Os consumidores estão mais conscientes das escolhas de consumo. Tanto é que o volume de consumo do ano passado voltou ao ritmo de 2010, segundo mostrou estudo da Kantar Worldpanel, apresentado na Apas 2016, feira e congresso da Associação Paulista de Supermercados, que começou hoje (02), em São Paulo.
O estudo mostra que tanto o número de visitas como a quantidade de itens levados para a casa foram menores em 2015. “Ele vai menos ao ponto de venda, então, é preciso ter o sortimento adequado quando ele chega lá. Isso é crucial na crise. O varejo precisa aproveitar esse momento e tentar converter o maior número de produtos”, afirma Christine Pereira, diretora comercial da Kantar.
Apesar disso, em número de categorias, houve uma estabilidade em todas as classes socioeconômicas. Essa relação mostra que os brasileiros estão mais conscientes e estão fazendo melhores escolhas.
A crise econômica e os juros mais altos fizeram os consumidores diminuírem os gastos com planos de telefonia. Os gastos com refeições foram de casa foram 8% menores. Até os animais de estimação sofrem com essa diminuição de gastos: os brasileiros estão começando a dar comida caseira no lugar de rações industrializadas.
Apesar da crise, contudo, alguns novos gastos foram incorporados à rotina dos brasileiros, como gastos com internet e TV por assinatura – reforçando a tendência do lazer dentro do lar, em substituição do lazer fora de casa. A alimentação fora do lar representa 19% dos gastos dos brasileiros e com a redução dos gastos fora de casa, a tendência é que esse item cresça. “Ao longo do tempo, desde 2006 a 2015, a medida que os consumidores ganhavam mais, eles gastavam mais. E havia oportunidades enormes”, afirma Christine. “Agora, eles abrem mão de muitas coisas e começam a fazer malabarismos com o orçamento”, diz.
Nessa toada, elas abrem mão de lazer, viagem e itens eletrodomésticos, mas priorizam a cesta mais básica, mas de forma mais racional. “Hoje em dia tudo concorre com tudo”, diz. “Temos de ter essa adequação do sortimento e verificar quais as prioridades do consumidor”, diz.