A pandemia do covid-19 resultou no fechamento de locais públicos, caso de teatros e cinemas. Na Alemanha, esses espaços começam a reabrir suas portas mas sob algumas condições sanitárias: oferta de álcool gel, o uso obrigatório de máscara e um distanciamento de 1,5 metros em lugares públicos – algo como um assento de diferença. Mas será que essas medidas serão suficientes para devolver o consumidor ao cinema?
Na China, há uma startup que promete levar o cinema para dentro de casa, mais especificamente para a tela de um smartphone ou tablets. E o melhor: tudo de maneira legal.
Cinema em casa
A Smart Cinema é uma plataforma de vídeos por streaming chinesa especializada em oferecer filmes que estão em exibição no cinema. Ela trabalha como uma lógica diferente dos atuais streaming. Normalmente, esse tipo de plataforma precisa aguardar a “janela” – um período que varia de semanas a meses após a estreia dos filmes – para transmitir novos filmes. Embora o Netflix, por exemplo, produza muitos seus filmes ou séries, ela também está sujeita a esse modelo.
Já a startup atua de forma diferente. Ela é licenciada para lançar filmes simultaneamente com estreias no cinema por meio de uma cobrança de uma espécie de bilhete virtual, um e-tiquete, que compensaria a ida de uma pessoa a uma sala de cinema. Nesse modelo, a startup pagaria uma fração generosa do bilhete para a produtora e, claro, receberia a sua parte por ser dona da plataforma.
Filmes chineses
Por ora, não é possível afirmar que a Smart Cinema seria um concorrente de peso para uma Cinemark. A startup oferece apenas filmes chineses em países onde a penetração nas salas de cinema é pequena ou quase zero.
É o caso dos Estados Unidos. Por lá, o grande de lançamentos de Hollywood praticamente inviabiliza a entrada de filmes chineses nas salas de cinema americanas. Pior: há a concorrência de outros países de língua inglesa, latina, entre outros.
Ao menos por enquanto, a entrada no mercado americano tem dados bons resultados. Segundo o periódico chinês China Daily, desde que a versão norte-americana do Smart Cinema foi lançada em novembro, o aplicativo foi instalado em 160 mil dispositivos e já exibiu 69 filmes lançados na China, superando assim o número total de filmes chineses exibidos nos cinemas dos EUA entre 2018 e 2019.
“O Smart Cinema pode evitar as barreiras de distribuição estabelecidas pelos gigantes de Hollywood. Com um smartphone ou um iPad, os chineses estrangeiros podem assistir aos filmes mais recentes em sua língua materna”, diz Jack Gao, fundador da startup em entrevista ao China Daily.
Pandemia e novos mercados
Gao tem planos ousados para a plataforma em meio a pandemia. Em 9 de maio, a startup lançou a versão mais recente do Smart Cinema, chamada Smart Cinema V3.0, atraindo cerca de 2,25 milhões de espectadores. Segundo o fundador da startup, a Smart Cinema se comprometeria a fornecer suporte tecnológico a todos os cinemas do mundo para ajudá-los a lançar filmes on-line, se necessário.
Além disso, o radar da companhia continua sendo o mercado americano. Na semana passada, ele distribuiu gratuitamente US$ 100 mil em e-tíquetes de cinema para milhares de estudantes e residentes chineses na América do Norte. A ideia seria estimular o uso da plataforma.
Além disso, o Smart Cinema também estará disponível na Coréia do Sul em junho, com 10 filmes chineses entre o primeiro lote de conteúdo a ser lançado lá.