O mercado brasileiro de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem boas perspectivas para este ano, segundo projeção da IDC Brasil apresentada em seu estudo anual IDC Predictions Brazil, que relaciona as principais tendências para o setor.
Com a expectativa de se firmar como o 11º mercado do mundo com US$ 75 bilhões, sendo US$ 46 bilhões de TI e US$ 29 bilhões de telecom (o que equivale a 1,7% do mercado mundial de TIC e 33% da América Latina), o mercado brasileiro de TIC deve ter crescimentos importantes em TI e Telecom. De acordo com a pesquisa, o mercado global deve avançar 5% neste ano, alcançando um total de US$ 80 bilhões – projeção acima dos US$ 75 bilhões esperados para 2022.
Cenário de otimismo moderado
O crescimento na área de Telecom deve ser de 3% e de 6,2% para TI – este mercado será impulsionado principalmente pelo consumo de soluções tecnológicas B2B, que deve ter um crescimento de 8,7%, com destaque para as áreas de Software e Cloud.
“De modo geral, o cenário de otimismo moderado do segmento de TI em 2023 se deve a ajustes e redirecionamentos de gastos, enquanto Telecom será puxado pela crescente importância da conectividade e avanço da nuvem e do 5G. Ambos cenários têm sido estimulados pelo interesse por novas tecnologias e pela necessidade das empresas em acelerar seu crescimento por meio de aumento de produtividade, introdução de novos produtos, e serviços suportados pelo digital e maior proveito do volume de dados gerados pelos negócios”, conta Luciano Ramos, Country Manager da IDC Brasil.
O crescimento da TI tem superado o avanço do PIB
em toda a América Latina
A pesquisa revela que o mercado de TI performa melhor e se descola do crescimento do PIB. A razão disso está nas vantagens do uso de TI em diversos cenários globais: “Em momentos de crise, como no caso da pandemia, a TI auxilia as empresas a gerirem melhor os seus negócios, enquanto momentos favoráveis economicamente, a TI impulsiona os negócios”, comenta o Country Manager.
As iniciativas de negócio apontadas pelas empresas para 2023 deixam claro que este será um ano voltado para o crescimento. 39,8% dos entrevistados na pesquisa da IDC Brasil disseram que veem o aumento da produtividade da organização como uma das três principais iniciativas de negócio que exercerão maior influência no direcionamento dos investimentos de TI em 2023, seguido da criação ou aprimoramento de produtos e serviços, com 34,9%, e o melhor aproveitamento de dados para gerar novas receitas, com 33,7%. “TI e dados estão no cerne das principais iniciativas, seja para proporcionar novas experiências ou potencializar relacionamentos entre clientes e fornecedores”, pontua Luciano Ramos.
Companhias devem buscar maior controle sobre
uso e gastos da nuvem
Para 93% das empresas consultadas pela IDC, a otimização e redução dos custos de nuvem por meio de automação e pelo avanço do FinOps devem estimular os investimentos em provedores de serviços gerenciados. Somente no Brasil, os gastos somados com IaaS (Infrastructure as a Service) e PaaS (Platform as a Service) passarão dos US$ 4,5 bilhões – um aumento de 41% em relação a 2022. Isso quer dizer que a TI terá que olhar para estratégias que simplifiquem a gestão e a conectividade de diferentes ambientes, tornando-os híbridos e Multicloud mais eficientes em relação aos custos.
Além disso, pautas relacionadas à ESG (Environmental, Social and Governance) ganham mais espaço, pois as empresas passarão a exigir informações mais transparentes dos provedores sobre o impacto da nuvem em relação às emissões de carbono, direta ou indiretamente. “Os fornecedores precisarão estar preparados. Atualmente, 79% das empresas de grande porte no Brasil já avaliam se o uso de uma determinada tecnologia vai demandar mais ou menos recursos naturais. Há uma grande preocupação das áreas de negócio sobre como Cloud pode contribuir para imagem e resultados da empresa relacionados a ESG”, pontua o executivo.
O core das redes de Telecom ganham avanço
A necessidade de habilitar novas funções de TI, como Business Support Systems (BSS) e Operations Support System (OSS), digitalização de atendimento, aspectos data-driven, implementação de redes 5G, e elevação da conectividade nas empresas, provocarão uma mudança na estruturação das redes de telecomunicações e mudarão o relacionamento entre companhias do setor e provedores de nuvem.
