As crianças da geração Alpha, de até 9 anos, já nasceram em um mundo conectado e interagem naturalmente com assistentes de voz, como Alexa e Siri. Mas isso não quer dizer que elas acreditem cegamente nas respostas que recebem.
Pesquisas revelam que as crianças não só não confiam nos assistentes de voz, como também tentam testar as informações fornecidas por eles.
A popularização das interfaces de voz, como a Alexa, da Amazon, a Siri, da Apple, e o Assistant, do Google, representa uma oportunidade para as crianças, que ainda não são leitores fluentes, pesquisarem de forma independente na internet.
A pesquisadora Judith Danovitch, da Universidade de Louisville, nos EUA, percebeu que seu filho de quatro anos fazia perguntas para a assistente de voz da família do tipo “qual é meu nome?” e “qual é a cor da roupa que estou vestindo?”. De acordo com a pesquisadora, que realiza estudos de confiança com crianças, ele estava testando os limites do conhecimento da Siri.
Em artigo publicado no The New York Times, a pesquisadora explica que esse tipo de comportamento sugere que as crianças não têm certeza se as novas tecnologias podem responder às suas perguntas e, às vezes, podem ser totalmente céticas em relação às respostas que recebem.
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“As crianças estão prestando atenção”, diz Danovitch em sua pesquisa, citada pelo MIT Technology Review. “Estão de olho em quem sabe do que está falando e quem não sabe. As crianças não acreditam cegamente em todas as respostas que recebem. E isso também é verdade para a internet ou programas de computador. As crianças também não acreditam neles cegamente”, diz.
Essa ideia de que as crianças testam os conhecimentos dos assistentes de voz, assim como os conhecimentos dos adultos, foi corroborada por um estudo da pesquisadora Silvia Lovato, da Northwestern University.
De acordo com a pesquisadora, as crianças fazem dezenas de perguntas aos assistentes de voz para tentar entender até onde vai o conhecimento deles.
O problema é que, muitas vezes, os sistemas de voz são programados para responder “Eu não sei” ou alguma resposta vaga para perguntas vagas, pessoais ou que não tem resposta definida. Então, quando as crianças perguntas se unicórnios existem e o assistente de voz não responde definitivamente, ele se torna menos confiável para este público.
Máquina x humanos
A pesquisa de Judith Danovitch também identificou que as crianças tendem a confiar mais nas respostas de humanos do que nas dadas pelos assistentes de voz.
Danovitch e sua equipe reuniram crianças de 5 a 8 anos e perguntaram “quanto dias Marte leva para dar uma volta ao redor do sol?“. Os pesquisadores mostraram duas respostas diferentes para os jovens: a internet disse 600 dias e sua professora disse 700 dias. As crianças, em sua ampla maioria, confiaram mais na resposta da professora.
Segundo Danovitch, esse comportamento faz sentido porque os pequenos conhecem a professora e já desenvolveram um forte relacionamento pessoal com ela.
No entanto, a pesquisadora explica que as crianças têm o mesmo comportamento quando devem escolher respostas de assistentes de voz ou de colegas de classe, o que mostra que o fator “autoridade” da professora não faz diferença.
A teoria da pesquisadora é que a idéia de assistentes de voz – e, por extensão, da Internet – é abstrata. Confiar em outras pessoas, no entanto, já faz parte da nossa evolução como humanos.
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