O setor de saúde vem passando por uma série de transformações graças à ascensão das healthtechs, empresas que têm desempenhado um papel crucial na democratização dos serviços de saúde, tornando a assistência médica de qualidade acessível a um número crescente de pessoas. Neste quesito, uma das principais estratégias adotadas pelas healthtechs é a telemedicina, o que possibilita que pacientes consultem médicos e especialistas à distância, trazendo mais praticidade e conforto a quem precisa.
No CONAREC 2023, o debate entre Fernando Domingues – CEO da Omni Assistência Farmacêutica, Fernando Ribeiro, Cofundador e CEO da Alinea Saúde, Fabiano Lima, VP da Unidade de Saúde do Petlove e Jakeline Guzelian, Head de Customer Experience da Memed, mediado por Nicolas Toth, Diretor Geral Brasil e América Latina da Sharecare,
ressaltou alguns desafios a serem encarados no setor de saúde e quais passos precisam ser tomados para que a saúde seja mais acessível à população.
Acesso a medicamentos e quebra de barreiras estão dentre as dificuldades enfrentadas
Para Fernando Domingues, empresas como a Omni devem ajudar a mudar a cultura dos tomadores de decisões de empresas que escolhem alguns tipos de benefícios de saúde, no sentido de convencer/educar que o plano de acesso a medicamentos é um produto tão importante quanto o plano de saúde: “O plano de saúde tradicional abrange consultas, exames, internação hospitalar, entre outros benefícios, mas não oferece nada relacionado aos medicamentos, sendo que as pessoas que voltam ao hospital são as que não conseguem aderir ao medicamento corretamente. É esse gap que estamos batendo na tecla, com CFOs e RHs”.
Jakeline Guzelian, salienta que o uso de tecnologia para consultas remotas é um problema que precisa ser superado pela comunidade médica: “Antes, os consultórios não faziam uso da tecnologia e, com a flexibilização de normas, principalmente por conta da pandemia, houve um boom da telemedicina. Com isso, a gente conseguiu atingir novos públicos e crescer exponencialmente. Agora, estamos trabalhando para fazer com que esse público permaneça. E outro desafio é fazer com que os médicos entendam a importância da tecnologia e da telemedicina, inserindo um comportamento tecnológico aos profissionais”.
Fernando Ribeiro pontua que empresas como a Alinea Saúde, algo recente no brasil, ainda são desconhecidas pela maior parte da população e, por isso, é necessário educar as pessoas sobre a categoria de empresas que ajudam a reduzir os custos corporativos de saúde. “Este desafio é fácil de ser superado, porque, uma vez que a pessoa usa a Alinea, ela volta a usar em uma frequência muito alta. Superada essa etapa, tudo se conecta”, complementa. Outro problema apontado por Fernando Ribeiro é a dificuldade de acesso aos dados dos pacientes: “Hoje, no Brasil, há hospitais de referência que continuam preenchendo prontuários à mão, e esquecem de atualizá-los, medida que atua contra os próprios pacientes”.
Já para os planos de saúde voltados aos pets, Fabiano Lima vê o credenciamento da rede como um de três principais desafios do setor, algo que os planos de saúde e odontológicos também sofreram no passado: “Muitos prestadores entendiam os planos como concorrentes e não como parceiros, mas temos conseguido superar essa resistência com contratos simplificados e a anulação de multas e penalidades, fazendo com que o índice de descredenciamento seja menor que 0,5%, e em algumas cidades há fila de espera para credenciamento”.
CONAREC 2023
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O segundo desafio apontado pelo VP é o desconhecimento do público do plano de saúde para pets: “Primeiro acham que o plano é algo inacessível, mas temos planos a partir de R$ 19,90, e ainda desconfiam de possíveis letras miúdas. Mas a Petlove não diferencia os pets por raça, idade, preexistência de doenças, entre outros fatores. Com isso, a gente tem conseguido vencer essas barreiras, junto à democratização do acesso por meio de parceiros que ajudam na distribuição de planos”.
Democratização dos serviços carece de regulamentação e desenvolvimento tecnológico
Questionados sobre necessidades que contribuiriam para alavancar empresas de saúde, os participantes levantaram pontos diversos. O CEO da Omni Assistência Farmacêutica pontuou que o acesso ao capital não é um empecilho, pois a Omni já conseguiu captar cerca de meio bilhão de reais em recursos.
“Por outro lado, há a necessidade de se trabalhar em conjunto com as PBMs [Programa de Benefício em Medicamentos – estratégia utilizada pelas farmácias que possibilitam a oferta de preços mais atrativos] e mudanças de leis em termos de ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] e SUSEP [Superintendência de Seguros Privados], para colocar a questão do plano de medicamento numa pauta tão importante quanto o plano de saúde e odontológico, porque hoje a parte de medicamentos não está 100% regulada, o que gera um grande gap quando comparamos o Brasil ao mercado americano”, comenta.
Já a Head de Customer Experience da Memed, ressalta que o conhecimento dos meios digitais poderia facilitar o acesso aos medicamentos, e que ainda falta empresas parceiras enxergarem a Memed como uma corporação que quer promover tecnologia, acesso e adesão ao tratamento do paciente. Ainda no campo tecnológico, Fernando Ribeiro diz ser necessária uma maior riqueza de dados que tramitam pelas operadoras e no tempo de processamento delas, o que agiliza o atendimento aos pacientes.
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