Poucas palavras são tão comuns hoje quanto a palavra “disrupção”. Em todo lugar onde vou, ouço gerentes falando sobre os medos de ser disruptivo. Alguns sugerem que há um certo exagero no uso da palavra, e que ela perdeu seu potencial. Eu discordo. Se você quer entender de inovação, se inteirar sobre disrupção é vital.
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O conceito de inovação disruptiva foi criado por Clayton Christensen e seus companheiros em “The Innovator’s Dilemma” (O Dilema da Inovação), em 1995. A ideia principal é que não só as tecnologias são impactadas por ela: canetas-tinteiro substituídas por esferográficas, CDs por streaming, filme pelo digital. Empresas de tecnologia também estão sendo limadas do mercado: Parker, Waterman e Sheaffer foram substituídas por Bic e Philips. Sony, pelo Spotify. Kodak, pela SanDisk que, por sua vez, está sendo substituída pelos serviços em nuvem. A grande dor da disrupção é a remoção de empresas tradicionais. Empregos que eram essenciais passam a não ser mais valiosos. Isso vale para companhias, investidores e empregados…
Por que agora?
Como nos exemplos mencionados, a disrupção não é um fenômeno novo. Três coisas mudaram e deixam a disrupção mais frequente e provável:
Convergência digital: à medida que a revolução digital permeia todas as áreas de nossas vidas, vemos barreiras tradicionais desaparecerem quando empresas se esforçam para estabelecer o “novo normal” em indústrias antigas. O Airbnb é um exemplo de onde simplesmente ter conhecimento sobre internet e familiaridade com big data superou os tradicionais instintos do setor hoteleiro.
O novo mindset da inovação: a disrupção se relaciona mais à experiência do que à tecnologia. Ao focar nos problemas, e então usar a inovação como o “passe livre”, mudamos a forma de inovar. Uma vez que o Dollar Shave Club reconheceu os problemas na jornada dos consumidores de produtos para cuidados com a barba (design thinking!) não foi induzido a equiparar as caras atividades de pesquisa e desenvolvimento da Gillette. Apenas mudou a experiência de compra de lâminas, sem a necessidade de um único engenheiro!
O surgimento do “disruptor” profissional: visite qualquer universidade e você encontrará um número significativo de estudantes com experiência digital. Jovens familiarizados com o novo jeito de pensar inovação e que decidiram recusar ofertas de grandes empresas. Coloque estes três vetores juntos e você criará uma força para a desestabilização dos negócios como conhecemos.
Por que nós?
Os tempos mudaram. Mas por que nós, líderes de mercado, precisamos nos preocupar? Porque indústrias sofrem a ação da disrupção; não as empresas. Empresas tradicionais estão muito ocupadas se comparando a seus competidores tradicionais que, sinceramente, têm poucas chances de trazerem alguma surpresa. Elas também têm poucas chances de levar intrusos a sério, porque, afinal de contas, quem conhece melhor os negócios que seus líderes de mercado? Por causa da hesitação, empresas que estão sendo ameaçadas esperam que essa ameaça vá embora. Para ser honesto, a disrupção não é rápida. A Kodak demorou 35 anos para fechar depois do lançamento da primeira câmera digital. Ela também não é completa. Nem tudo sofre disrupção ao mesmo tempo. Mas pense nisso como uma hemorragia no fluxo de caixa. Como algo implacável. Se o sucesso é perigoso, a hesitação é suicida.