O Grupo Carrefour Brasil abre em junho o primeiro ciclo de editais de estímulo a equidade racial. Com foco no fortalecimento de organizações e coletivos, o grupo quer participar e engajar a sociedade no esforço nacional de reparo histórico (e corrente) com o fomento do empreendedorismo negro e combate ao racismo.
Em seu site, o Carrefour diz que a ação faz parte dos compromissos firmados com o Brasil desde o ato inexplicável de violência que tirou a vida de João Alberto, um homem negro, em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre.
“Com a participação da sociedade, temos aprendido valiosas lições sobre a questão do racismo no Brasil, seus reflexos e consequências”, explica Lucio Vicente, diretor de sustentabilidade do Carrefour. “Estamos realizando as mudanças internas necessárias para promover a igualdade, e entendemos que é essencial fomentar movimentos que já trabalham para o desenvolvimento da comunidade negra e que estão nessa luta há bastante tempo. Estamos dando as mãos a todos para poder mudar essa realidade.”
Ao todo, são três editais criados para um total de 40 organizações e coletivos das cinco regiões do Brasil. Os investimentos serão direcionados a educação, empregabilidade e empreendedorismo. Todos os editais são para a população negra e desenvolvidos com apoio da KLID, consultoria que ajuda organizações interessadas em apoiar causas sociais.
Neste primeiro ciclo, o total de investimentos chega a R$ 2 milhões, sendo os recursos direcionados durante um ano com possibilidade de extensão do projeto, a depender de avaliação.
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Fortalecimento da luta de combate ao racismo
O primeiro edital aberto tem como objetivo apoiar iniciativas de combate ao racismo e à discriminação, por meio do investimento em projetos e ações de coletivos e organizações da sociedade civil voltados a esta causa.
Para isso, serão selecionadas dez organizações que receberão, cada uma, R$ 30 mil para desenvolver campanhas de conscientização de combate ao racismo, criação de conteúdo antirracista e projetos de cunho antirracistas e de valorização da identidade e da cultura negra por até 12 meses. O investimento neste edital é de R$ 300 mil.
Apoio a grupos que trabalham com a questão racial
O segundo edital é voltado ao apoio e fortalecimento institucional de organizações e coletivos negros da sociedade civil, que desenvolvem e implementam iniciativas ligadas à temática racial, com foco na população negra.
O investimento será de R$ 975 mil e terá duração de 12 meses — podendo se estender por igual período. Serão selecionadas quinze organizações que receberão R$ 65 mil cada uma. Os recursos podem ser direcionados ao aprimoramento da estratégia, métodos e processos de gestão, das atividades de comunicação e divulgação institucional e despesas regulares de funcionamento da organização.
Protagonismo para empreendedores negros
O terceiro edital é voltado ao empreendedorismo negro. Com essa frente de investimento, o Carrefour busca apoiar coletivos, aceleradoras, incubadoras e instituições sem fins lucrativos que atuem no fortalecimento e expansão do empreendedorismo negro.
Ao todo, serão selecionadas quinze organizações, que receberão um total de R$ 750 mil (R$ 50 mil cada). Os recursos serão investidos em atividades de capacitação, formação e mentoria direcionadas para pequenos e microempreendedores negros. O valor também pode ser usado para estruturar serviço de consultoria e para a facilitação da distribuição de tecnologias, ferramentas e processos, bem como na disponibilização de microcrédito e na contribuição à pesquisa e inovação que fortaleça a recuperação econômica de negócios de empreendedores negros.
Antirracismo
Desde o acontecimento em Porto Alegre, o Carrefour vem fortalecendo suas políticas internas voltadas à diversidade, com treinamentos e um processo de internalização da equipe de segurança de suas lojas. Segundo o grupo, essa equipe terá um perfil de atendimento mais acolhedor ao cliente.
Para o mercado, em 28 de abril, durante um fórum com mais de 10 mil fornecedores, o Carrefour anunciou a inclusão de uma cláusula nos contratos da empresa com todos os fornecedores, que demanda que qualquer empresa que tenha relação com o grupo tenha medidas de combate ao racismo, com tolerância zero para aquelas que vierem a ter casos de racismo confirmados.
Segundo o grupo, todas as ações contam com a chancela do Comitê Externo independente de membros especialistas em diversidade, inclusão e líderes de movimentos negros, e que tem apoiado a empresa na luta antirracista.
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