Chegou dezembro! O mês do consumismo já começa no vácuo da Black Friday. Tirando a preocupação com a fatura do cartão de crédito, você já parou para pensar sobre o que é o consumismo? Todo consumista é consumidor, mas nem todo consumidor é consumista.
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Diferentemente do consumo, onde o ato da compra está ligado à necessidade e sobrevivência como água, comida, energia, entre outros; o consumismo rompe a relação de necessidade, e você passa a adquirir algo que não precisa. Um exemplo para mim é a Nespresso: uma máquina que foi inventada para fazer um café. Que já estava sendo feito no fogão desde que o mesmo era à lenha ou pela cafeteira elétrica. Mas que gera mil vezes mais lixo com suas cápsulas gourmetizadas.
O consumismo é alimentado pela produção constante de novos desejos no mercado e que “nunca pode acabar”. Nas propagandas, a percepção de qualidade de vida está atrelada ao que se tem e não ao que se é. Cria-se um produto com design bonito, coloca-se um nome atrativo, investe-se massivamente em publicidade e ‘tcharan’: foi criado um desejo por algo que você não precisa!
“Mas qual o problema disso?”
O problema é que a grande maioria dos produtos são feitos propositalmente para não durarem, pois em um certo tempo você precisará comprar outro produto igual ou muito parecido ao que você já tinha.
E qual a consequência do consumismo? Do ponto de vista ambiental, há a constante extração de recursos para fazer o produto. Esse modelo linear, de extração e descarte, tem como resultado a escassez de recursos naturais e lixo para tudo quanto é lado. Afinal, para quem foi fisgado pela Nespresso quando surgir um modelo mais moderno e bonito, muito provavelmente vai descartar a velha e querer a nova.
Do ponto de vista emocional, no livro “Vida para Consumo”, Bauman cita a “materialização do amor”, em que as pessoas são expostas a um bombardeio contínuo de anúncios persuadidos a “precisar” de mais coisas. Para comprar aquilo de que agora necessitam, precisam de mais dinheiro. Para ganhar dinheiro, aumentam sua jornada de trabalho. Estando fora de casa por tantas horas, compensam sua ausência do lar com presentes que custam dinheiro. Materializam o amor. E assim continua o ciclo.
Para quem já está com o ‘siricutico’ das compras de fim de ano, com a “necessidade” de comprar, venho através deste lhe informar que muito em breve o desejo por outras mercadorias virá, o que você compra hoje poderá não funcionar mais amanhã e, bem capaz de no Natal de 2022 você estar comprando os mesmos velhos produtos novos.
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*Maria Fernanda Bastos é engenheira civil e do meio ambiente, Mestre em Gestão de Recursos Hídricos e educadora ambiental sobre economia circular e redução do lixo. É idealizadora e fundadora da @minharedinha, negócio de impacto socioambiental.
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