Banco Inter, Neon, Next, C6 Bank, Nubank, AgiBank, Original e muito mais. Só o que temos hoje de bancos digitais top of mind já se equipara ou supera os grandes e mais tradicionais bancos do Brasil. E, sim, os grandes bancos também se tornaram digitais. Isso acontece porque a revolução pela qual o setor financeiro brasileiro passa com o Open Banking coloca todo mundo na lógica da economia digital, tornando-se ofertadores de conveniência e facilitações. A consequência é a era dos superapps.
Se alguma dessas premissas acima parece inconsistente, dê uma olhada no seu celular e verá que serviços do Magalu ou Mercado Livre poderiam ser muito bem ser encontrados em apps do setor financeiro com alguma solução a comerciantes. Os superapps são uma categoria de aplicativos que transcendem seu nicho, trazendo uma relação intuitiva ao usuário, que encontra tudo o que precisa para se resolver em pequenos ou grandes acontecimentos da vida.
No caso do setor financeiro, que traz uma inclusão digital e bancária, a consolidação dos neobanks, das fintechs e das techfins faz proliferar superapps que começam a agregar serviços a um amplo espectro de idades, faixas econômicas e demandas. Sejam novos ou tradicionais, os bancos e as novas marcas criadas por grandes bancos tradicionais estão protagonizando um profundo processo de remodelamento dos negócios consolidados — o que foi tema de debate no CIAB FEBRABAN 2021, que contou com os especialistas Raul Moreira, membro dos Conselhos de Administração do Banco Original e da PicPay; Renato Ejnisman, CEO do Next, banco digital do Bradesco; Rodrigo Cury, head do BTG+ e sócio do BTG Pactual, além da participação de Chen Kun Te, chefe de Transformação Digital de Serviços Financeiros para Negócios da Gigante Huawei Enterprise BG.
Ganho de escala e as forças modeladoras
Não é segredo que os neobanks estão buscando escala acima de tudo. O modelo é de uma vasta oferta de serviços baratos e altamente convenientes — o que leva a uma convergência de setores, como observa Ejnisman, do Next. “A fronteira que separava o mundo financeiro do varejo está cada vez mais fina. No varejo, a gente do Next tem uma área de cashback, um site de e-commerce (não integrado) que vamos fazer. O mesmo acontece em outros setores. A gente tem uma parceria com a Disney para contas de jovens e uma com o Disney+“, conta o executivo, ao lembrar que tal convergência também acontece no setor de turismo e saúde. Para ele, o que está por trás dessa convergência é justamente a conveniência, que nasce quando um player conhece o cliente a ponto de dar uma experiência única e extraordinária nos grandes momentos de vida (viagem e compra de casa) ou que simplesmente faz sentindo. “O resultado muitas vezes é um super app.”
Para Raul Moreira, do Original, há três forças agindo neste momento de consolidação dos neobanks: a evolução tecnológica, o advento de um novo tipo de consumidor mais aberto a experiências digitais e uma nova estrutura regulatória com o Open Banking. “Essas três forças favoreceram o surgimento dos neobanks. A experiência é de se tornarem uma plataforma completa. É preciso que tenham todas as transações e necessidades financeiras do consumidor. Por isso, vejo elas ampliando um pouco mais a oferta para além do núcleo principal dos serviços financeiros”, pensa o conselheiro. Para ele, o futuro é de mais plataformas surgindo com diferentes experiências.
O público e as estratégias para conquistá-los
Se o futuro é de mais plataformas com mais serviços, o momento é de diversificação de público que está buscando mais plataformas e mais serviços além de transações financeiras ordinárias. Foi-se o tempo em que os mais jovens dominavam o digital no mundo financeiro, tampouco há apenas um segmento específico da sociedade – o que aumenta a concorrência e barateia o mercado. “O cliente está aproveitando um produto digital ágil com gerenciamento a baixo custo e que traga simplicidade no uso, facilidade no compartilhamento de informações para investimento”, entende CKT, da Huawei.
Cury, do BTG+, observa que para conquistar uma gama diversificada que digitaliza suas finanças é preciso ter clareza sobre a dicotomia humano/digital. “Há uma certa crença de que o digital é oposto ao humano, mas isso está acabando. O digital facilita para que a humanização chegue de outra maneira. As tecnologias para uso de dados, por exemplo, fazem com que os serviços financeiros se insiram melhor no contexto da população.”
Centralização do cliente é o cerne da economia digital
Em sua conclusão, CKT vê a centralização do cliente como o cerne da economia digital que contextualiza a ascensão dos neobanks e os superapps financeiros. “O superapp não é só uma estratégia de negócios ou tecnologia. É uma filosofia aberta em que tudo e todos e todos estão conectados, no qual se pode aproveitar serviços de terceiros. Para isso, há fatores como conexão — pois a economia digital inclui todo mundo: varejo, restaurante, hospital, transporte — e empoderamento. Assim, o superapp não é só um banco digital, mas, sim, uma conexão com a vida do cliente, que traz empoderamento para que desenvolva seus negócios”, entende o executivo. “Na economia digital, você tem de servir o cliente com tudo. Por isso, desenvolve um superapp centrado no cliente.”
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