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No centro de inovação da BRF, um olhar sobre o futuro da embalagem

No centro de inovação da BRF, um olhar sobre o futuro da embalagem

A embalagem está no centro do debate sobre a venda de alimentos frescos pela internet. Para falar sobre o assunto, a CM bateu um papo com Fábio Bagnara, da BRF

Comprar um livro ou mesmo uma roupa pela internet se tornou um hábito comum nos grandes centros urbanos. No entanto, a venda de alimentos, especialmente os frescos e perecíveis, ainda representa um tabu dentro do universo do e-commerce pelos mais variados motivos. Há muitos consumidores que resistem à ideia de adquirir um produto fresco pela internet, justamente porque não sabem o que receberão em casa. Mas como garantir a vida longa de um alimento?

Hoje, há um sério problema de desperdício de alimento. Estima-se que um terço desses produtos vá parar no lixo pelos mais variados motivos – e um deles é a deterioração da comida que ocorre no intervalo entre o produtor e o consumidor final. A indústria está preocupada com o tema e tem atuado em duas frentes quando o assunto é conservação: a adição de ingredientes que prolonguem o tempo de vida do produto e a criação de embalagens que represem o contato do alimento com o oxigênio – o principal oxidante desses produtos.

A Consumidor Moderno visitou o Centro de Inovação da BRF, em Jundiaí, e conversou sobre o assunto com Fábio Bagnara, gerente executivo de pesquisa e desenvolvimento da BRF. Ele explicou que há técnica pouco utilizada no País, mas com ótimos resultados: a irradiação, um processo que utiliza uma dose controlada de radiação (e não nociva à saúde humana) em alimentos para eliminar microorganismos.

O uso de radiação não é novo dentro da indústria de alimento. Hoje, cerca de 50 países já utilizam essa técnica, incluindo o Brasil. Aliás, a irradiação está prevista no Brasil em duas leis, sendo que uma delas autoriza o uso da irradiação qualquer alimento. A técnica, no entanto, tem um custo alto e há certo preconceito com essa conservação. Hoje, essa técnica é mais comum dentro da linha de produtos personal care – produtos de higiene ou limpeza. Temperos também utilizam essa técnica.

A seguir, veja o bate-papo sobre o assunto com Bagnara.

Consumidor Moderno – Quais as novidades quando o assunto é a embalagem de alimentos?

Fábio Bagnara – Sobre presunto especificamente, é claro que a embalagem é um fator importante na conservação dele. É importante que a embalagem dele tenha uma barreira ao oxigênio, que é gás que acaba causando o problema do produto estragar ou do produto mudar de cor.

Então, com o presunto, trabalhamos com um filme plástico que proteja ele do contato do oxigênio. Hoje, os filmes plásticos que compramos são misturas de materiais. Normalmente você precisa de polietileno (plástico) para fazer a solda do alimento, mas ele não é o único. Há alguns outros materiais presentes que criam uma barreira ao oxigênio.

A gente imagina que no futuro essa embalagem será monomaterial, que são materiais mais fáceis de reciclar ou que podem ser usados para outra finalidade. Eles virão em substituição ao material usado hoje. A embalagem de hoje é reciclável, mas ele poderia ter uma “reciclabilidade” mais nobre. O ideal é que essa embalagem volte a ser uma resina, que é o material de origem da embalagem.

Hoje, esse material se transforma em uma corda, cerda de escovas de limpeza, esponjas, entre outras coisas similares. O ideal é que seja transformado no material de primeiro uso.

 

Crédito: BRF/ divulgação

 

CM – O e-commerce está se transformando em um dos principais canais de transação. No entanto, a venda de alimentos frescos e/ou perecíveis ainda não avançou com o consumidor. Onde o avanço da tecnologia das embalagens pode ajudar o comércio virtual?

Bagnara – Imaginamos que esse canal deverá crescer utilizando a rede logística que já existe, que, por sinal, não é uma rede com temperatura controlada. Mas o que isso quer dizer? Sabemos que no Nordeste do Brasil, por exemplo, a temperatura atinge facilmente a casa dos 40 graus. Agora, pense na temperatura dentro de um caminhão. Os produtos alimentícios sofrem bastante com a alta temperatura. Então, claro, não só a embalagem. Trata-se de todo um processo para a produção desses itens, que deverá atender requisitos para a conservação de alimentos que considerem essa alta temperatura.

E aí refletimos sobre os materiais que dispomos hoje para isso. O curioso é que estamos falando de produtos que o consumidor já conhece, como é o caso da lata. Podemos realizar uma melhoria nos processos para que o produto enlatado chegue ao consumidor com as mesmas características de um produto fresco. Esse é o grande desafio. Hoje todo o produto enlatado tem um sabor que lembra um pouco a sardinha ou pescado pela característica do processo.

 

CM – A lata é um produto conhecido, mas existe alguma técnica ou tecnologia emergente e ainda não empregada no País?

Bagnara – Há tecnologias cercadas por um preconceito muito grande, pelo simples fato de terem sido pouco estudada para alimentos. É o caso da irradiação, por exemplo. É uma tecnologia que tem um potencial, mas que ainda se questiona muito o uso de radiação em alimentos. Ele pode ser usado em outros produtos da linha personal care. Mas, para alimentos, há restrição.

 

CM – Quais alimentos já usam irradiação?

Bagnara – Na China, a irradiação é usada em um pé de frango – alimento muito apreciado na culinária do país asiático. Ele é conservado em temperatura ambiente e usa irradiação, inclusive citado na embalagem. Veja: não é um produto resfriado. Ele é cozido, embalado e depois irradiado e ele se conserva na embalagem por pelo menos dois anos.

 

CM – Mas qual o “porém” para uso da irradiação?

Bagnara – As pessoas que questionam a técnica se baseiam no fato que você não elimina 100% dos microorganismos que estão ali dentro. Você reduz a uma quantidade insignificante, mas como não elimina 100%, há certo risco de que alguns microorganismos que estejam ali sejam modificado geneticamente pela irradiação. Isso ocorre pela conhecida capacidade da radiação mudar o DNA de seres vivos, e isso pode resultar no desenvolvimento, por exemplo, de uma super bactéria.

 

CM – Peguemos o exemplo do pé de frango. E se usássemos uma dessas bandejas de plástico enroladas em um plástico transparente. Quanto tempo duraria o mesmo pé de frango?

Bagnara – In natura? Dura até 3 a 4 dias resfriado. Ele passaria a dois anos se tratado com essa tecnologia.

CM – O senhor citou as vantagens da lata. Por que ele não é amplamente difundido?

Bagnara – De fato, a melhor embalagem é a lata, que é um produto capaz de aguentar de 3 a 4 anos. Mas temos alguns problemas. Ela é uma embalagem mais pesada, cara e ocupa bastante espaço no lixo.

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