O Grupo Carrefour anunciou nesta segunda-feira (1º) o movimento Act for Food, uma ação mundial do grupo e parte do seu plano de transformação global ‘Carrefour 2022’, que reúne uma série de ações para democratizar o acesso a alimentos de qualidade a um custo acessível. O investimento total nas ações que sustentarão o movimento deve ultrapassar os 10 milhões de euros. Recentemente o grupo anunciou que destinará R$1,8 bilhão ao Brasil ao longo de 2019. “Sem investimentos não se cria empregos, as empresas precisam fazer a sua parte e investir no País”, declarou à imprensa Noël Prioux, CEO do Grupo Carrefour Brasil, durante evento de lançamento do Act for Food, em sua unidade do Jardim Pamplona Shopping, em São Paulo.
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A principal iniciativa do Act for Food está na chamada transição alimentar. A proposta é oferecer cada vez mais variedade de produtos orgânicos e saudáveis com preços acessíveis. “Varejistas e atacarejos juntos podem mudar para esse mundo mais saudável, e o grupo Carrefour decidiu ser o líder dessa transição”, disse Noël. Concomitantemente, o grupo investirá fortemente em ações de comunicação e informação ao consumidor sobre o tema e na relação com os pequenos produtores. O plano prevê dobrar até 2022 o número de fornecedores locais – a cerca de 50 km das lojas – e que utilizem métodos que sejam o mais sustentáveis possíveis. “Devemos perceber que o planeta está em perigo e devemos agir antes que seja tarde demais”, alertou Prioux. “Isso não é só negócio. Está no DNA do Carrefour oferecer produtos de qualidade. Esse é o nosso compromisso”, completa.
Noël explica que o grupo já tem um posicionamento mundial de que ‘todos merecem o melhor’ e as ações para que todos acessem produtos saudáveis a preço justo, ”seja quem tem poder aquisitivo ou não”, diz, vai de encontro a esse posicionamento. O Grupo argumenta que estamos [sociedade] em uma época em que os métodos de produção intensiva atingiram seus limites, a qualidade dos alimentos tornou-se um problema global e são cada vez claros os indicadores de que essa dieta e os hábitos estão impactando as mudanças climáticas, o meio ambiente e a saúde das pessoas.
O CEO reforça sobre a necessidade de agir, lembrando dos problemas da fome mundial, do desmatamento e da poluição causada pelo plástico. “Em apenas 10 meses o desmatamento da Amazônia perdeu o equivalente a 200 mil campos de futebol. Em 70 anos – e 70 anos não é nada – teremos mais plástico que peixe nos oceanos. Isso não é um tema só do Brasil, mas de todos”, discursou, enfatizando também que “há mais de 800 milhões de pessoas passando fome no mundo, enquanto outros dois 2 bilhões têm sobrepeso e obesidade. É um mundo desigual e por isso estamos aqui para fazer algo”.
Ações de ponta a ponta
Com a meta de dobrar a oferta de orgânicos e produtos mais saudáveis em suas prateleiras até 2020 (de cerca de 650 para perto de 1.500 opções), as ações previstas pelo movimento Act for Food começam desde o produtor. O Grupo quer atuar mais próximos dos pequenos produtores, o que vai atingir até mesmo o supply chain da rede, que passará por adequações para ajudar na logística de entrega, e ainda auxiliando os pequenos em suas dificuldades de produção, trazendo soluções que tiveram resultado positivo em outras regiões do mundo, a partir de troca de experiências globais a que o Grupo tem acesso. “Se podemos produzir de outra maneira, mais saudável, vamos fazer concretamente. O nosso compromisso cage-free, que garante que todos os ovos sejam de origem de produção de animais livres de gaiola, surgiu de uma experiência com produtores europeus e replicamos no Brasil”, contou ele.
“Nem tudo no mundo será orgânico, mas vemos um amanhã com uma produção com menos químicos e produtos mais naturais”, diz. Hoje, Noël destaca que os produtos orgânicos são, em média, 25% mais caros e o objetivo é que essa diferença seja reduzida para 15%. Entre as iniciativas para se chegar a essa redução será diminuir a margem de lucro da rede, explicou Noël. “Ao final, vamos vender mais e compensamos no volume”.
Após o lançamento do programa de Produção Sustentável de Bezerros com produtores no estado de Mato Grosso, o Grupo agora terá uma iniciativa com foco nos peixes de rio. Em parceria com ONGs ou outras instituições ligadas ao meio-ambiente, o Carrefour quer saber de que forma sua comercialização de peixes afeta esse ecossistema de modo a criar ações para mitigar esse impacto. “Há que agir de maneira forte e abrir esse caminho. Essa é a razão pela qual o Carrefour decidiu agir neste momento. Mostrar que temos respostas concretas”, enfatizou.
O consumidor no centro das decisões
Em linha com o novo perfil do consumidor, que valoriza a transparência, a sustentabilidade, o bem-estar e o ativismo das marcas, todas as iniciativas do grupo passarão também por um processo de comunicação direta com seus clientes. “Vamos medir qual exatamente é a situação para agir. Se consideramos a venda de uma categoria de peixe gera algum tipo de problema ao ecossistema, o Carrefour vai ser o primeiro a não vender esse peixe e explicar ao consumidor o porquê. O Carrefour não quer mais impactar o planeta”, declarou.
O Grupo quer ainda valorizar os produtos típicos brasileiros. “Essa é uma força do Brasil. É um tesouro”, diz Noël. E também os produtos da marca própria Carrefour. “Vamos acelerar o processo de produção de nossa marca própria com mais saúde. Por isso, vamos tirar alguns ingredientes que não são bons para a saúde dos nossos clientes. A lei permite usá-los, mas o Carrefour decidiu não usá-los. Se não são bons para a Europa, não são bons para os brasileiros”, explicou o CEO.
Além dos produtos de qualidade a um preço acessível e as ações de educação e informação aos seus mais de 100 milhões de clientes nos mais de 12 mil pontos de venda espalhados por 30 países, o Grupo Carrefour Brasil especificamente também reforçará seu pilar da experiência do cliente, reforçando as ações de ominicalidade da rede. “Para o cliente comprar produtos de qualidade onde e como preferir”, afirma Prioux. O sistema de ‘clique e retire de carro’, por exemplo, será expandido para 10 pontos no estado de São Paulo até o fim deste ano.
O Programa Único, que comercializa com desconto de até 30% os alimentos fora do padrão, que não estão ‘perfeitos’, também será ampliado para 45 lojas da rede, assim como a seção Espaço Saudável para todas as lojas da rede no País em 2019. Todos esses movimento miram em fortalecer importante elo de confiança com o consumidor, sobretudo na direção da “saudabilidade democrática”.