Em algum momento da vida, salvo raras exceções, você já foi chefe ou teve um. Qual a sua opinião sobre eles? Foram bons ou maus líderes? Se penderam mais para o “bom”, provavelmente não perderam o lado humano no ambiente corporativo, encontraram um sentido no trabalho e criaram um ambiente no qual os colaboradores são ouvidos e se sentem valorizados.
Todos sabemos que a empresa que ouve seus funcionários toma decisões mais assertivas. É fato. Um dos grandes diferenciais de uma boa liderança é a capacidade de decidir com o objetivo de gerar resultados positivos para a organização, seus colaboradores e para a própria pessoa.
A melhor decisão não está diretamente relacionada à senioridade de um cargo, mas sim à experiência de uma pessoa e de um time!
Ter um ambiente saudável e acolhedor é fundamental para melhorar a produtividade e reduzir o estresse. Em tempos difíceis e atípicos como o atual, a empatia pode se mostrar – mesmo a distância – uma grande aliada dentro das empresas.
Gary A. Bolles, líder do tema “O Futuro do Trabalho”, na Singularity University, classifica a empatia como uma das principais flex skills desta década. Segundo o Prof. Bolles, esta é uma habilidade essencial e flexível que pode ser aplicada em diversas situações, como nas relações diárias pessoais e profissionais que se estabelecem em um ambiente de trabalho.
Por exemplo: no aspecto profissional, o chefe pode estender o prazo para entrega das demandas ou permitir que o funcionário cumpra sua carga horária de forma remota. No aspecto pessoal, significa que ele e os outros colaboradores podem mostrar solidariedade e oferecer apoio emocional ao colega de empresa que está passando por um momento de dificuldade.
Isso faz toda a diferença! Eu já passei por diversas situações como essa – quem nunca?
Agora… você já ouviu falar em empatia assertiva?
Pois fique sabendo que Kim Scott, uma ex-executiva do Google e da Apple, onde desenvolveu um curso para ensinar como ser um bom chefe, ficou famosa por dar uma nova abordagem à eficiência na chefia, batizada por ela de empatia assertiva.
O conceito da empatia assertiva é simples: para ser um bom chefe, você precisa se importar pessoalmente com o outro, ao mesmo tempo em que confronta essa pessoa diretamente.
Isso significa que, com base na empatia assertiva, a premissa fundamental para conseguir resultados em uma equipe é dizer às pessoas, de forma clara e direta, quando o trabalho está aquém das expectativas.
Trata-se de uma dificuldade inerente ao que nós, brasileiros, fomos acostumados em nossa cultura. Tendemos a não dizer, seja porque nos importamos em não magoar o outro, seja por não nos importarmos com o outro.
Muitas vezes, quando existe coragem para darmos esse feedback, a tendência é que isso seja feito de maneira um tanto agressiva, o que pode trazer problemas para a continuidade do trabalho do colaborador e, inclusive, de relacionamento.
É muito simplório pensar: se não tiver nada de gentil para dizer, é melhor não dizer nada. Porque é, sim, papel do líder dizer o que precisa ser dito.
Se o chefe partir para o confronto sem se importar com seus liderados, cairá na armadilha da agressividade ou empatia ofensiva. Caso se importe, porém opte por não confrontar, estará demonstrando empatia nociva. Mas, se o líder não se importar com as pessoas nem sequer confrontá-las, será um exemplo de insinceridade manipuladora.
Esse modelo, de certa forma simples, pode ajudar o chefe a melhorar seus relacionamentos no trabalho e a cumprir suas principais responsabilidades como líder: promover uma cultura de feedback (elogios e críticas), criar uma equipe coesa e alcançar resultados dos quais todos possam sentir orgulho.
Pequenas atitudes, grandes mudanças
Desenvolver a empatia assertiva é, então, a chave para uma liderança eficaz. Para chegar a esse estágio, é necessário que o chefe aplique algumas estratégias para incrementar o engajamento de sua equipe:
- Incentivar as pessoas de seu grupo a contribuírem com ideias inovadoras;
- Aprender a partir dos erros e compartilhar os aprendizados;
- Promover um ambiente de confiança e feedbacks construtivos;
- Remover barreiras e estimular uma comunicação mais eficaz;
- Reconhecer, motivar e empatizar.
Ao seguir essas dicas, é possível verificar mais e melhores resultados além do efeito direto no desenvolvimento e fortalecimento da equipe.
“A origem de tudo o que é respeitável no ser humano, tanto no âmbito intelectual como moral, é que seus erros são corrigíveis. O ser humano é capaz de corrigir seus erros pelo diálogo e pela experiência. Não pela experiência isoladamente. É preciso haver diálogo para mostrar como a experiência deve ser interpretada.” – John Stuart Mill.
Mas vamos voltar algumas casas e tirar uma dúvida: o que é empatia, afinal? Ela surgiu da fusão de duas palavras gregas: “em” (por dentro) e “patheia” (sentimento). Temos, a partir daí, quatro tipos de empatia:
- Empatia Emocional: eu me sinto como você. O melhor que você pode fazer é reagir à dor com compaixão, porém sem diluir a clareza da sua mensagem.
- Empatia Cognitiva: eu entendo como você vê as coisas.
- Empatia Compassiva: eu quero ajudar.
- Empatia Assertiva: eu estou preocupado com o seu futuro.
Portanto, não confunda: empatia assertiva não é sinônimo de honestidade bruta.
Assertividade é o comportamento que faz com que a pessoa seja capaz de procurar pelos seus próprios interesses, exprimir seus desejos e necessidades, assim como praticar seus direitos sem acanhamento e sem negar o direito dos outros.
Se assertividade pode ser traduzida, de forma resumida, como o ato de expressar seus sentimentos sem negar os direitos dos outros, a empatia assertiva é a chave para uma admirável liderança.
Se a empatia se inicia com você, então como anda a sua comunicação?
A primeira tarefa dessa lição de casa é saber que existem quatro “As” da comunicação assertiva e se autoavaliar como você está aplicando cada uma delas:
- Atenção
- Aceitação
- Agradecimento
- Afetividade
Para desenvolver a comunicação assertiva é interessante, segundo Kim Scott (sou muito fã dela), receber, dar e encorajar o feedback, além de criar uma cultura de comunicação aberta. Também é preciso entender que existe uma correlação entre um feedback insuficiente da liderança e uma equipe disfuncional, que apresenta resultados insatisfatórios.
Quando você pratica a comunicação assertiva, isso mostra que está segura(o) de si e se aproveita disso para provar seu ponto de maneira firme, justa e com empatia. Uma pessoa assertiva tem mais facilidade em se comunicar, além de transmitir mais confiança e segurança àqueles à sua volta.
Já dizia Michel de Montaigne: a palavra é metade de quem a pronúncia, metade de quem a ouve.
Em geral, as pessoas empáticas tornam-se ótimos líderes, negociam soluções benéficas para todos, são melhores executores e solucionadores, e menos estressados e ansiosos do que a média. Você se importar pessoalmente é algo que independe de posição ou hierarquia. A partir do momento em que a organização mostra sua empatia, colaboração e cuidado com os seus profissionais, a relação fica cada vez mais sólida.
Entendendo então que empatia é uma habilidade a ser aprendida, concluo com um pensamento de Yuval Harari: pela primeira vez na história nós não fazemos ideia de como o mercado vai estar em 30 anos, e de quais habilidades as pessoas irão precisar. A única coisa que temos certeza, é que elas vão precisar continuar aprendendo e se reinventando por toda a vida, porque a única certeza é a necessidade da mudança.
Artigo inspirado no livro Empatia Assertiva. #ficaadica
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