O número de roubos de cargas cresceu 86% na comparação entre os anos de 2016 e 2011, segundo dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) no último dia 16 de março. No ano passado, foram registrados exatos 22.500 ocorrência contra 12.124 há seis anos. Desse total, 84% dos casos foram registrados no Rio de Janeiro e em São Paulo.
O estudo considerou alguns trechos da BR-116, entre Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, da SP-330, entre Uberaba e Santos, além da BR-050, entre Brasília e Santos.
O levantamento da entidade considerou também o prejuízo da carga desviada por criminosos. Em 2016, a perda foi de R$ 1,4 bilhão, quase o dobro dos R$ 761 milhões registrados em 2011.
Esses números colocam o Brasil na ingrata oitava colocação do mais país mais perigoso do mundo para o transporte de carga, de acordo com um levantamento feito no Reino Unido. O estudo inglês afirmou que a logística no país é tão perigosa quanto no Iraque ou na Somália – países que possuem conflitos armados em seus territórios.
O varejo perde
A conta pelos seguidos roubos que ocorrem nas estradas do país não é paga apenas pelas transportadoras e fornecedores. O varejo, em um primeiro momento, e o próprio consumidor são diretamente atingidos por esse problema. No caso do e-commerce, a situação é ainda pior: afinal, há uma clara dependência desse serviço para o envio de produtos para diversas localidades.
Mas qual seria esse custo? Outro levantamento da própria Firjan ajuda a mensurar o tamanho desse prejuízo a todos. Segundo a entidade, há seguradoras que cobram adicionais na apólice que podem chegar a 1% sobre o valor da carga.
Além disso, a própria entidade alerta para o risco de desabastecimento em estados como o Rio de Janeiro, uma vez que há seguradoras que não oferecem o próprio seguro nesse estado. Pior: quem faz, cobra valores bem diferentes em outros localidades do país.
O perfil da logística no Brasil
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Brasil possui mais de 70 mil empresas de transporte. Elas são responsáveis pela movimentação de alimentos e produtos para o abastecimento de mercadorias aos consumidores, comércios e indústrias.
Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 61% de toda a carga transportada no Brasil utiliza o sistema modal rodoviário; 21% passam por ferrovias, 14% pelas hidrovias, terminais portuários fluviais, marítimos e apenas 4% por via aérea.
Em todo o território nacional, as movimentações de cargas dependem de um seguro de responsabilidade civil, que é obrigatório. A medida visa evitar prejuízos em casos de roubos e acidentes. Esse processo de registrar a movimentação, análise e verificação da mercadoria é conhecida como “averbação eletrônica”. Em linhas gerais, isso significa que toda carga precisa estar assegurado. “Por isso, é importante que todos os segmentos de transporte realizem a averbação eletrônica de suas mercadorias transportadas, alerta Flademir Lausino de Almeida, sócio diretor da AT&M Tecnologia, empresa especializada nesse procedimento.