Análises de mercado e pesquisas sobre comportamento geracionais são ferramentas fundamentais na busca pelo público-alvo, a fim de traçar estratégias mais assertivas no posicionamento, propósito e valores de uma marca. Bem como para compreender qual geração se identifica com cada produto ou linha de consumo. Em seu novo estudo, o bureau WGSN, autoridade em tendências de consumo, moda e design, mapeou o comportamento da chamada geração zennial, que compreende aqueles nascidos entre o final dos 1990 e o início da primeira década do século 21. Quem são eles?
COMO SURGIRAM
Moldados por uma visão de mundo marcada pela crise econômica de 2008, essa “micro-geração”, como é chamada, cresceu vendo seus pais e irmãos mais velhos (os millennials) sendo impactados pelo desemprego e insegurança. Os zennials, por sua vez, já estão no mercado de trabalho e, na verdade, não sofreram as consequências daquele período, mas herdaram o medo de que isso aconteça de novo – temor que pode se concretizar agora com a pandemia da Covid-19 afetando o mundo.
Os zennials também foram os primeiros a nascer num mundo pós 11 de setembro. Eles conhecem desde cedo o terrorismo (online e off-line), o caos político (acompanharam o Brexit, a eleição de 2016 nos EUA e as jornadas de 2013 no Brasil) gerado pelo uso irresponsável da internet, um campo que ainda busca seus limites. Enquanto muitos dos boomers, dos geração X e millennials ficam atordoados diante do cenário político dos últimos anos, os zennials encaram com mais normalidade essas situações limite, afinal nunca estiveram em outro contexto.
ATIVISMO SOCIODIGITAL
O ativismo de mídia social também faz parte da vida dos zennials. Eles cresceram lidando com o poder dos virais, da onda de fake news e do engajamento social nas redes (só pensar na campanha mais recente #BlackLivesMatter e no #MeToo há alguns anos). Novamente, por estarem acostumados a períodos turbulentos, o estudo de tendências aponta que eles têm uma inteligência emocional e social potentes, são extremamente preocupados com meio ambiente e com o chamado consumo consciente (com eles, não há chance para marcas que não tenha esses valores). Ávidos por plataformas sociais (eles nasceram no auge da internet 2.0), conhecem seu poder e sonham em construir grandes legados através de seus perfis influenciadores.
- Baby Boomers: termo para os nascidos aproximadamente entre 1946 e 1964.
O contexto político era o pós-guerra. Os Estados Unidos se consolidavam como o país mais poderoso do mundo; a Europa se reconstruía; o Brasil vivia o otimismo do 50 anos em 5 do então presidente Juscelino Kubitschek. Essa geração cresceu entre os anos 50, considerados os “anos dourados”, por sua abundância, e os anos 60, época da contracultura. Eles têm características claras: respeitam a hierarquia, acreditam numa carreira linear e sofrem de ‘carência tecnológica’.
- Geração X: nascidos aproximadamente entre 1965 e 1978.
Nascidos entre a Guerra Fria, o regime militar e o “milagre econômico”, foram influenciados fortemente por bandas de rock. Altos índices de divórcio os fizeram ter a sensação de perder as principais instituições de sua vida a qualquer momento, o que gerou uma caraterística forte de individualismo. Ainda acreditam na família, mas não no modelo de seus pais.
- Geração Y ou Millennials: nascidos aproximadamente entre 1979 e 1993.
No Brasil, eles nasceram na reabertura política, cresceram na caótica década de 80 e já estavam no mercado de trabalho quando veio a crise econômica mundial em 2008. Isso gerou muito impacto em suas carreiras, com excesso de trabalho e remuneração não-compatível. Provavelmente por isso acabaram treinados para serem mais flexíveis e desenvolveram uma forte preocupação com o bem-estar do corpo e da mente – foram eles que começaram a querer saber o caminho que o alimento faz até a mesa, por exemplo. A sustentabilidade ganhou força com os millennials. A diversidade e a inclusão também.
- Geração Z: nascidos aproximadamente entre 1995 e 2010.
São mais ágeis que a Y no quesito multitarefas e absorção de informação. Verdadeiros “meme thinkers” e ciberativistas, eles têm o raciocínio conduzido por imagens e querem mudar o mundo pela tecnologia e pela coletividade. São os chamados nativos digitais, com características autodidata, iconoclastas, pragmáticos e sedentos por fama. São criativos e habilidosos, têm uma intensa vida social online e dificuldade quando a interação acontece no mundo offline.