“Há uma briga entre indústria e varejo para ver quem consegue mais margem. É preciso uma mudança de mindet”. A afirmação é de Roberto Butrageño, diretor de varejo e e-commerce da Nielsen.
Porém, nos últimos anos os dois setores vêm se aproximando. O objetivo é um só: entender melhor a necessidade do consumidor. Para a indústria, isto significa desenvolvimento mais assertivo de produtos. Para o varejo, quer dizer o fim de estoques parados.
Para refletir sobre a colaboração dos mercados na inovação e experiência do cliente, o Retail Meeting Days montou um painel com representantes da indústria e varejo. Profissionais da Juntos Somos +, Basico.com, Rentbrella, Pepsico, KPMG e Outback falaram sobre a crescente colaboração entre varejo e indústria.
Comunicação como ferramenta de colaboração
A Juntos Somos + representa um grande exemplo de colaboração da indústria com o varejo. A companhia nasceu dentro da Votorantim e tem como sócios a Gerdau e Tigre, além de parceiros como Santander e Linx. A empresa premia lojas de materiais de construção e profissionais da obra. Os varejistas podem receber equipamentos como empilhadeiras e computadores e os profissionais que compram os produtos das participantes do Juntos Somos + têm acesso a cursos e ferramentas.
“O Programa Juntos Somos + cresceu mesmo em 2015 e 2016 (quando ainda estava dentro da Votorantim), piores anos da construção civil no Brasil”, conta Antonio Serrano, CEO da Juntos Somos. A demanda pela colaboração e a eficiência da solução fizeram o programa ganhar escala e sair da empresa-mãe para ganhar agilidade em inovação.
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A comunicação clara do varejo, parte mais conectada ao consumidor nesta equação, é um dos caminhos para fortalecer a indústria. Na Basico.com, varejista de vestuário premium, explicar ao consumidor as etapas de produção das roupas é uma forma de conectar o cliente com todas as etapas da cadeia de produção, além de adicionar valor ao produto.
“Acreditamos na inovação invisível para o cliente”, diz Daniel Cunha, sócio-fundador da Basico.com. “Fazemos um esforço muito grande para comunicar que uma camiseta branca passa por 25 etapas e cinco ou seis empresas para ser produzida”, completa. Portanto, a Basico.com contribui com o movimento de aproximação entre indústria e consumidor, que começa a entender melhor como aquele produto chega às gôndolas e e-commerces.
A indústria mais conectada ao cliente já uma realidade. A Juntos Somos + ajuda a resolver esta dor do mercado, premiando a fidelidade dos consumidores. “O varejo geralmente diz que a indústria não ajuda, mas este é um mercado que ainda tem muitos flancos abertos. A indústria 4.0 está sendo muito debatida, mas não tem nada ligado a go to market e a Juntos Somos + é esse braço de investimento das indústrias no varejo”, explica Serrano.
Inovar com pé no chão
A inovação faz parte do processo de colaboração entre varejo e indústria. Durante o evento, os painelistas distribuíram dicas para promover a inovação nas empresas, seja qual for o setor de atuação.
Para Renata Lamarco, diretora de marketing do Outback, é necessário ter pé no chão quando o assunto é a disrupção: “Inovar é repensar o formato atual e pensar em uma alternativa que tenha um propósito”.
“INOVAR É REPENSAR O FORMATO ATUAL E PENSAR EM UMA ALTERNATIVA QUE TENHA UM PROPÓSITO”
A mesma premissa é seguida pelo CEO e fundador da Rentbrella, Nathan Janovich. Ele explica que ao criar as máquinas de compartilhamento de guarda-chuva estava pensando em um problema do futuro, mas que já tinha aplicação no presente. “Você pode até resolver um problema do futuro, mas se não tiver um laço com a realidade não vai dar certo. É preciso ter clareza de quais são suas limitações”, explica Janovich.
Inovação e comunicação caminham de mãos dadas para criar a colaboração entre indústria e varejo, setores que se aproximam cada vez mais para aumentar a eficiência de seus negócios.