As notícias extensivas sobre corrupção no Brasil e as empresas mencionadas em cada uma delas têm mudado a visão que jovens profissionais têm sobre carreira em grandes empresas. Eles se recusam a sequer se candidatar a uma vaga em companhias que têm histórico de corrupção. Pesquisa da Vagas.com
mostrou que 80% deles ignoram oportunidades nessas empresas.
A empresa entrevistou 1.402 profissionais, sendo 56% deles com nível superior e uma idade média de 26 anos. O levantamento foi realizado em maio e, segundo Rafael Urbano, coordenador da pesquisa, evidente que as notícias diárias sobre o tema, principalmente sobre a operação Lava Jato, influenciou
as respostas.
“Se uma empresa é marcada por desvios de dinheiro, má gestão ou que fere os valores, eles não se candidatam. Claro que pegamos justamente o clima da Lava Jato. Então, as pessoas têm clareza do que é desvio de conduta, de dinheiro e corrupção”, afirma.
Ele explica que os profissionais temem ter suas carreiras vinculadas a empresas com práticas de corrupção. Mas esses jovens não sofrem apenas os efeitos do momento. Urbano explica que, mais do que isso, os jovens profissionais já têm nos seus valores trabalhar em companhias com propósitos claros e transparência na gestão. “Os jovens que estão entrando no mercado de trabalho agora, procuram empresas com ética. O que vem acontecendo no País é marcante, e esses jovens estão mais preocupados se essas empresas vão ao encontro dos seus valores”, afirma.
Essa visão, então, sobre valores está sim relacionado a gerações, principalmente aos Millennials e Z’s. “Tem algum divisor de águas. É uma percepção que eles trazem sobre valorização e respeito”, afirma. De fato, a pesquisa mostra que valores como valorização humana, respeito e ética foram os mais citados pelos pesquisados como os mais importantes para um profissional se candidatar a uma vaga. Veja:
Consequências
As empresas que não são consideradas como empregadoras pelos jovens, podem perder mais do que gente capacitada no futuro. Elas podem perder valor. “Uma empresa que não é atrativa, não é empregadora, e não tem o poder de atração fica fragilizada no médio e longo prazos. Elas precisa precisam mudar suas condutas internas de compliance, trocar o corpo diretivo”, avalia Urbano.
Para o especialista, é possível virar a chave. Um exemplo claro e recente é o da própria Petrobras. A empresa passou por escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro, perdeu valor de mercado, mas tem efetuado mudanças e conseguido mante a atratividade no mercado de trabalho. “Apesar do que aconteceu, o que temos acompanhado é que as regras de compliance da empresa mudaram e mudaram as pessoas. Isso provoca uma mudança e ela se tornou atrativa novamente”, afirma.
A pesquisa mostra que, na avaliação dos profissionais ouvidos, o sucesso ou não das empresas está ligado aos valores dela: 89% acreditam nisso e 11% não condicionam os resultados da empresa aos valores.