e traciona execuções, à medida que o convívio intergeracional se beneficia do efeito da Educação sobre o tema (formal e informal). Também é uma geração que pensa como o consumo impacta diferentes cenários, e não se deixam enganar facilmente por grandes ações midiáticas. Querem é que no dia a dia o impacto seja relevante para construir algo de longo prazo, que seja melhor e que gere mais resultados para o planeta e para as pessoas, hoje e daqui cem anos. Eles esperam garantias para um futuro mais justo, sustentável, acessível, em termos de saúde, segurança, qualidade de vida, e apoiam empresas que se alinham a isso”.
Uma geração que pensa como o consumo impacta diferentes cenários, e não se deixam enganar facilmente por grandes ações midiáticas
Bárbara Sapunar (Nestlé) – “Certamente é uma nova geração de consumidores mais atenta às suas escolhas. Cada vez mais, empresas terão que ouvir e olhar atentamente para as novas gerações para entender e atender suas reais necessidades e conseguir apoiá-las. Há uma forte tendência de as pessoas buscarem saber o que está por trás das marcas e produtos que consomem, olhando para questões como sustentabilidade na produção e a responsabilidade socioambiental das empresas”.
Há uma forte tendência de as pessoas buscarem saber o que está por trás das marcas e produtos que consomem
Carolina Learth (Santander) – “Estamos na era da transparência. Acreditamos que a preocupação com o ESG é algo que vai além de gerações. Hoje temos clientes, funcionários e investidores de diferentes idades, raças e gêneros. Nós estamos preparados para atender e auxiliar cada um deles. A transformação para uma economia mais sustentável e de baixo carbono é uma realidade que atinge todos nós, independentemente da idade. As empresas, assim como o setor financeiro, deverão trabalhar cada vez mais com soluções para modelos de negócios mais sustentáveis, quanto nas adaptações necessárias para lidar com os efeitos das mudanças climáticas, que já nos impactam”.
CM – De que forma podemos evoluir a agenda ESG no mercado brasileiro?
Sérgio Ricardo (Dasa) – “Creio que precisamos começar com o básico que é levar ao maior número de pessoas a medicina que elas precisam, aquela que descomplica, que cuida e acolhe. Nosso modelo de negócio é totalmente alinhado ao conceito de ESG. Isso reflete em uma jornada de cuidado mais longa e com um olhar exclusivo nas pessoas. Para que consigamos conquistar isso mais e mais, oferecemos ferramentas que nos possibilitam exercer o cuidado atento para que as jornadas sejam vividas com menos fricções, em experiências que realmente gerem valor: com mais qualidade assistencial, mais sustentável (permitindo que a eficiência amplie o acesso à saúde para todos) e oferecendo o que é adequado à necessidade de cada um, dessa forma os médicos podem ter uma relação mais próxima com o seu paciente e com foco na prevenção.
As empresas devem estabelecer ambições claras vinculadas a ESG com KPIs que entendam essa transformação como uma jornada que precisa de inovação e consistência
Bárbara Sapunar (Nestlé) – “O mercado brasileiro já sabe que a maior contribuição para a agenda ambiental pode vir de repensarmos como utilizamos e nutrimos o nosso solo – e aí o setor de alimentos tem um enorme potencial porque, ao repensarmos, a forma como produzimos o alimento, temos impacto positivo, não só ambiental, mas também social e econômico. As empresas devem estabelecer ambições claras vinculadas a ESG com KPIs que entendam essa transformação como uma jornada que precisa de inovação e consistência. Para isso, as empresas devem levar o conceito de ESG que seja mais relevante para a atuação da empresa e, assim, impactar na cultura organizacional”.
Carolina Learth (Santander) – “Para avançarmos a agenda ESG no mercado brasileiro é necessário o apoio de todos os setores: público, privado e organizações da sociedade civil. É preciso transparência, clareza e padronização dos indicadores. É preciso mudar a mentalidade da sociedade no que diz respeito ao ESG e fortalecer a importância do tema. Já temos um ótimo guia do que precisa ser feito, que são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Os objetivos visam a construção de um mundo mais justo, próspero, sustentável e igualitário até 2030. São referências do que deve ser feito pelos governos e pelas empresas em prol da saúde, bem-estar e qualidade de vida no planeta”.
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