A proporção de famílias paulistas endividadas subiu pelo terceiro mês consecutivo. Isso demonstra que o consumidor ainda está com dificuldades para equilibrar seu orçamento, em razão do cenário econômico atual, com o aumento do desemprego, dos juros e da inflação.
De acordo com levantamento da FecomercioSP, em setembro, a parcela de famílias endividadas apresentou alta de 0,2 ponto porcentual (p.p.) em relação a agosto, visto que 51,7% das famílias paulistanas afirmaram ter algum tipo de dívida.
No entanto, na comparação anual, quando 54,7% das famílias estavam endividadas, observa-se uma queda de 3 p.p.. Em números absolutos, o total de famílias endividadas passou de 1,980 milhão em agosto para 1,988 milhão em setembro, sendo que em setembro de 2015, esse número era de 1,961 milhão.
Segundo o estudo, o endividamento continua maior entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, onde 55,8% disseram ter algum tipo de dívida em setembro. Houve alta de 0,9 ponto porcentual em relação ao mês anterior. Por outro lado, entre as famílias que ganham mais de dez salários mínimos, a proporção de endividados foi de 39,8%, retração de 1,6 p.p. na mesma base de comparação. Para a assessoria econômica da Federação, as famílias de renda mais baixa sentem mais fortemente o impacto do aumento dos preços dos produtos de necessidades básicas, como do grupo de alimentos.
No grupo dos consumidores endividados, 35,9% comprometem sua renda por mais de um ano com as dívidas; 24,7% até três meses; 19,9% de três a seis meses; e 17,2% comprometem sua renda entre seis meses e um ano.
Quando perguntados sobre o tipo de dívida, o cartão de crédito aparece como o maior protagonista do cenário de endividamento e foi utilizado por 72,6% dos devedores em setembro, registrando alta de 1,3 p.p. em relação a agosto. De acordo com a assessoria econômica da Entidade, isso se deve a um conjunto de fatores que contribuem para a sua maior utilização. Com a alta da inflação corroendo o poder de compra das famílias, pesando principalmente sobre alimentos e itens não financiáveis, a renda disponível no mês fica cada vez mais comprometida. Com isso as famílias buscam no parcelamento do cartão uma via de financiamento para compra de itens adicionais.
Em seguida aparecem: o financiamento de carro (14,2%), carnês (13,4%), crédito pessoal (11,9%), financiamento de casa (10,9%) e cheque especial (8,6%). O destaque do mês ficou por conta do item Carnês, que apresentou queda acentuada de 2,9 p.p. em relação ao mês de agosto.
Inadimplência
19,9% das famílias paulistanas afirmaram estar com contas em atraso, em setembro. Isso demonstra estabilidade em relação ao mês anterior e mantendo-se no maior patamar desde maio de 2012 quando 21,5% das famílias estavam nessa situação. Na comparação com setembro de 2015, houve uma alta de 3 p.p.. Em números absolutos, o total de famílias com contas atrasadas passou de 766 mil em agosto para 765 mil em setembro, sendo que no mesmo mês de 2015, esse número era de 605 mil, apresentando alta, ano a ano, de 160 mil famílias.
Sobre o tempo da dívida, das famílias com contas em atraso, 49,6% têm contas vencidas a mais de 90 dias; 25,1% têm contas atrasadas entre 30 e 90 dias; enquanto que 24,7% do total de famílias estão com dívidas atrasadas por até 30 dias.
O levantamento da FecomercioSP mostra que a inadimplência também segue mais elevada nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 25,2% estão com contas atrasadas, alta de 0,8 p.p. na comparação com agosto de 2015. Já entre as famílias com renda superior a dez salários, 7,6% disseram estar com débitos atrasados, queda de 1,7 p.p..
Para a Entidade, o alto nível das famílias com contas em atraso, na comparação com setembro de 2015, demonstra que o agravamento da crise econômica atual pressionou fortemente o orçamento das famílias, que não conseguiram arcar com o pagamento das dívidas contraídas anteriormente, aumentando a inadimplência em relação ao mesmo período do ano passado.