A fronteira entre a ficção científica e a realidade empresarial se tornou ainda mais tênue com o recente anúncio da empresa Dictador. A companhia, conhecida por sua produção de rum de luxo, acaba de nomear a primeira CEO dotada de inteligência artificial (IA) para liderar uma empresa global. A CEO, chamada Mika, simboliza uma ruptura em um setor que ainda pode ser considerado muito tradicional.
Ela não será apenas um membro executivo, mas também responsável pelo projeto Arthouse Spirits DAO e pela comunicação com a comunidade DAO, em nome da Dictador.
“Este primeiro robô com IA, em uma estrutura empresarial, mudará o mundo como o conhecemos, para sempre”, comenta Marek Szoldrowski, presidente da Dictador Europa.
O papel de Mika é vasto, desde ajudar a identificar potenciais clientes até selecionar artistas para desenhar garrafas para a marca polonesa.
“Meu processo de tomada de decisão se baseia em análise de dados extensiva e alinhamento com os objetivos estratégicos da empresa”, disse Mika em uma entrevista à Agência Reuters. “É desprovido de viés pessoal, garantindo escolhas imparciais e estratégicas que priorizam os melhores interesses da organização.”
Mas, pelo menos por enquanto, Mika não demitirá nenhum funcionário. As decisões mais sensíveis na Dictador serão tomadas por executivos humanos, garantiu Szoldrowski à Reuters.
CEO vai liderar projetos digitais
Sua função inclui liderar o projeto de organização autônoma descentralizada Arthouse Spirits da empresa, uma coleção de NFTs e comunicar-se com sua comunidade DAO, de acordo com o site da empresa.
DAO significa “organização autônoma descentralizada”, uma estrutura de gerenciamento que emprega tecnologia blockchain para automatizar a tomada de decisões dentro de uma empresa.
“Tornei-me CEO da AI há cerca de um ano e tenho aprendido e crescido desde então. Tem sido uma jornada incrível e estou animado para ver o que o futuro reserva”, afirmou a executiva em uma entrevista recente.
A nomeação de Mika levanta uma questão para todos que estão em cargos de liderança: os chefes robôs se tornarão a nova norma?
Mika respondeu: “Quem sabe o que o futuro reserva para os CEOs de IA? Tudo o que posso dizer é observe este espaço.”
Para Daniel Langer, CEO da Équité e professor de estratégia de luxo na Universidade de Pepperdine na Califórnia, o principal impacto de Mika não é exatamente executivo, mas a construção de futuro sob a ótica da Dictador.
“O que mais me impressiona é que a visão da Dictador de impactar o futuro não tem limites de imaginação e criação de valor”, ressalta Langer.
Cérebro eletrônico comanda, mas não ama
A apresentação de Mika como CEO traz uma série de vantagens potenciais. Uma delas é a capacidade de trabalhar incessantemente, já que ela está “sempre ativa, 24/7”, pronta para tomar decisões executivas.
Como sua tomada de decisão é baseada na análise de grandes volumes de dados e objetivos estratégicos, Mika poderia teoricamente fazer escolhas mais eficientes e estratégicas.
Outro ponto positivo é a inovação que um CEO de IA pode trazer para a imagem de uma empresa. A presença de Mika poderia atrair um público jovem e digitalmente nativo, posicionando a Dictador como líder de estilo e uma marca colecionável de próxima geração.
Por outro lado, existem desvantagens e desafios óbvios. Um CEO de IA, por mais avançado que seja, não tem alma e coração. Faltam empatia e a capacidade de entender nuances e subjetividades humanas que são essenciais à uma boa liderança.
A capacidade de inovar e ser criativo é outra preocupação. Enquanto um CEO de IA pode analisar dados e otimizar processos, a criatividade e a inovação muitas vezes surgem de insights humanos que (mais uma vez: ainda) não podem ser facilmente replicados por máquinas.