“A IDC espera que, em 2023, haja mais acordos relacionados a funções do core das redes e virtualização. Com o fortalecimento dos laços entre provedores de nuvem e Telcos, esperamos um aprimoramento da transformação digital dessas empresas, que devem assumir algumas das tarefas necessárias nesse novo momento. Nos próximos cinco anos, o consumo de nuvem pelo segmento de Telecom crescerá, em média, 35,2% em IaaS e 42,2% em PaaS anualmente”, avalia Luciano Saboia, diretor de Pesquisa e Consultoria de Telecomunicações da IDC Latin America.
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Habilitadas pelo 5G, redes privativas móveis permitirão aplicações otimizadas de IoT, AI e ML
Com a chegada do 5G, empresas de diversos setores investirão mais em redes privativas móveis para atender às necessidades específicas de suas operações e resolver desafios de conectividade. “Nunca antes uma nova geração de conectividade trouxe tanta expectativa de transformação para os negócios. Esperamos que todo o ecossistema de tecnologia seja impactado, incluindo operadoras de telecomunicações, OEMs (Original Equipment Manufacturer) de dispositivos, provedores de nuvem e de equipamentos de rede, desenvolvedores de softwares e aplicativos, até integradores”, analisa Saboia.
As novas possibilidades de receitas no setor geradas a partir das redes privativas móveis devem causar impactos em segurança, armazenamento, nuvem, gerenciamento e análise de dados, além de outros serviços gerenciados necessários para aplicações mais complexas, como Internet of Things (IoT), Artificial Intelligence (AI) e Machine Learning (ML). Estes fatores somados ao impacto dos crescentes investimentos em TI no Brasil gera a projeção de crescimento acima dos 35% ao ano até 2026 para o mercado nacional de redes móveis.
Aplicações de negócio consumidas a partir da nuvem se consolidam como principal caminho para modernização
As aplicações de negócios ofertadas no modelo SaaS (Software as a Service) estão avançando rapidamente e, para 2023, cerca de 29% das empresas farão investimentos estratégicos relacionados a SaaS.
“O grande desafio será evitar que diferentes soluções consumidas a partir da nuvem se transformem em silos com potencial para dificultar o compartilhamento e integração de dados e aumentar os custos com conectividade”, avalia Ramos. “Os provedores de serviços gerenciados serão extremamente importantes nesse cenário, pois cuidarão da integração dessas soluções e da modernização de aplicações para habilitá-las na nuvem de forma adequada e funcional”, comenta Luciano Ramos.
Segundo o estudo, o mercado de Software deve crescer 15,1% neste ano, seguido por soluções de segurança, gestão de dados, AI e Customer Experience. Já em 2023, metade do que é gasto com software no Brasil será investido no modelo SaaS, com crescimento de 27,6%.
Fusão de inteligência e automação traz novas capacidades para apoiar os negócios, mas ainda precisa ganhar confiança
20,5% das empresas brasileiras de grande porte entrevistadas pelo IDC dizem que os processos de automação e Robotic Process Automation (RPA) serão estratégicos para as iniciativas que envolvem TI em 2023. Além disso, a AI vai ganhar mais espaço nos orçamentos, sendo o terceiro com maior potencial, atrás apenas de Cloud e segurança.
“Ainda há um desafio de confiança para delegar a tomada de decisão para capacidades autônomas de AI, que não será resolvido no curto prazo. Por isso, a IDC acredita que em 2026 ainda teremos metade das empresas enfrentando esse impasse”, analisa o Country Manager da IDC Brasil.
Com o amadurecimento da AI, a expectativa é que o Brasil ultrapasse US$ 1 bilhão de gastos em 2023 com essa tecnologia, 33% a mais em relação ao ano passado. Já os gastos com soluções de automação inteligente devem ultrapassar os US$ 214 milhões, apontando um crescimento de 17%.
