Com muito mais gente trabalhando em casa e usando seu próprio computador por causa da pandemia de Covid-19, foi praticamente natural que novos gadgets começassem a ser incorporadas à rotina de entregas remotas. Esse é o assunto da mais recente pesquisa da consultoria de tecnologia e inovação Creative Strategies. No estudo foram entrevistados quase mil profissionais remotos norte-americanos: eles responderam sobre as ferramentas essenciais que estão usando agora para trabalhar em projetos com os colegas. E o bom e velho e-mail não é mais o hit entre elas.
O que a pesquisa mostra é que mesmo se a empresa assina o Microsoft Office ou o Google, isso não significa que seus funcionários vão se ater a eles. Na rotina moderna de trabalho pós-pandemia, gestores e times querem escolher o software, os serviços e os aplicativos que funcionam melhor para eles. Frequentemente, essas soluções não vêm de apenas um fornecedor. Um terço dos entrevistados respondeu que usa pelo menos um aplicativo que não o e-mail em seu dia a dia. Geralmente há uma sobreposição entre Google, Zoom e Apple (com o iMessage).
DIFERENÇAS GERACIONAIS
À medida que se mergulha nos dados, surge um claro viés geracional entre o Microsoft Office e o Google Docs. Os mais jovens, abaixo dos 30, usam com muito mais frequência as ferramentas do Google (55%) do que as da Microsoft (32%). No pessoal acima dos 30, os dados invertem com 61% usando um aplicativo do Office diariamente para colaboração e apenas 30% usando um aplicativo GSuite. A leitura dos dados podem refletir uma tendência de comportamento. Profissionais das novas gerações escolhem os aplicativos que consideram melhores para eles, enquanto os mais velhos têm maior probabilidade de aceitar os aplicativos escolhidos pela companhia. Isso ajuda a explicar o domínio que o Microsoft Office possui nas empresas, especialmente as grandes.
Já a Geração Z (nascida a partir dos anos 90) deve ser, sim, a responsável por finalmente matar o e-mail, substituindo-o por ferramentas como o iMessage, da Apple, que entre os entrevistados da pesquisa norte-americana foi o melhor posicionado entre esse grupo abaixo dos 30 (no Brasil, a ferramenta é bem menos popular e perde de longe para o WhatsApp, do Facebook, que lançou a finalidade sala de vídeo no início da pandemia).
AFINAL, O E-MAIL VAI ACABAR?
De modo geral, esse talvez seja o dado mais relevante da pesquisa. Os jovens que já entraram no mercado de trabalho, mas ainda não estão no topo, começam a sedimentar uma nova maneira de se relacionar no ambiente de trabalho – e esse jeito pode não ter a ver com os velhos hábitos de quem hoje comanda os negócios. Quando os ‘Z’ chegarem às posições de liderança, o mundo corporativo provavelmente vai ter que se adaptar aos novos modos trazidos por eles.
De acordo com a consultoria norte-americana Radicat Group, haverá um aumento de cerca de 4% no tráfego de e-mails até 2024 e um crescimento de 3% no número de usuários. São dados que colaboram com a visão de Jacob Bank, diretor de gerenciamento de produtos da G-suite, do Google. Ele acredita que haverá um modelo híbrido de comunicação e colaboração. “Não vamos viver em um mundo onde todos abandonam o e-mail para se comunicar apenas por chat”, disse Jacob Bank em entrevista publicada por diversos veículos no ano passado.
“Combinar os dois – bate-papo e e-mail – permite que as conversas possam ser levadas a um local mais adequado”, disse ele. A integração dos Hangouts com o Gmail sinaliza uma ambição de longo prazo, de combinar o melhor desses dois mundos. “Significa que os usuários poderão acessar uma ferramenta do bate-papo diretamente da coluna à esquerda, sem precisar alternar para o chat de videochamadas”, disse. Bank ressalta que o chat é ótimo para alguns casos, sendo rápido, informal, e permite tomar decisões incentivando a transparência. O e-mail, por outro lado, tem uma série de pontos fortes tradicionais, que se complementam a funcionalidade de seu maior concorrente. É esperar para ver.