A maioria das empresas brasileiras terá, em 2024, uma parte de seus negócios orientada por inteligência artificial (IA) e, para isso, 53% delas já estão ensinando, agora, seus modelos. Este seria apenas um dos indicativos que estamos entrando em um novo parâmetro de profissionais e negócios: de data-driven para IA-driven.
Quem afirma isso é Ricardo Cappra, fundador do Cappra Institute for Data Science, instituto internacional que promove pesquisas sobre o impacto dos dados na sociedade e nos negócios, criando, a partir disso, métodos, projetos, labs e startups que aceleram o desenvolvimento analítico de pessoas e empresas ao redor do mundo. Ele palestrou na Arena Floripa no CONAREC 2023 neste dia 12 de setembro.
Para ele, a questão central não é mais somente sobre aplicação e prática da IA, mas como a tecnologia vem determinando novos modelos de negócio. Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2025 a habilidade fundamental para qualquer profissional de negócios será o pensamento analítico. Logo em seguida, aparece saber lidar com Big Data e IA.
“O pensamento analítico é a fusão do pensamento computacional com o pensamento crítico, que nos leva para um mundo onde todos os profissionais se tornam analistas de dados. Estudos mostram que de 10% a 15% do trabalho individual será gasto analisando dados – nós mesmos vamos fazer isso porque haverá sistemas artificiais que irão ajudar a informação ser tratada, visualizada e analisada mais facilmente. É um fenômeno chamado self-service analytics”, diz.
Com essa premissa, começam não só a existir espaços de tomada de decisão em cima de informação em tempo real, mas também modelos preditivos e prescritivos, que é o que conhecemos como IA e algoritmos.
Ricardo Cappra afirma que é um sinal de maturidade analítica quando se utiliza essa camada de Big Data disponível para dar suporte a decisões humanas e também de máquinas – afinal, estamos falando de uma era IA-driven. “Se as próprias decisões podem ser automatizas, surge o conceito de salas que, além de tomada de decisão, dão suporte a maquinas”, explica.
CONAREC 2023
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A transformação para o modelo IA-driven
Em sua palestra no Conarec 2023, Ricardo Cappra continua dizendo que, a partir de agora, o que está sendo incorporado é que os algoritmos estão ficando mais avançados e as máquinas estão aprendendo mais rápido, o que leva a mais decisões autônomas.
“A aceleração foi possível graças à quantidade de dados que viemos juntando nos últimos anos. É uma revolução: a maneira como isso cresceu afeta a sociedade, os negócios e a política de uma maneira geral. Enquanto antes era assunto só de técnicos, hoje se tornou um comportamento. Todos nos tornamos não só data-driven, mas IA-driven, o que significa que somos orientados por inteligência artificial”, defende.
Nesse sentido, chega à cena a IA generativa. Na prática, ela é uma máquina analítica, que junta uma sequência de dados e de aprendizado que deve executar e, a partir disso, determina seu próximo passo.
Isso significa também que não estamos falando de modelos genéricos, mas sim personalizados. Cada negócio poderá desenvolver sua IA, que irá executar tarefas específicas. Por isso, o fundador do Cappra Institute for Data Sciente destaca que é importante observar não só a modelagem, mas a base de dados.
“Aqueles que construírem maior base de conhecimento estruturado para ensinar a IA estarão se preparando para ter uma parte do seu processo operacional transferido para a execução de máquina. Passou-se para uma fase algorítmica: as empresas que tiverem melhores algoritmos, serão mais competitivas”, reforça.
IA generativa não é futuro, é agora
Ricardo Cappra ainda provoca a audiência que, por acaso, pense que toda essa transformação é reservada para o futuro. É justamente o contrário.
“Acha que está longe da sua realidade? Isso até pegar um transporte por aplicativo que é totalmente orientado por IA, desde definição do trajeto à remuneração do motorista. E o motorista só está ali porque a máquina ainda não dirige sozinha, senão… Porque todo o processo foi orientado por IA. Isso já é uma realidade!”, exemplifica.
Por isso, a busca pelo profissional orientado por inteligência artificial e com pensamento analítico já é grande. Inclusive, ele finaliza afirmando que, segundo executivos de negócios, os maiores entraves para a implantação de IA são justamente a dificuldade de contratação de pessoas com habilidades e mindset adequados e a falta de uma cultura analítica e de conhecimento de dados.
“Uma cultura analítica ativa é baseada em quatro pilates: pessoas orientadas por dados e IA, processos que carregam a IA em todas atividades, políticas que promovam este padrão como prática do negócio como um todo e, por fim, tecnologia. O processo não começa pela tecnologia, pois agora estamos falando de uma mudança comportamental, para que todos falem a mesma linguagem e tenham o pensamento analítico ativo”, complementa.
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