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A difícil arte de entender a classificação dos consumidores por renda

A difícil arte de entender a classificação dos consumidores por renda

“Essa é uma sociedade em que as coisas classificam as pessoas e o acesso a novos produtos causou uma redefinição dos limites de classe”.

Agora virou moda. Já sabemos que classe C, renda, gênero e idade já nos adiantam muito para classificar os nossos consumidores, mas, no entanto, não sabemos no que nos agarrar. Imagino que as empresas de recrutamentos e os profissionais de marketing estejam passando dias difíceis. Não é raro recebermos as fichas de recrutamento nas quais se prova, por A + B, que os entrevistados são membros das elites, mas quando chegamos em suas casas não encontramos o mundo que idealizamos. O resultado é sempre o mesmo. Abre-se uma grande discussão sobre a seleção dos participantes e, na maioria das vezes, partimos para uma nova fase de escolhas. As causas desse dilema são muitas.

O processo de transformação que o Brasil liderou nos últimos anos é compreendido e justificado em termos dos novos produtos e serviços que começam a fazer parte do dia a dia de um número maior de brasileiros. Essa é uma sociedade em que as coisas classificam as pessoas e o acesso a novos produtos causou uma redefinição dos limites de classe. Por outro lado, fomos obrigados a criar um sistema de classificação que não levasse em consideração só a renda, mas, sobretudo, os bens.

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Toda vez que perguntavam aos brasileiros sobre a renda individual e/ou familiar, os mais ricos tendiam a diminuí-la e, os mais pobres, a aumentá-la. Quanto ao seu pertencimento às classes sociais, eles não conseguiam se autoclassificar em termos absolutos (tem ou não dinheiro, ganha ou não ganha), só em termos relacionais: “eu sou rico? Mas tem tanta gente mais rica e mais pobre”. Com isso, os brasileiros, em geral, se autoclassificavam como membros da classe média.

Certa vez, quando a principal pauta dos jornais era a chamada classe C, encontrei Angélica, empregada doméstica no Rio de Janeiro. Depois de vermos que pelo critério de renda a jovem se incluía na nova classe média brasileira, perguntei-lhe sobre como se sentia tendo vivido com a mobilidade.

– Onde já se viu isso? Eu sou pobre. De onde você tirou que eu sou classe média?
– Ué, Angélica? Eu nem ganho o que você ganha, agora é classe média. Sabia, não?
– Mas isso não faz sentido nenhum. Classe média é você.
– E o que você é então?
– Eu sou pobre, ué?
– Então, me explica uma coisa: Sua vida melhorou nos últimos anos?
– Ah, claro. É o que eu estava te falando. Antigamente, a gente não podia ter nada. Agora, a gente aperta daqui, aperta dali, pode ter uma coisinha boa.
– Então, a vida melhorou.
– Ué, claro que melhorou. Não tem dúvida. Claro!
– Se antes você era pobre, a sua vida melhorou muito e você não virou classe média. O que você é agora? Antes, eu era pobre. Agora, eu sou quase-pobre.

O diálogo com Angélica traz à tona uma série de dificuldades para todos aqueles interessados em desvendar o comportamento dos consumidores. As antigas regras já não nos servem mais, os velhos modelos de classificação também não. O mundo ficou mais complicado. Os quase, os do meio, os nem nem, os fora da curva não só estão crescendo, como estão se tornando mais uma possibilidade.

Só nos restar correr atrás… e rápido!

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