Um dos principais dilemas do pós-consumidor é que ele pode não saber sobre o que vai consumir, mas tem a certeza da experiência que quer ter na compra. Nesse contexto, a transformação digital impôs um novo ritmo competitivo às cartilhas corporativas, onde a velocidade das mudanças se tornou um grande desafio aos modelos de negócios de empresas que acompanharam diferentes momentos da industrialização mundial.
Esse tema foi discutido no painel “Como empresas com décadas de existência estão transformando seus negócios?” que integra a programação do Cognizant Experience, evento que debate os rumos da transformação digital em São Paulo.
Com representantes de players de diferentes segmentos, a conversa mapeou as estratégias de empresas como ABB Lta, Aker, Ford e ISG nesse novo momento do mercado.
De acordo com Decio Macedo, da ABB, a empresa passou por grande mudança quando percebeu que precisava concentrar esforços na transição das ações físicas para o digital. “Essa atuação conjunta para pensar nesses assuntos internamente e externamente foram fundamentais para a empresa ser mais produtiva. Esse conjunto está viabilizando nossa transformação digital”, diz o executivo.
Outro ponto levantado no debate é que todos os esforços em transformação digital se apoiam fundamentalmente em uma ideia básica: trazer valor à experiência do consumidor. Nesse contexto, o mercado automobilístico passa por grandes mudanças, uma vez que a ideia de compartilhamento ganha cada vez mais força na cabeça do consumidor pouco preocupado com posses.
“Otimização digital inclui a melhoria de processos em toda a estrutura da empresa, há uma disrupção digital muito grande nesse mercado. As empresas automotivas, por exemplo, olhando um cenário de carros autônomos, percebemos que os dispositivos digitais vão criar um outro tipo de competitividade em nosso setor”, explica Amarildo Machado, Gerente de TI da Ford para América do Sul.
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O executivo complementou apresentando o pensamento da montadora nesse importante momento de transição. “A visão da Ford é de veículos inteligentes para um mundo inteligente. Nos preparamos para atuar de uma forma mais efetiva nesse mercado. A empresa massificou o uso do veículo mundialmente e vamos liderar uma nova revolução. Não vamos apenas oferecer novos veículos, mas trabalhar para um mundo melhor” concluiu.
Na Aker Solutions, empresa de origem norueguesa atuante nos setores de construção, engenharia e manutenção de unidades industriais, o sucesso da transformação digital só ocorreu a partir do momento em que a ideia não ficou presa apenas no setor de tecnologia. “Hoje as verticais de empresa possuem esse DNA de digitalização. Agora passo a vender a solução de que não preciso estar no local para resolver um problema, então a tecnologia deixa de ser apenas um departamento e há muitas coisas que deixaram de ser inovação e são transformação. Isso muda o ecossistema como um todo”, explica Anderson Moraes, Head of Information Technology da Aker.
Já na ISG, o propósito do aparato digital somente fez sentido quando a companhia começou a utilizar o digital em favor de seus produtos, não apenas para vendê-los. “Você deixa de oferecer um produto e passa a pensar em um produto que tem software. Essa junção demanda uma mudança cultural muito grande, mudança de premissas. Na linguagem do business, isso significa trabalhar o digital com abstração, ou seja, meu negócio não está mais preso aos ativos”, destaca Pedro Maschio, Distinguished analyst da ISG.