Segurança de TI e dados: prioridade e motivo de
preocupação para as empresas
Desde o primeiro pico de incidentes de Ransomware em 2017 e 2018 (WannaCry), segurança é tida como prioridade da maioria dos executivos de TI no Brasil (53,6% em 2022) e na América Latina (50,6%). para 2023, Pietro Delai, diretor de Pesquisa e Consultoria de Enterprise da IDC Latin America, diz que a perspectiva é que o cenário se mantenha: “A segurança de TI e dados continuará no topo das preocupações das empresas brasileiras. Antes, para falar com um colega de trabalho e passar alguma informação ou dado, bastava olhar para o lado, e as informações sigilosas ficavam centralizadas dentro da empresa. Agora, seja via chat, WhatsApp, e-mail ou outra ferramenta, a informação vai trafegar vários quilômetros, e o dado sensível e confidencial estará espalhado em muitas nuvens. Por isso, a forte preocupação com a segurança das informações não vai diminuir”.
No Brasil, os gastos com soluções de segurança devem atingir US$ 1,3 bilhão em 2023, um crescimento de 13% em relação a 2022.
O mercado de devices representará 43,7% de todas
as receitas de TI no país
Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Latin America, esclarece que o mercado de Devices (desktops, notebooks, tablets, feature phones, smartphones, impressoras, multifuncionais, monitores e wearables) enfrentaram diversos momentos críticos em 2022 e seguirá com uma dinâmica desafiadora em 2023: “As fabricantes entrevistadas pela IDC Brasil indicam um sentimento misto, mas, no geral, esperam um primeiro semestre de adaptações ao novo governo e um segundo de certa recuperação e relativo crescimento no consumo das famílias”.
Mesmo com um crescimento moderado das receitas, os Devices ainda terão relevância para o segmento de TI, com smartphones representando US$ 13 bilhões, computadores US$ 5,8 bilhões, Wearables US$ 882 milhões, impressoras US$ 542 milhões e Tablets US$ 464 milhões.
Algumas mudanças iniciadas no último ano seguirão em 2023. O varejo online, por exemplo, perdeu participação em 2022 e cederá ainda em 2023, apesar do portfólio e dos benefícios oferecidos aos usuários. No entanto, este setor mantém seu grande potencial para os próximos anos. Enquanto isso, o varejo físico retoma os espaços perdidos para o online e seguirá a mesma trajetória em 2023.
“O principal motivo da queda do varejo online é que as lojas físicas voltam a ganhar mais espaço por conta da maior flexibilidade de negociação no momento da venda associado a um volume de brasileiros que voltaram às compras presenciais após o auge da pandemia”, esclarece Reinaldo Sakis. A IDC estima que os varejos físicos e online gerem US$ 10 bilhões e US$ 5 bilhões, respectivamente, em 2023.
Os benefícios do alinhamento com as práticas de ESG
Empresas compradoras de Devices estão demonstrando ações de sustentabilidade em andamento e como elas estão conectadas ao negócio e às boas práticas de ESG. A IDC prevê que os fabricantes e canais de distribuição que oferecem produtos ou serviços alinhados com ESG terão mais chances de sucesso.
“Empresas nacionais e multinacionais já começam a olhar para os Devices como ponto de partida para demonstrar resultados e métricas alinhadas ao ESG. Por isso, os fabricantes ou canais que oferecerem práticas que demonstram preocupação com padrões e boas práticas sociais, sustentáveis e de gerenciamento – como créditos de carbono, uso responsável dos recursos, Device as a Service alinhado ao ESG, logística reversa e economia circular – devem sair na frente de seus concorrentes. Hoje, esses tipos de iniciativas são considerados diferenciais competitivos”, conclui o diretor.
A estimativa da IDC é que 5% das vendas de Devices para empresas B2B serão concluídas em 2023 por terem certo alinhamento com conceitos ESG, o que representa algo em torno de US$ 250 milhões.
Para quem deseja iniciar práticas em ESG, Reinaldo Sakis pontua que o assunto é tratado em grandes empresas, mas pouco se ouve em micro e pequenos negócios. “Pensando nessas organizações, talvez o ponto de partida seja observar o compromisso dos seus provedores com essas práticas de ESG e sustentabilidade de forma que ela priorize o consumo de produtos e serviços e soluções de empresas que mostram esse compromisso diante do mercado. Isso tem se tornado cada vez mais comum, os provedores têm mostrado lidam com esses temas, como as pegadas de carbono. Trazer iniciativas de Devices que mesmo as pequenas empresas possam ter melhorias pelo uso mais sustentável de Devices é um ponto de partida”, finaliza.
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