Apostando em tecnologia, experiência e desburocratização, as fintechs ganham cada vez mais espaço no Brasil. De acordo com a pesquisa Fintech Deep Dive, 65% das fintechs brasileiras esperam dobrar a receita em 2022. Tanto potencial atrai empresas de diferentes setores a apostar em criar o próprio banco digital.
Durante o Conarec 2022, no painel “Todas as empresas querem ser fintech. O que o consumidor ganha com isso?”, a mediadora Ingrid Linker, fundadora e COO da Fintech Linker, conversou sobre o momento do mercado financeiro com Ana Paula Kagueyama, head global de customer services e site leader da Paypal; Daniel Moretto, CSO da CSU; Newton Ferrer, diretor comercial da Conectcar; e Raul Moreira, coordenador do comitê de inovação do Banco Original.
Linker, lembra que as fintechs trouxeram a oportunidade de tornar os serviços financeiros escaláveis. “As facilidades oferecidas pelo modelo não são poucas, o que leva muitas empresas a criarem seus próprios bancos. Isso traz muitas oportunidades, como a inclusão. A boa bancarização ainda é um problema no Brasil, há uma parte importante da população desbancarizada. Ter uma conta em banco não é questão de luxo, é uma necessidade”, afirma.
Nesse sentido, as empresas que criam bancos digitais acabam por oferecer uma experiência mais completa e criar valor adicional junto ao consumidor. Principalmente pelo fato de que as fintechs são especialistas em criar soluções para dores. É o que explica Ana Paula Kagueyama: “As fintechs ganharam espaço no mercado ao buscar as melhores soluções para resolver problemas muito claros e trazer benefícios para os clientes. A digitalização, a competitividade e a forma como as coisas estão mudando fazem com que a gente olhe para o cliente de forma mais focada. Ganham a experiência e o consumidor”.
Raul Moreira, do Banco Original, destaca que esse processo ocorre devido a três eixos principais. “O primeiro é o novo consumidor, mais adepto. Antigamente, a gente imaginava que a marca seria uma barreira para a aceitação das fintechs, mas isso não acontece com os novos entrantes. Outro é a evolução da tecnologia que trouxe um processo de mudança muito rápido. E por fim, a regulamentação, que no Brasil ganhou uma estrutura invejável e permite o avanço na inclusão financeira e digital da população.”
Isso permitiu o lançamento e rápido progresso do PIX e vai impactar positivamente no Banking as a Service (BaaS). “Nos próximos dois anos vamos ter muitos avanços e a condução do Banco Central em relação a isso está de parabéns. O BaaS traz a oportunidade de empresas atuarem no mercado financeiro, nós já temos clientes que processam toda a folha de pagamento dentro do próprio banco. Empresas pequenas que estão entrando agora vão trazer uma novas visão e soluções para o mercado. É preciso ficar de olho em questões como criptomoeda, pagamento instantâneo, open finance”, alerta Daniel Moretto, da CSU.
Experiência e segurança como fatores essenciais
Paula Kagueyama alerta que montar uma empresa de meios de pagamentos não é tão fácil. “O grande desafio é se proteger de fraudes sem atrapalhar a experiência do cliente. Recebemos muitos ataques diariamente e precisamos estar preparados para isso, ao mesmo tempo não podemos colocar muitas fricções na jornada. Essa segurança requer muita informação de qualidade e tecnologia”, diz.
A CSU, empresa especializada em gestão de meios eletrônicos de pagamento, tem o desafio de colocar um banco digital com a marca das empresas clientes no ar em 60 dias. Isso só é possível graças ao conhecimento e estrutura de anos da empresa. Moretto explica que muitas startups e fintechs que iniciam no mercado não estão preparadas para fraudes e acabam vendo o negócio desandar por causa disso.
“A segurança faz parte desde do onboarding, até CX e transações, porque todas essas etapas estão sujeitas a fraude. Não existe ninguém seguro, mas se acontecer alguma coisa, você está preparado?”, provoca Daniel.
Quanto mais empresas entrarem no mercado financeiro, mais oportunidades e inteligência de mercado serão criadas. Mas, como lembra Newton Ferrer, essa evolução precisará estar sempre focada no cliente e preocupada com a personalização. “Há uma tendência para a digitalização, mas o mercado ainda busca uma estabilização para evitar picos e tornar o negócio sustentável. Retorno e benefícios para o cliente devem ser pensados ao longo do tempo e a evolução da jornada precisa pensar em produtos e serviços que façam o cliente se sentir à vontade”, diz.
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