As aulas de ciências/biologia ensinaram que o ser humano apresenta tipos de sangue que se diferenciam pela presença de antígenos (são eles que ativam a resposta do sistema imunológico e que definem, com sua ausência ou presença, os tipos sanguíneos). Nos tipos A e B existem os antígenos na superfície das hemácias e o tipo O caracteriza-se pela ausência deles. Dessa forma, o sangue do tipo O é universal, pois pode ser recebido por pessoas de qualquer tipo sanguíneo.
Por exemplo, se o paciente é O negativo só pode receber hemácias do grupo O negativo. Se for do tipo A negativo, pode receber hemácias dos grupos O e A negativos, o que aumenta bastante a probabilidade de encontrar doadores.
Porém, existem tipos sanguíneos muito mais raros do que com os quais estamos habituados. Em Filton, na Inglaterra, existe um laboratório que recebe doações de sangue de todo o Reino Unido e identifica esses tipos sanguíneos raríssimos. O International Blood Group Reference Laboratory monitora um tipo sanguíneo conhecido por sua incidência extremamente rara e sua capacidade de salvar a vida das poucas pessoas que o possuem.
Em um dos casos, um homem não tinha nenhum antígeno Rh, o que significa que seu sangue não é nem negativo, nem positivo. Seu sangue foi classificado como Rh-nulo, um dos tipos sanguíneos mais raros do mundo. As funções do IBGRL incluem manter um registro de humanos excepcionais, como o homem sem Rh, com tipos sanguíneos extremamente raros.
Por isso a ideia de transformar todos os tipos sanguíneos em O é tão importante ? mas não tão recente. A ideia veio de um cientista chamado Jack Goldstein, na década de 80. Contudo, foi apenas recentemente que a University of British Columbia, no Canadá, anunciou uma solução concreta e viável para isso.
?A ideia está aí há anos, mas o problema é que as enzimas capazes de remover os antígenos das células sanguíneas não são eficientes. Não era prático fazer isso em qualquer tipo de escala que fosse útil para aplicações clínicas. Nós desenvolvemos um método para melhorar a eficiência dessas enzimas?, explicou David Kwan, autor da pesquisa, ao Motherboard.
Em um processo de mutação genética ? Kwan afirma se tratar de uma evolução natural, mas feita em laboratório ?, a equipe conseguiu tornar essas enzimas 170 vezes mais eficientes, o que é mais do que suficiente para tornar o método uma opção viável para ser aplicada em hospitais e bancos de sangue.
Com informações dos portais Hypeness, Gizmodo e Drauzio Varella.