A forma como a Inteligência Artificial (IA) está impactando diversos setores, produtos e serviços ao redor do mundo tem sido um dos temas mais quentes da atualidade. Especulações se a IA irá substituir ou não postos de trabalho estão agora tomando rumo para uma análise mais realista sobre o fato de que a IA pode ser uma excelente ferramenta para auxiliar nossas capacidades e, sim, substituir algumas tarefas, mas, sobretudo, ela irá trazer muito mais agilidade para que desempenhemos nossos papéis com maior eficiência.
Entretanto, estaria essa tecnologia caminhando a ponto de substituir uma liderança dentro de uma organização? Acredito que não. Mas certamente ela será muito mais utilizada pelas lideranças que buscam na inovação um apoio estratégico para melhores análises e resultados de negócios. Uma pesquisa recente realizada pela edX Enterprise, “Navegando o ambiente de trabalho na era da IA”, revela que a inteligência artificial já está remodelando, e intensamente, o trabalho em todos os níveis das organizações nos Estados Unidos.
Juntamente com a empresa de pesquisa Workplace Intelligence, a edX entrevistou centenas de executivos nos EUA, incluindo mais de 500 CEOs, para entender como esses profissionais estão se preparando para os avanços da IA. Os resultados trazem opiniões diversas acerca do ritmo e o impacto da IA e da automação sobre suas empresas, empregos e progressão de carreira.
CEOs e sua relação com IA
Entre as principais descobertas da pesquisa, uma chama a atenção: 49% dos CEOs entrevistados acreditam que “a maioria” ou “todo” seu trabalho deve ser completamente automatizado ou substituído por IA.
Por outro lado, 77% dos entrevistados que estão no C-Level dizem que a IA “atrapalha sua estratégia de negócios”. Já a grande maioria (87%) diz que está lutando para encontrar talentos com habilidades de IA para suas organizações.
A pesquisa também traz insights interessantes. Para os líderes, a IA substituirá muitas funções em sua organização, mas os seus funcionários não percebem o quanto serão afetados. Apenas 20% dos trabalhadores acham que “a maioria” ou “toda” sua função poderia ser substituída por IA.
Nesse cenário, a pesquisa aponta que 79% dos entrevistados temem que se não aprenderem a usar IA não estarão preparados para o futuro do trabalho. De fato, a proficiência em IA pode proporcionar um impulso considerável na carreira e a maioria dos executivos acredita que os trabalhadores que são qualificados no uso de IA deveriam ser bem mais pagos (82%) e promovidos com mais frequência (74%).
Surpreendentemente, o C-Level nos EUA não se importa se os funcionários de usa empresa utilizam a IA para trabalhar para outra empresa. A pesquisa mostra que 82% concordam que seus funcionários deveriam ter permissão para usar a IA para trabalhar em vários empregos.
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Aprendizado e desenvolvimento em IA são pontos sensíveis para as organizações
Outro dado interessante da pesquisa aponta que os programas de aprendizagem das empresas não estão acompanhando o desenvolvimento da IA: 47% de sua força de trabalho não está preparada para o futuro do trabalho. Apenas 24% dos trabalhadores pesquisados estão usando programas de sua empresa para aprender habilidades de IA, e 39% dizem que é provável que no próximo ano busque um novo emprego que ofereça melhores oportunidades de aprendizado e desenvolvimento em IA.
Os executivos também estimam que quase metade (49%) das habilidades que possuem hoje como sua força de trabalho não serão relevantes em 2025. Entretanto, 72% dos C-Levels acreditam que sua empresa deve aumentar seus investimentos em programas de aprendizagem e desenvolvimento focados em IA nos próximos dois anos.
“Com mais empresas avançando a toda velocidade em direção a uma organização orientada por IA, os líderes são confrontados com uma decisão importante: abraçar a IA ou ser deixado para trás”, disse Andy Morgan, chefe da edX for Business.
“Embora a maioria dos C-Levels reconheça que a IA pode beneficiar seus negócios, os líderes experientes sabem que a IA também pode apoiá-los em suas próprias funções”, acrescentou Dan Schawbel, sócio-gerente da Workplace Intelligence. “Os executivos que tomarem medidas para se tornarem proficientes com IA estarão mais bem preparados para tomar decisões que posicionarão suas empresas no caminho do sucesso num cenário de negócios em constante evolução”, completa Schawbel.
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IA passa a ser “um fator a mais” para todos os níveis de colaboradores
Em resumo, a pesquisa deixa claro como a IA está transformando a relação das lideranças com o trabalho e como ela afeta suas estratégias sobre o futuro de sua equipe e de seus negócios. Se hoje muitas empresas no Brasil ainda lidam com desafios básicos em sua força de trabalho, paralelo a esse cenário, existe uma tecnologia em evolução acelerada que já está remodelando áreas e equipes ao redor do mundo e colocando e alerta as lideranças.
A maioria dos líderes no Brasil tem a consciência dessa importância. A última pesquisa da IBM sobre o tema revelou que 41% das empresas brasileiras já implementaram ativamente a IA em seus negócios. O Gartner também aponta que 79% dos executivos de estratégias já percebem a IA como essencial para seu sucesso nos próximos dois anos.
Enfim, liderar e desenvolver novas habilidades sobre o entendimento e aplicação da IA para a carreira e negócios deve estar na pauta para todos os profissionais e organizações de agora em diante. Mesmo com os desafios dessa jornada e pela busca de resultados no curto/médio prazo, a IA passa a ser “um fator a mais” para todos os níveis de colaboradores de uma organização. Já entender melhor como nos relacionamos com uma nova tecnologia e suas implicações no nosso dia a dia, e como ela está impactando o mercado de trabalho e como poderá auxiliar executivos e empresas a gerar resultados melhores seguirá sendo – por enquanto – trabalho para nós, humanos.
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