As preocupações com a mudança climática e o meio ambiente crescem diariamente e permeiam o dia a dia de cidadãos e lideranças empresariais das formas mais diversas. A agenda ESG (Environmental, Social and Governance), segundo especialistas, deverá ser o assunto deste ano. No entanto, dados recentes de um estudo realizado na Dinamarca evidenciam uma certa contradição no mercado Europeu, frente a consciência de cidadãos em outras partes do mundo como revela outro estudo global. Entenda a seguir.
Na Dinamarca, um dos países com mais pegada sustentável que se tem notícias, as preferências de investidores mulheres por empresas com compromissos ESG é maior do que a de homens. Um estudo apontou que as mulheres estão mais dispostas do que os homens a sacrificar retornos para defender a causa ambiental, social e de governança. A análise tem como base uma pesquisa da Danske Invest, marca de fundos mútuos administrados por empresas de gestão de fundos do banco dinamarquês Danske Bank.
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Natalia Setlak, estrategista sênior do Danske Bank, disse em nota à Bloomberg que “os homens são mais céticos quando se trata de investimentos sustentáveis”. Ela aponta que 23% dos homens pesquisados acham que o ESG tem um “efeito negativo nos retornos”. Para as mulheres pesquisadas apenas 10% tinham a mesma opinião.
Os dados mostraram que 59% dos homens ainda seguem interessados em investir em empresas que ignoram causas ambientais caso elas projetem maior retorno de investimentos (entre as mulheres pesquisadas, 41% defendem essa postura).
Para o mercado esses números devem balizar estratégias de gestores de ativos que deverão estar atentos às visões sobre ESG de investidores, já que regras da Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros da Europa, revisadas há pouco tempo, exigem que os consultores financeiros confrontem seus clientes e lhes perguntem sobre suas preferências de sustentabilidade.
ESG ainda em baixa
Mesmo com os fundos ESG mostrando desempenho abaixo do esperado na Europa, conforme dados compilados pela Bloomberg, (fundos europeus de ESG perderam uma média de 8,9% este ano), Natalia Setlak, acredita que “não há razão para supor que as empresas com um perfil forte em sustentabilidade terão um desempenho de negócios ruim no futuro”.
Para a estrategista sênior do Danske Bank, deveria ser o contrário, “se uma empresa age com responsabilidade em relação às questões ambientais e sociais, isso pode ser positivo para futuras oportunidades de negócios, já que muitos clientes estão cada vez mais exigentes e conscientes sobre os negócios com os quais eles interagem”, diz.
Brasileiro acredita que é possível reverter os impactos ambientais
Ainda sobre o tema da sustentabilidade, uma outra pesquisa realizada pela Pearson, denominada “Global Learner Survey”, aponta que 64% dos brasileiros acreditam que ainda é possível reverter os impactos das mudanças climáticas. O estudo, também realizado em outros países, mostra ainda que a maioria dos entrevistados no Brasil estão buscando informações sobre sustentabilidade.
Latinos são otimistas
Brasil e México são os mais otimistas: dois terços dos entrevistados nesses países (ambos com 64%) acreditam que os efeitos das mudanças climáticas ainda podem ser evitados. Os brasileiros (71%) também lideram o grupo de entrevistados que atualmente estão tentando se informar sobre as questões climáticas. A China tem a menor proporção (48%).
Fontes de informação para consciência ambiental
A maioria dos entrevistados no estudo da Pearson (61%) está ativamente tentando se educar sobre as questões climáticas. As três principais fontes de informação que os respondentes estão usando atualmente são: imprensa (58%), redes sociais (43%) e filmes (42%). Curiosamente, apesar do acesso às redes sociais ser alto, essa fonte de informação está entre as menos confiáveis para os participantes (51%). As mais confiáveis são experiência pessoal (77%), livros (76%) e filmes (72%).
A pesquisa ainda mostra que 84% dos entrevistados dizem que, depois de aprender mais sobre as mudanças climáticas, eles agiram em suas próprias vidas para reduzir seu impacto. Nesse caminho, Juliano Costa, vice-presidente de Produtos Educacionais da Pearson Latam, destaca que a educação assume um papel fundamental para preparar as gerações atuais e futuras para viver em um mundo sustentável. “Para preservarmos o futuro do nosso planeta, temos a formidável ferramenta da educação, que sempre foi um motor poderoso para promover mudanças”, salienta.
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Outras descobertas do Global Learner Survey
- 55% dos entrevistados afirmam que provavelmente procurarão emprego em uma área que tenha um impacto positivo sobre o meio ambiente. México 68%, Brasil 63% e China 62% lideram os índices.
- 58% dos entrevistados não sentem que os tópicos relacionados ao meio ambiente foram ensinados de forma adequada quando eles estavam na escola. O Brasil está na contramão desse índice, com 44%.
- Brasil e México são os dois países que preferem começar essa educação já na fase pré-escolar, com 48% e 51%, respectivamente.
- Para brasileiros (53%) e mexicanos (54%) é muito importante que as suas carreiras tenham um impacto ambiental positivo, enquanto EUA (28%), Reino Unido (19%) e China (28%) tem índices mais baixos.
Análise
Se cabe aqui uma análise para um tema tão amplo e complexo, em resumo, poderíamos sugerir algumas provocações.
Consciência ambiental prevalece em países onde sua geografia e cultura influenciam naturalmente a consciência e opinião de seus cidadãos sobre sustentabilidade e defesa ao meio ambiente? As mulheres, conhecidas por tomar decisões financeiras com base no que é melhor para seus filhos e sua família e a pensar mais no futuro, são mais alinhadas com investimentos em empresas com senso de comunidade e planeta? Países com um histórico colonizador continuarão a rezar na cartilha de prioridades e resultados a curto prazo? Consciência ambiental e lucro não falam a mesma língua?
Enquanto encontrarmos o interesse em pesquisas, pautas governamentais, discussões e pluralidade de opiniões sobre a importância do meio ambiente e temas da agenda ESG, haverá esperança para uma reformulação dessas questões e um futuro sustentável e longevo para sociedade e, porque não, para os negócios também.
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