Além de afetar a vida da população do mundo inteiro, a pandemia do covid-19 está impactando negativamente a indústria do turismo e pode causar o colapso do setor, caso as restrições de movimentação das pessoas perdurem por muito tempo.
Companhias aéreas cancelaram voos e mantém suas aeronaves ociosas em solo, hotéis e AirBnb estão com baixa ocupação, parques temáticos e museus estão fechados, operadores de atividades turísticas estão sem clientes e companhias de cruzeiro atracaram seus navios para evitar novas contaminações durante as viagens.
De acordo Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o setor do turismo no Brasil gerou um faturamento de R$ 238,6 bilhões em 2019 e emprega formalmente cerca de 2,9 milhões de pessoas.
Para evitar um colapso geral, entidades buscam junto ao ministério do Turismo a adoção de medidas emergenciais para garantir a sustentabilidade do setor. Dentre as demandas estão linhas de crédito com carência de pagamento, liberação de FGTS para funcionários do setor e padronização em relação às políticas de remarcações e cancelamentos de viagens.
Segundo carta enviada ao Ministério do Turismo pelas principais entidades do setor no Brasil, “esta é a maior crise vivenciada pelo setor na era atual e prevemos um altíssimo índice de falências entre as empresas relacionadas ao turismo, resultando em milhares de pessoas desempregadas e impactos diretos e indiretos no PIB brasileiro”. Dados publicados pelas entidades dão conta de que, apenas em março deste ano, 85% das viagens foram canceladas no Brasil.
Companhias aéreas em crise
Com as restrições de viagens a lazer e negócios, fechamento de fronteiras e recomendações de especialistas para que a população dos países afetados pelo coronavírus fiquem em casa, as companhias aéreas foram as primeiras a sofrer os impactos da pandemia. Ao redor do mundo, companhias aéreas de todos os países anunciaram redução da frequência de voos e flexibilização nas políticas de cancelamento e reembolso das passagens.
Aqui no Brasil, a Gol anunciou o cancelamento de todas as suas rotas internacionais e reduziu em 50% a frequência de voos nacionais. A diminuição das atividades totais até meados de junho deve atingir entre 60% e 70%, segundo comunicado da Gol. Segundo o G1, a Azul reduziu de 20% a 25% a sua malha aérea no mês de março, e entre 35% a 50% em abril e meses seguintes. A Latam também anunciou a paralisação de 90% dos voos internacionais e 40% dos domésticos em razão da queda na demanda.
Nos Estados Unidos, autoridades já discutem um plano de recuperação (bailout) para as companhias aéreas que injetaria pelo menos US$ 25 bilhões no setor para evitar que as empresas quebrem.
Hotéis vazios
Se as pessoas não podem viajar, hotéis e apartamentos alugados no Airbnb ficam vazios. Segundo Chip Rogers, CEO da American Hotel & Lodging Association, o impacto do coronavírus para o setor de hoteleiro nos Estados Unidos será maior do que os ataques de 11 de setembro e a recessão de 2008 combinados. Segundo Rogers, citado pelo site especializado no mercado de turismo Skift, metade dos hotéis americanos pode fechar neste ano.
De acordo com Christopher Nassetta, CEO da rede de hotéis Hilton, a taxa de ocupação de hotéis no mundo todo pode cair para cerca de 10% durante o período em que a pandemia do covid-19 se alastra. Segundo o site Skift, a rede de hotéis deve fechar temporariamente a maioria de suas propriedades nas principais cidades americanas.
Cruzeiros atracados
Navios de cruzeiro, com milhares de pessoas confinadas num só local, são especialmente perigosos para a contaminação do covid-19. Além disso, o fechamento de fronteiras e restrições de viagens em vários países estão impossibilitando a realização de trajetos internacionais.
A MSC e a Royal Caribbean, duas das principais companhias de cruzeiro do mundo, que operam também no Brasil, anunciaram nesta semana a suspensão de todas as suas viagens até pelo menos abril deste ano.
Passeios e tours adiados
Os passeios e tours operados por companhias locais também foram duramente impactados pelos cancelamentos das viagens. Segundo pesquisa global da empresa Arival, especializada no setor de agências de passeios turísticos, mais de uma em cada quatro operadoras, ou 28%, enfrentam risco moderado a alto de falência nos negócios se as restrições de viagem não forem atenuadas e a demanda não começar a retornar dentro de três meses.
Esse risco aumenta para 46% das operadoras se a recuperação não começar após seis meses. Caso as restrições de viagens perdurem por um ano, pelo menos 65% das agências correm risco de falência, diz pesquisa.
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