O setor de comércio deve contratar 209 mil trabalhadores temporários, frente aos 233 mil contratados em 2013, segundo levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nas 27 capitais do País.
Na média, cada empresa deve contratar até o fim do ano entre três e quatro trabalhadores para reforçar seu quadro de funcionários.
O cenário incerto pode ser o motivo para a cautela. Aumentou o número de empresas que ainda esperam um sinal positivo do mercado para contratar: elas eram 20% em 2013 e passaram para 28% em 2014.
“O cenário de compasso de espera se dá por conta dos fracos indicadores econômicos. Temos observado sucessivas pioras no desempenho do comércio e da indústria, com reflexos significativos no emprego e na confiança de consumidores e empresários. Em meio às incertezas no campo da economia, os empresários parecem postergar ao máximo suas decisões”, disse, em nota, a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Para ela, a elevação do percentual de contratações tardias sinaliza que o empresariado está cauteloso, esperando até o último momento para investir em mão de obra temporária, a fim de evitar prejuízos e gastos desnecessários com a folha de pagamento.
Segundo a pesquisa, 53% dos empresários dos setores do comércio e de serviços já contratou ou pretende contratar trabalhadores temporários neste fim de ano.
Outro número pouco otimista é a quantidade de empresários que não pretendem aumentar o número de contratações temporários neste ano, frente a 2013: 70% deles não têm essa pretensão.
A intenção de efetivação dos temporários também apresentou queda. Em 2013, 52% das empresas pretendiam fazer pelo menos uma efetivação após o término do contrato dos temporários; este ano, o percentual passa a ser de 32%.
Com isso, cai também o volume de remuneração: 51% das empresas que fazem uso da mão de obra temporária planeja pagar um salário mínimo (R$ 724,00) aos contratados. O salário médio do trabalhador temporário em 2014 deve ser de R$ 935,54.
Ao todo, 35% das contratações devem estar atreladas ao pagamento de comissões. E 60% dos novos funcionários deve ser remunerada somente por meio dos salários e em alguns casos, também com benefícios como ticket refeição e vale transporte. Além disso, duas em cada dez (19%) contratações devem ser informais, ou seja, sem carteira assinada.
Parte das quedas de perspectivas de contratação deve-se ao quadro não tão otimista para as vendas de fim de ano. Segundo a pesquisa, o número de empresários que acreditam em vendas superiores às registradas em 2013 caiu de 55% para 46%, entre 2013 e este ano.
Apesar disso, o percentual de pessimistas caiu de 12% para 6%. E o número daqueles que projetam vendas no mesmo patamar do ano passado passou de 28% para 42%.
Leia mais
Empresário do comércio em SP segue pessimista