Estamos adiando levar este papo a sério. A gente sabe que uma hora vamos ter que parar para discutir de verdade, mas por enquanto seguimos consumindo despreocupadamente. Vários estudos mostram que o ritmo de consumo não pode continuar da mesma forma por muito mais tempo. Populações crescem e, o que chamamos de desenvolvimento, requer cada vez mais gente com acesso a bens materiais e energia. Não há como o planeta se renovar e fornecer condições para este crescimento.
Quem explica isso muito bem é a Global Footprint Network – organização que mede o consumo dos recursos naturais e informa a data em que a capacidade de renovação do planeta para um ano foi esgotada.
O último cálculo publicado mostra que, desde o dia 2 de agosto deste ano, a humanidade já esgotou todos os recursos que o planeta teria condições de renovar nos próximos 365 dias. Ou seja, até 31 de dezembro estaremos consumindo antecipadamente o “estoque” de 2018. E assim nossa dívida vai aumentando…
Confira a edição digital da revista Consumidor Moderno!
Mas esta não é uma análise catastrófica. É uma visão otimista, que celebra o fato de que agora conhecemos o problema e poderemos buscar soluções.
Desde que, há poucas décadas, o consumo começou a ser questionado, surgiram várias iniciativas públicas e privadas para diminuir o impacto ambiental. Começamos estimulando a reciclagem de materiais, mas percebemos que há muitas outras alternativas. Aprendemos a compartilhar, alugar, trocar, não deixar parado e até, quem diria, a consumir menos.
Do ponto de vista industrial e do poder público, existem muitas atividades já em prática: melhoria dos processos produtivos, transformação de resíduos em insumo, uso mais eficiente da água etc. Já no lado privado, em nosso dia a dia, também temos muitas notícias boas todos os dias. No ano passado o Ibope Conecta fez uma pesquisa, encomendada pela OLX, para entender como o brasileiro está se relacionando com o consumo e o acúmulo de produtos em casa. Esse estudo descobriu dados muito otimistas. Mais de 91% dos internautas brasileiros assumem que têm produtos sem uso em suas casas, e destes, mais de 84% estão dispostos a vender.
Leia também: Duplamente sustentável – aumenta o consumo de bicicletas na OLX
A pesquisa também constatou que o internauta brasileiro tem, em média, mais de R$ 4.200,00 em produtos sem uso em casa que podem ser vendidos. E estender a vida útil de um produto passando para outra pessoa é muito mais econômico para o planeta do que reciclar um mesmo produto.
Cruzando esses dados com o fato de que somente 15% dos brasileiros com acesso a internet já vendem produtos usados, fica fácil entender o potencial de crescimento do consumo de usados. O panorama é animador. Só na OLX, todos os meses 700 mil brasileiros desapegam pela primeira vez.
Nesse modelo de consumo, onde o consumidor é quem dita as regras, os preços e as condições; todos ganham – quem vende, quem compra, a comunidade e o meio ambiente.
Felizmente, vemos cada dia mais gente trocando o verbo consumir por emprestar, substituindo o hábito de acumular pelo de desapegar. E desta forma, transformando a perspectiva de um futuro caótico em uma realidade mais compartilhada, mais divertida e mais consciente.
Hoje, comprar e vender usados ainda é opção. Vamos nos esforçar para que continue sendo assim.
*Pupo Neto, diretor de Branding e Customer Service da OLX Brasil