“Jovens captam o espírito do tempo, entendem o novo e transformam tudo”. Foi dessa maneira, direta e sem rodeios, que a McKinsey iniciou um painel espetacular sobre a Geração Z, que aconteceu nesta semana, e o impacto brutal que ela terá na cultura, nas empresas e na forma pela qual consumimos.
A equipe da McKinsey fez uma rápida apresentação sobre o contexto de características das gerações anteriores: Baby Boomers foram idealistas e revolucionários, os membros da Geração X foram materialistas, competitivos e individualistas. Os Millennials, a geração mais enfocada atualmente, são abstratos, questionadores e têm visão global e conectada. E sua visão de consumo demanda experiência.
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E a Geração Z? Partindo do pressuposto de que esta geração compreende os jovens nascidos por volta de 1995, o estudo qualitativo – que será complementado com apurações quantitativas – revela um contexto diferente. Isso porque os nativos da Geração Z constituem o primeiro agrupamento de indivíduos que nasceu digital, conectado, móvel e que nunca viu o mundo sem internet.
Falamos então de uma geração hiper-cognitiva, capaz de viver múltiplas realidades, presenciais e digitais, ao mesmo tempo. A tecnologia propicia que estes jovens vivam diferentes realidades e absorvam grande complexidade, com muita informação visual e muitos recursos para controlar cada passo da vida.
O imprevisto sob controle
Uma provocação inquietante do estudo foi apontar para uma possibilidade impensável às gerações anteriores, mesmo para os Millennials. Os membros da Geração Z poderão ter muito mais capacidade de eliminar variadas formas de imprevistos. A partir da tecnologia e do uso intensivo de aplicativos que contornam problemas cotidianos, os jovens habilitam-se a eliminar toda sorte de eventos imprevisíveis. Prever, antecipar e simplificar são seus imperativos. O fato de viverem completamente imersos em tecnologias e redes dá a eles muita margem de manobra, mobilizando comunicação e ações corretivas em um nível ainda não praticado ou experimentado por gerações anteriores.
Ética singularidade e acesso
Os reflexos do comportamento da Geração Z formarão o maior abismo geracional já registrado. Poucos modelos existentes são referenciais para estes jovens. Isso porque na cabeça deles, empresas precisam ser radicalmente éticas, acessíveis e singulares. Isso significa que eles buscam empresas nas quais o marketing seja o guardião da ética e não das promessas vãs e da comunicação unidirecional.
Claramente, o Z valoriza muito mais o acesso do que a posse, característica já latente nos Millennials, mas visceralmente potencializada. Finalmente, a singularidade irá exigir que cada consumidor seja reconhecido como único, justamente porque prevalece o “reino do eu”. Como o Z é hiper-cognitivo, capaz de transitar por múltiplas realidades, ele também é hiper-personalista. Quer a experiência radicalmente customizada. Viva a segmentação do um.
A exigência por verdade nas empresas terá de acontecer de fora para dentro e de dentro para fora. Saem as black boxes e entram as glass boxes. Transparência absoluta, defesa veemente de causas reais, e atuação rigorosa e constante como agentes de transformação serão condicionantes para que as empresas possam ter o direito de seguir existindo.
Se a Geração Z conseguir exercer o poder que prenuncia, a transformação hoje em curso será vista com saudosismo em poucos anos. O consumo da verdade exigirá empresas capazes de atuarem de forma singular, acessível e fundamentalmente ética.